Don't Blame Me - Lestappen

Part two - I'd like to know You

O sol é delicado, o meu sol é delicado, mas ele pode me queimar. Por que ele é vivo, posso tocá-lo, pois roubei o sol para mim, me dei um presente incrível. Mais deslumbrante que uma estrela ilustre na Via-Láctea. Eu tenho um sol, e o moldei para me queimar quando eu quisesse. Meu sol tem olhos azuis, a verdadeira cor da alegria. Meu sol me chamava de louco, mas me fodia com tanto ódio que eu sentia sua paixão fervente. Meu sol me odiava tanto que eu me sentia molhado apenas com isso.

Ah como eu poderia ter um orgasmo só em pensar assim... eu sonhei, eu o transformei, e eu me fiz de idiota com todas as falsas investidas que dei, para enlouquece-lo, para fazer seu coração ferver tanto que ele confundiria ódio com paixão, e descontaria tudo em mim. No meu corpo, me usando de maneira mais crua e possessiva, a deriva de todos os desejos carnais mais inóspitos possíveis. E eu consegui, realizei meu sonho e fui tão maltratado que fiquei mais de dez minutos encarando o chão com as bochechas queimando.

Meu sol, se chamava Max, e ele estava prestes a apagar para poder queimar com mais força.

Deslizo os dedos por sua face lisa, cada toque me levava de volta para os segundos que acabaram de prosseguir. Deitado daquele jeito enquanto Max fazia tudo comigo, me quebrava, me calava e me fazia gritar, mordi os lábios com a lembrança. A agulha ainda presa em seu pescoço me fez acordar, mas era difícil me mexer, minhas pernas doíam tanto que era divertido me fingir de coitado, será que se eu continuasse fazendo essa cara inocente Max acordaria e faria tudo de novo? Um choque eletrizante passou pelas minhas veias com esse pensamento.

Retirei a agulha de sua pele com cuidado, estava com medo de ter o acertado em algum lugar fatal, o desespero de pensar que ele podia fugir me fez agir impulsivamente. "Me perdoe Maxie... mas você precisa entender que atitudes têm consequências". Ele dormia tão passivamente que nem parecia um louco, um doente amante da loucura, igual a mim, eu o moldei tão bem, como eu estava me amando...

Soltei um gemido agudo quando me levantei, minhas pernas doíam e isso só me deixava mais extasiado. Vesti minha calça com dificuldade, mal tive tempo de fazer outra coisa pois escutei passos vindo da porta.

– Charles, o que houve? Acho que escutei gritos vindo daqui...

Andrea surgiu na porta como se tivesse vindo correndo, sua voz era confusa. Me virei percebendo em seus olhos como ele buscou entender o que tinha acontecido, ainda mais com o corpo desacordado de Max em frente a porta.

– O que aconteceu? Por que Max está no chão desmaiado? – Deu um passo para dentro se abaixando e medindo os batimentos cardíacos do loiro colocando os dedos em seu pescoço.

– Andrea eu...

Me virei rápido demais, tudo ficou embaçado, minha pressão caiu e senti meu estômago revirar. Minhas pernas não me obedeceram e caí diretamente no chão, a cabeça bateu firme contra o carpete, minha cabeça um som agudo ensurdecedor. Perdi as forças para me manter firme sem motivo, como se meu corpo tivesse sido desligado magicamente.

– CHARLES!

Andrea correu desesperado, vi apenas seus sapatos, a voz dele ficou distante, mas eu sentia que ele dizia inúmeras coisas ao mesmo tempo. Um zunido tomou conta da minha cabeça, fechei os olhos angustiado querendo me livrar do som. Meu coração estava acelerado, não acompanhava a lentidão do meu corpo; na verdade, ele batia tão rápido que parecia ter causado um impacto instantâneo em todo o restante do meu corpo. Senti falta de ar, não consegui respirar, e mesmo assim não desmaiei.

Andrea me pegou no colo como se eu não pesasse nada. As únicas coisas que consegui enxergar foram rápidos flashes de luz: a porta, a iluminação das lâmpadas, o escuro logo depois. Tudo girava lentamente. Porra, o que tinha acontecido? De repente, senti um lugar macio, uma cama, e foi nesse momento que minha mente apagou completamente. Desmaiei.