ALERTA: CONTEÚDO SENSÍVEL
"Me faça chorar, me faça amar, me faça derreter em seus olhos azuis reluzentes como água no sol do amanhã. Deixe o crepúsculo da noite navegar pelas curvas de seu corpo, com o brilho ilustre da lua tomando forma em meus olh...
Olhei novamente para minhas mãos, elas tremiam como se estivessem com muito frio, a dor começou a pulsar em meus dedos, um sorriso incompreendido apareceu nos meus lábios, por algum motivo eu gostei da ideia de sangue nos meus lábios. Simon se aproximou com uma pequena lanterna, apontou diretamente em meus globos oculares, a luz queimou minhas pupilas, mas eu não fechei os olhos. A sensação era gostosa, fazia sentir dor, eu adorava, comecei a sorrir de lado.
– Suas pupilas estão dilatadas, você ainda não está são. Vai precisar de outra dose. -Simon puxou um seringa do bolso, aquilo me fez acordar de leve, mesmo sentindo as coisas girarem. O cheiro de ácido tomou meu nariz, o que era aquilo que ele queria aplicar em mim?
– Você me dopou. Como você ousa? – Minha voz saiu penosa, uma dor lastimável tomou minha garganta. Simon ergue a seringa como um objeto de devoção, ou talvez fosse uma impunidade direcionada a mim. Uma dose pronta, como se já estivesse aguardando o momento.
– Estou cuidando de você.
– EU NÃO PRECISO DO CUIDADO DE NINGUÉM. – Berrei pronto para tentar me livrar das agulhas em meus braços e me levantar. Eu queria ver Max, precisava confirmar que ele estava aqui, que ele não tinha escapado da coleira, ele era meu, meu meu meu! E eu jamais o deixaria ir embora! Mas Andrea me agarrou pelos pulsos me contendo, o baque em minha visão confirmou: estava tudo girando.
– Charles, acalme-se, foi um erro, você deveria ter acordado só quando já estivesse bem.
– Simon... você errou a dose, de novo?
Meu sorriso amarelo se ergueu pelo canto de meus lábios, logo se transformando quase em uma gargalhada, precisei colocar a mão sobre a boca, era uma piada melhor que ver o carro de Carlos em chamas.
– Você errou de novo. Com Max duas vezes, com Carlos, e comigo. Que tipo de médico é esse? Acho que eu vou me contratar como médico, já que eu sempre acerto as doses! Me dessa seringa, eu poupo seu trabalho e aplico ela mesmo no meu braço! – Sorrir nunca tinha sido algo tão simples, parecia que uma substância havia tomado conta do meu corpo, e eu detestava coisas ilícitas, mas aquilo era leve, estimulante. Mordi os lábios tentando conter outro sorriso.
– Você aplica doses sem responsabilidade! Isso pode causar danos graves!
– Eu aplico doses para matar, já você, só uma pequena quantidade para enganar o sono das vitimas. Por isso sempre acordam antes do tempo. – Demonstrei com os dedos uma pequena quantidade, enquanto sorria ilusoriamente para meus dedos. Adorei falar aquilo, achei mais graça.
Os olhos de Simon diziam façanhas escondidas no pavor de suas íris, na surpresa que o canto de seus lábios, retraídos em um franzir áspero de sobrancelha diziam. Mais que o silêncio ensurdecedor do som da minha risada, eu quis me deliciar em um mar azul de desespero como sempre, mas por algum motivo naquele momento estava mais intenso.
O som da minha risada começou a ecoar duas vezes em meu cérebro, em espirais contínuas de um som que vai se prolongando em diferentes sonoridades. A sensação de tontura pirou, mover minha cabeça era como empurrar chumbo preso a meu pescoço, além da instabilidade que eu tinha em me manter quieto. Alguém falou comigo, talvez eu tenha escutado meu nome pairar em meu subconsciente de longe.
Meu braço foi agarrado, e eu mal tive forças para reagir, pois senti o aperto três vezes em parcelas significativas, e quando meu corpo parou de pulsar, eu vi a agulha inserida profundamente em minha veia. Eu a vi reagir com o liquido amarelo da seringa feito uma coagulação artificial que me mataria por dentro. O mundo espaireceu, e tudo ficou tranquilo de novo, ou talvez fosse o sono.
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