026 - Domingo sem preguiça

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Clara Martins

Acordei num susto. O som de música alta vinha do lado de fora do meu quarto. Pisquei algumas vezes tentando entender se era real ou parte de um sonho confuso. Virei pro lado e vi Pedro, também acordando meio assustado, com os cabelos bagunçados e a cara amassada de quem claramente ainda estava no modo "repouso total".

— Que... que dia é hoje? — ele murmurou, apertando os olhos, tentando entender o que estava acontecendo.

— Domingo. — falei, me sentando na cama e puxando o lençol comigo. — Dia pós-casamento. Dia de ressaca e silêncio. Dia de... música alta.

Ele me olhou, confuso, e então a batida do som aumentou.

— Isso tá vindo da sala? — ele perguntou, coçando os olhos.

— Eu... acho que sim. — respondi e respirei fundo. — Que horas são?

Ele se mexeu alcançando o telefone dele que estava no bolso da calça no chão. E então os flashs surgiram na minha cabeça, e eu sorri boba esperando sua resposta.

— São 12h... — ele sorriu e me olhou. — Que sorrisinho é esse?

Me joguei na cama de barriga pra cima, olhando pro teto com aquele mesmo sorriso bobo no rosto. Cobri o rosto com as mãos por um segundo e soltei um riso abafado.

— É só que... — comecei, tirando as mãos do rosto e virando pra ele. — Eu acordei com música alta, descabelada, depois de um momento incrível e dormir com você. Com meu namorado. E isso... isso é meio surreal. No bom sentido.

Pedro sorriu também, se inclinando até mim e deixando um beijo leve na minha testa.

— Acordar com você também é surreal. Mas eu poderia me acostumar.

— Mesmo com minha mãe fazendo matinê de axé na sala?

— Principalmente com isso. — ele riu. — É o pacote completo. Eu quero o pacote completo.

Senti meu coração dar aquele pulinho. O tipo de pulinho bom, de quem sabe que está exatamente onde deveria estar.

— Então segura a barra, hein? Porque esse pacote vem com música alta, mãe animada, pai que comenta tudo...

— E eu achando que ia ser difícil gravar em set de super-herói. — ele brincou.

— Bem-vindo ao multiverso da minha vida.

Ele me puxou de volta pra perto, enroscando as pernas nas minhas.

— Eu topo. Com todas as suas versões. — me deu um beijo suave.

— A gente tem que levantar... — falei fazendo biquinho.

— Tem certeza? Eu ficaria o dia inteiro com vc aqui dentro. — ele fez carinho em meu rosto.

— Sim, antes que comecem a bater nessa porta. — rimos juntos.

Nos levantamos, e Pedro começou a juntar as roupas do chão. Me posicionei em frente ao espelho enrolada em uma toalha, e vi que estava com a maquiagem toda borrada (que não tive tempo de tirar antes de dormir), e o penteado estava um verdadeiro ninho em minha cabeça.

— Jesus... — falei, observando o caos no espelho. Pedro riu baixinho atrás de mim, enquanto vestia uma cueca.

— Achei sexy. — ele disse, vindo até mim e passando os braços pela minha cintura por trás. — Meio panda, meio guerreira do apocalipse.

— Ótimo. Perfeita pra enfrentar minha família no café da tarde. — revirei os olhos, mas sorri.

Ele beijou meu ombro de leve, depois encostou o queixo no meu ombro.

✅ | Scripted Hearts • Pedro PascalWo Geschichten leben. Entdecke jetzt