In Sync - Bangchan

23 - Between the Lines.

— Só preparado. — Rimos de novo, os dois agora deitados de barriga pra cima, dividindo o silêncio como quem já dividiu tudo o resto, menos essa tranquilidade. — Você vai dormir aqui hoje? — Ele perguntou e torci a boca.

— Você quer que eu vá embora? — Olhei para ele e pensei por um segundo.

— Não. — Ele esticou o braço por cima da minha barriga e puxou o cobertor mais pra cima de nós dois.

— Então pronto. É aqui que eu fico. — Ficamos em silêncio por um tempo, só ouvindo a respiração um do outro, ainda meio descompassada, mas tranquila.

Ele puxou meu corpo pra mais perto, como se fosse um gesto automático, e eu encaixei a cabeça no peito dele sem pensar.

— Isso vai ser complicado, né? — murmurei, só por hábito.

Chan fez um som com a garganta, algo entre um "talvez" e um "nem ligo".

— Provavelmente. Mas tem coisa pior que dormir com você grudada em mim? — Erguei a cabeça para encara-lo.

— Tipo? — Senti seu carinho em minha cintura e me arrepiei por inteira.

— Dormir sem você grudada em mim. — Sorri de olhos fechados.

— Idiota sexy, né? — Sussurrei dando uma risadinha. 

— Sabia que você ia concordar. — Ficamos rindo em silêncio por alguns segundos.

Os dedos dele agora desenhavam círculos distraídos nas minhas costas nuas, sob o lençol. Era confortável. Como se nenhum dos dois tivesse pressa de sair dali.

— Você acha que eles suspeitam? — perguntei, só pela curiosidade. Chan deu um suspiro pensativo.

— Do quê? De você ter um gosto questionável pra homens? — Ergui a cabeça e empurrei o peito dele de leve com o punho fechado.

— Do que tá acontecendo aqui, seu imbecil. — Ele sorriu torto, segurando minha mão antes que eu o acertasse de novo.

— Eu acho que sim. Pelo menos o Han. Ele é esperto quando não tá com sono ou com fome. E o Lino já olha pra mim daquele jeito de "eu sei de tudo, mas não vou falar nada porque sou superior".

— Isso é o olhar padrão dele. — revirei os olhos. — Eu já não sei quando ele tá julgando a humanidade e quando tá apenas pedindo arroz.

— Você tem razão. — Chan assentiu com drama. — Minho é um enigma. Mas enfim... se eles desconfiarem, a gente nega até o fim.

— Mesmo depois de hoje? — Ele virou o rosto, me olhando de um jeito debochado.

— Especialmente depois de hoje. Eles nunca vão acreditar que você me suporta por tanto tempo.

— Pior que é verdade. — Soltei uma risada e senti um beliscão dele na minha cintura.

— Ei! — Soltei uma gargalhada e me aninhei mais ainda ao lado dele.

O silêncio voltou, mas era um daqueles silêncios bons, cheios de coisa dita nas entrelinhas.

— Chris...— Falei e escutei ele se remexer.

— Hm? — Apenas um barulho indicando sonolência.

— Isso aqui... a gente não precisa decidir nada agora, né? — Ele demorou um pouco pra responder.

Não como quem está hesitando, mas como quem está escolhendo as palavras certas.

— A única coisa que a gente precisa decidir agora... é que horas vamos levantar pra fingir que dormimos em quartos separados. — Ri fraco.