033 - Eu volto

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Clara Martins

Eu não queria vê-lo ir embora, ainda mais tendo uma data certa pra estarmos juntos novamente só no final do ano na CCXP. Tudo com ele havia sido lindo e mágico... haviam sido os melhores dias da minha vida.

Ele ir embora agora era diferente: éramos namorados. E isso tornava tudo mais intenso — a saudade, o aperto no peito, a vontade de segurar o tempo com as duas mãos e impedir que ele passasse.

Pousamos em SP às 19h30. Mas não iríamos pra casa dos meus pais. Pedro embarcaria em poucas horas novamente pra voltar às suas obrigações, e meu peito estava completamente dilacerado. Bem mais do que eu queria demonstrar.

Estive calada o tempo inteiro, respondendo algumas poucas coisas, tentando manter a respiração ritmada, o rosto neutro. Não deixava transparecer tudo que estava sentindo — mas por dentro, eu estava aos pedaços.

Pegamos as malas na esteira e saímos pelo portão de desembarque. Meus pais, Victor e a esposa dele estavam ali nos esperando, com sorrisos em seus rostos, acenando animados.

— Finalmente! — disse minha mãe, me puxando pra um abraço apertado. — Estávamos morrendo de saudade!

— Como foi o Rio? — Victor perguntou, abraçando Pedro logo em seguida. — As fotos tavam sensacionais.

Sorri, tentando parecer natural.

— Foi... foi maravilhoso. Uma das melhores viagens da minha vida.

— Vocês estão tão coradinhos... — mamãe disse apertando delicamente as bochechas de Pedro com as duas mãos. — Aproveitaram bastante o sol, hein?

— Aproveitamos mesmo. — forcei um sorriso leve. — A equipe de caracterização e continuação de Quarteto Fantástico vai me odiar.

— Vão mesmo. A Sue Storm tem que estar com marquinha de biquíni agora. — comentou Juliana, rindo e dando uma piscadinha pra mim.

— Não estou entendendo muita coisa, mas sei que estão falando de mim. — Pedro falou sorrindo, olhando ao redor meio perdido, mas se divertindo com a situação.

— Estamos, sim — respondi, rindo de leve e dando um beijo no ombro dele. — Mas só coisas boas, eu juro.

— Sei... confio desconfiando — ele disse, puxando meu rosto de leve com os dedos e encostando nossos narizes por um segundo.

Meu pai tossiu propositalmente, arrancando risadas de todos.

— Não sei vocês, mas eu estou morrendo de fome. — ele comentou arrancando risadas.

— Também tô! — minha mãe completou. — E quero ouvir tudo sobre essa viagem aí. Com detalhes.

Olhei pra Pedro por um segundo. Ele sorriu, como quem diz "vai dar tudo certo", mas meus olhos sabiam: a despedida estava chegando. E ia doer.

Procuramos um restaurante ali no aeroporto mesmo. Pedro fez questão de sentar ao meu lado, e assim que nos acomodamos, ele passou o braço por trás da minha cadeira e me puxou de leve pra perto dele.

— Vem cá. — sussurrou no meu ouvido. — Só mais um pouquinho colada em mim antes da gente ter que fingir que tá tudo bem.

Me apoiei no ombro dele, envolvendo sua cintura com meus braços, e fechei os olhos por um segundo. Queria gravar aquela sensação na memória. O cheiro dele, o calor, a voz baixa falando só pra mim.

— Se pudesse, te escondia na mala — murmurei, num tom quase infantil.

— Se pudesse, eu ficava aqui. Largava tudo. — ele respondeu sem hesitar, com os lábios encostando de leve no meu cabelo. — Mas você me conhece. Já tô com o próximo set me esperando.

✅ | Scripted Hearts • Pedro PascalWhere stories live. Discover now