Part two - I'd like to know You

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Naveguei novamente naquele sono que por muito tempo me foi tomado. De certo me fez muito bem ficar dopado, um tempo para desancar, talvez eu devesse começar a aplicar injeções de olanzapina em mim todas as noites, para imergir em um sono ilustre. Mas uma coisa ainda me tirava o juízo...

Fui tratado como um cachorro pronto para o abate, e eu odiava ser tachado de idiota, muito menos que me impunham qualquer coisa.

Acordei da segunda vez mais lúcido. Meus punhos estavam ambos envolvidos em grossas faixas de tratamento, um aperto quase reconfortante para a dor derradeira que vinha leve com os movimentos. Nenhuma tontura ou sons de vocifero na cabeça, apenas o suave clima calmo de lucidez que sempre me acomodou. Me senti feliz, renovado. A lua lá fora brilhava provavelmente, parece que passei grande parte do tempo desacordado.

Mas ontem a noite Max me desmembrou como um ser vivo incapaz de se defender...

Era impossível, sempre que pensava nele, que me lembrava dele, minhas pernas tremiam e minhas bochechas esquentavam em um sorriso culposo. Minha garganta não conteve o gemido manhoso que saiu de meus lábios. Os dedos agarrados a coberta macia e os olhos penosos com os longos cílios direcionados ao nada do meu quarto.

Deslizei a mão para baixo da coberta, traçando quase que brincalhona o caminhão até minhas coxas, macias de superfície lisa, o toque me fez arrepiar de leve. Fechei os olhos com cuidado sentindo apenas os meus toques em minha perna.

Era como o mar na primavera, os dedos longos percorrendo meu corpo com a saudade de ontem, minha mão se transforma na de Max. Navego com tanto desejo pelo meu corpo, como eu queria, como eu quero que ele faça comigo, de novo, outra vez...

Minha boca se abre em um sussurro baixo, mordo os lábios tentando me conter "isso... Max, continue por favor..." Parecia que ele estava ali, e a cada vez que minha mão deslizava pela parte interna da minha coxa eu sentia meu rosto aquecer ainda mais, os arrepios meticuloso, o cheiro dele, eu o sentia ali, eu o queria ali tanto que parecia real. Abri os olhos com uma ideia malignamente deliciosa...

Arranque as faixas de minhas mãos desesperado, nem liguei para o estrago, mas a exposição da carne viva e mutilada de minhas mãos pareciam intensificar a dor, mas eu não queria saber de mais nada.

Qualquer toque brusco faria a ferida sangrar, mas eu não ligava, em meu cérebro, uma nuvem vermelha que derramaram em meus lábios em saliva de desejo. Tirei minha calça moletom apressado, me acomodei em meus travesseiros com uma ansiedade quase infantil, os brilhos me meus olhos eram perceptíveis até para mim, como diamantes polidos em uma escuridão.

Peguei meu tablet que estava sobre a cômoda, com os dedos trêmulos abri o aplicativo das câmeras de segurança. Claro que primeiramente chequei se Max estava no quarto, e como desejo premeditado avistei seu corpo na cama, embolado entre os lençóis confortavelmente. Mas algo chamou minha atenção, seu pescoço, livre e sem sua coleira. Aquilo me chateou, mas dando uma checada ao meu redor, avistei o equipamento biométrico em cima da outra cômoda.

Uma ideia diabólica surgiu em meus lábios e eu peguei a coleira colocando em meu pescoço. Uhm, a sessão de ser possuído, de ser posse de alguém de Max era tão revigorante que meu corpo se eriçava apenas com isso.

Abri o histórico das câmeras, "a gravação de ontem..."

O vídeo em uma resolução alta como uma tela de cinema, em meus fones sem fio assisti desde o começo, não queria perder nenhum detalhe, queria ver o ambiente ser construído, queria ver o desejo nos olhos de Max enquanto ele enlouquecia lentamente, enquanto sua cabeça se fragmentava a cada olhar furtivo meu, a cada toque bem intencionado em sua perna. Eu queria ver ele quebrado e me possuindo.

Don't Blame Me - LestappenWhere stories live. Discover now