Sons longínquos tomaram minha mente, embaralhados como um grande novelo de lã se enrolando em meu cérebro. Maldita dor que martelava na minha cabeça e ensurdecia meus tímpanos. Parecia que o sol estava matando minhas íris, abrir os olhos era penoso, doloroso, e me irritava.
Apoiei a mão no colchão macio, inundado pelo calor reconfortante dos travesseiros, mas não me aventurei a abrir os olhos. Tateei a cama em busca de algo, não sei bem o que, talvez um aparelho para eu me identificar do ambiente.
– Charles! Se mova devagar.
A voz de Andrea estava longe, se aproximou rapidamente assim que comecei a me mover, ele sempre muito atento aos meus movimentos. Senti ele segurar meu braço me empurrando de volta para os travesseiros. Foi aí que abri os olhos, em um ódio flamejante, o quarto impecável, todas as cortinas fechadas, um marcador cardíaco ao meu lado, uma bolsa de soro, e em meus braços, agulhas.
Olhei para meus punhos, minhas mãos, busquei racionalidade ali, mas meu pulso, minhas duas mãos estavam enfaixadas. Que merda aconteceu? Senti que iria enlouquecer por alguma razão, e quis muito gritar. Meus olhos ficaram fixos por longos e eternos segundos, admirando as linhas da vida de minhas mãos. Que merda de sensação era aquela? Uma onda de calor tomou meu corpo em um bolo que se formou em minha garganta, levantei o rosto e mil sentidos passaram pelos meus olhos, em um segundo fracionado como se eu estivesse girando em 360.
– Charles? – Andrea se aproximou tocando gentilmente meu ombro, em seus olhos a preocupação. Ele me achava louco? Por que ele me olhava como se eu precisasse de ajuda? Aquela carência e preocupação nos olhos dele era inconfundível.
– Max...onde está Max? – Meus olhos arregalaram, olhei ao redor, o prisma inundava o ambiente pelas cortinas cor de marfim, o brilho da luz branca irradiava o cômodo em cores escuras como a noite.
– Você precisa se acalmar agora. Charles, você teve um desmaio pós traumático, seu coração disparou em uma crise de pânico.
Crise de pânico, meu coração acelerou de um modo que meu corpo parou de reagir. A euforia da situação foi tão impactante que me fez enlouquecer de paixão. Ah, Max me levou a loucura literalmente... a biologia do meu corpo me fez transcender no sentimento mais puro de devoção que eu tive por ele. Eu era tão real, eu era tão sentimentalista e romântico...
Comecei a sorrir olhando para o nada, em uma gargalhada mental feito um bobo após ler uma mensagem sugestiva de alguém que alugou um tríplex na sua cabeça. Eu sou feito de serotonina pura, que banha seus sonhos em sangue real pela sua carne, Max. Será que você também está sonhando comigo?
– Eu preciso vê-lo. Ele está no quarto, não está? – Meus olhos arregalados, não entendi o porquê, mas olhei assim para Andrea, feito às florestas verdes de meus olhos brilhavam como chamas nas folhas das árvores.
– Não... você não pode se levantar, seu corpo está frágil.
– Quem você pensa que é para definir isso, hein? – Uma gargalhada sincera saiu de minha garganta, aquilo era hilário, o rosto de Andrea, tão sério, como se ele realmente tivesse controle de algo. Espera? Ele acreditava mesmo que podia me por ordens?
– Ele é responsável pela sua saúde, e você está em uma situação de crise, que não passou pelo visto. – Simon surgiu ao lado de Andrea, uma pose rígida, me estressou o modo como se referiu a mim.
– De que merda você está falando?
– Você teve uma crise psicótica, Charles. Você não se lembra, mas algo, ou uma situação estressante te fez começar a delirar. Você mordeu suas duas mãos ate que elas estivessem em carne viva enquanto repetia frases incompreendidas.
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Don't Blame Me - Lestappen
HorrorALERTA: CONTEÚDO SENSÍVEL "Me faça chorar, me faça amar, me faça derreter em seus olhos azuis reluzentes como água no sol do amanhã. Deixe o crepúsculo da noite navegar pelas curvas de seu corpo, com o brilho ilustre da lua tomando forma em meus olh...
Part two - I'd like to know You
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