27 - Frame by Frame.

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— Você é tipo um tranquilizante natural... — ele disse, sonolento, deixando a frase morrer no ar como se tivesse falado só pra si mesmo.

Dei um risinho baixo e toquei o braço dele por cima do lençol, sentindo o calor da pele ainda viva. Os dedos dele entrelaçaram nos meus por instinto, e eu só fiquei ali, sentindo o coração ainda ritmado, o corpo dele colado no meu, e aquela quietude bonita de quem não precisava dizer nada.

O depois nunca foi tão confortável. Nem tão nosso.

Ainda estávamos colados um no outro, em silêncio, quando ele deslizou a mão preguiçosa pela curva da minha cintura, passando por cima do lençol, e deixou os dedos repousarem ali. O toque era leve, mas não inocente. Tinha algo de possessivo no jeito que ele se encaixava em mim mesmo depois.

— Você tá pesado — murmurei, com a voz abafada no travesseiro.

— E você tá reclamando? — ele rebateu, enterrando o rosto mais fundo na curva do meu pescoço, a voz rouca, satisfeita.

— Tô constatando. — Sorri sozinha, ainda com os olhos fechados. — E... tô me sentindo meio... grudenta. Como sempre, aliás.

Ele soltou uma risada baixa, curta e grave, vibrando contra minha pele.

— Já devia está acostumada. — A fala saiu arrastada, com aquela pontinha arrogante que ele só usava quando estava de bom humor. — E admitir que isso é um talento meu.

— Uhum, grande talento mesmo. Me deixar toda melada e depois apagar no segundo seguinte. — Revirei os olhos, mas sem raiva nenhuma.

— Ei, eu não apaguei. Eu só tava... recarregando. — Ele se esticou um pouco, apoiando o queixo no meu ombro e me olhando de lado com os olhos ainda semicerrados. — É que eu me entrego demais, sabe? Eu dou tudo de mim. Literalmente.

— Nossa. Que sacrifício o seu — murmurei com sarcasmo, mordendo o lábio pra não rir.

Ele não respondeu de imediato. Só se aproximou mais, colando o peito no meu de novo, e deixou os lábios roçarem de leve na minha clavícula.

— Mas fala sério... — sussurrou, com a voz baixa, quase provocativa — você adora quando eu te deixo assim.

Eu respirei fundo, sentindo a pele arrepiar levemente onde ele tocava. Não precisava dizer nada. O sorriso involuntário já entregava a resposta.

Ele viu. E se achou.

— Aí ó. Sabia. — E me deu um selinho na bochecha, como se encerrasse a conversa com um carimbo.

— Você é muito convencido, Bang Chan. — Eu virei o rosto, encarando ele de relance.

— Só com você. — Ele deu de ombros. — Porque você é meu maior motivo.

Fingi um suspiro dramático, mas acabei rindo. E ele também. Nada ali era forçado.

Ficamos mais alguns segundos em silêncio, só respirando o mesmo ar e deixando o corpo descansar.

Mas, eventualmente, eu me mexi de leve.

— Tá... acho que agora sim eu vou tomar banho. Antes que eu grude no lençol. — Constato.

— Quer ajuda? — ele perguntou sem nem abrir os olhos.

— Não. — Sorri. — Porque se você for, a gente não vai sair de lá antes do almoço.

— Justo. — Ele riu pelo nariz e virou de barriga pra cima, abrindo os braços como quem aceitava a derrota com dignidade. — Mas pensa com carinho.

Me levantei da cama devagar, ainda sentindo os músculos relaxados, e peguei a toalha. Antes de sair, olhei por cima do ombro, ele ainda estava ali, todo esticado no lençol, cabelo bagunçado, pele quente, e um sorrisinho besta no rosto.

In Sync - Bangchan Where stories live. Discover now