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Christopher estava se sentindo um lixo. Ele nunca havia se sentido assim em todo seus anos como chefe do morro. Já havia matado vários viciados, mas nunca parou para pensar que eles também eram humanos. Tentava ligar pra Dulce que não atendia.

- Tô me sentindo um estúpido. - olhou-se no espelho e comentou com Caio.

- E você é um estúpido por ter deixado uma mulher mandar mais que você. - Caio disse.

- Se você amasse, iria entender. A gente faz de tudo pela pessoa que amamos. Tudo!!

- Ah é? E por isso, vai deixar ela ser a nova dona do morro?

- Pare de dizer besteiras. Ninguém ocupará esse lugar. Ele é meu.

- É, to vendo... mas a "primeira dama" lá, tá querendo vestir sua coroa.

Christopher ficou calado.

Dulce caminhava de volta para casa em um pranto desesperador. Ela não comandava seu corpo, de tanto ódio que estava sentindo. A cena que tinha visto, o modo como ele falava com a vítima, a arma... aquilo era vergonhoso, humilhante, revoltador. Christopher havia se transformado num monstro no qual Dulce não queria se envolver. Sem ter mais forças para andar, se sentou num bar que havia no fim da comunidade.

- Idiota, idiota, idiota, idiota!!!!! - ela dizia baixinho, se referindo a Christopher .

Um senhor se aproximou. Era velho, careca e exibia uma barriga que provavelmente havia sido gerada por conta de muitos anos de bebida.

- Deseja algo? - ele perguntou.

- Quero a bebida mais forte que você tem. - disse ela, tirando 100 reais e dando ao senhor.

Sem fazer muitas perguntas, o senhor foi até sua bancada e trouxe uma garrafa de cachaça das brabas. Andou até a parte de fora e entregou a Dulce .

- Moçinha, eu acho que você não vai aguen...

Antes que conseguisse avisa-la, Dulce já estava com o gargalo da garrafa na boca. Sentindo sua garganta queimar, pois não estava tão acostumada com uma bebida tão forte. Mas sem se importar, pois seu coração doia mais do que isso.

O homem deixou Dulce com a imensa garrafa sozinha, a cada gole que dava, chorava mais.

- Eu te odeio Christopher , odeio odeio odeio. Mas te amo.

Uma hora depois, Caio caminhava com alguns amigos pelas ruas da comunidade. Até que avistou Dulce , terminando as ultimas MLs da garrafa em poucos segundos.

- Dulce ? - ele se aproximou.

- Caio... - Dulce riu ao ver que ele se aproximava. Estava visivelmente alterada.

- Você bebeu? Tá completamente bêbada.

- Só um pouquinho, bem pouquinho mesmo. Eu não gosto... não gosto de beber.

- É... imagina se gostasse. Christopher sabe que você está aqui?

- E por que ele deveria saber? Ele não é nada meu.

- Ele é seu namorado. - Caio revirou os olhos.

- EX, ouviu? EX namorado. Agora eu sou do muuuuuuundo. - ela ria.

- Ai meu Deus! - Caio observava o jeito dela. - Vem, eu vou te levar.

- Não não não não, não me toca, ou eu vou te dar um tapa que você vai ficar em coma por 9 anos.

- Eu não tenho medo de mulher alguma. Vem!!!!!!!! - Caio pegou na mão dela a força, e como ela mesmo, não estava controlando seu corpo, subiu com Caio.

Christopher estava sentado no sofá, com a aliança de Dulce na mão quando viu Caio entrar com Dulce no colo.

- Caio? Dulce ? O que é isso? - ele perguntou.

- Essa sua namorada, que estava bebendo la naquele bar do final da comunidade. - disse Caio, colocando Dulce de pé.

- Ela tá bêbada? - Chris perguntou.

- TRÊBADA!

- Dulce , amor... você não é de beber.

- Não me chama de amor, peste. Eu terminei contigo. Não é porque estou bêbada que perdi a memória. - ela cambaleava.

Caio saiu, deixando os dois sozinhos.

Christopher pegou a cafeteira, encheu um copo enorme e se aproximou de Dulce .

- Bebe isso aqui...

- Não, não quero. - ela se sentou no sofá.

- Por favor... bebe isso.

- Não!!!!!! Eu quero cerveja agora. Eu sei que você tem.

- Você não irá beber cerveja alguma. Olhe bem o seu estado.

- Rio de Janeiro. - ela caiu na gargalhada.

Ele respirou fundo. Sabia que ia precisar de muita paciência.

- Tá bem, eu vou te dar cerveja.

Christopher foi até a pia, abriu uma cerveja, mas jogou todo o conteudo na pia. Lavou e encheu de café.

- Toma. - ele deu a Dulce , que sorriu e pegou, levando o gargalo até a boca.

Dulce estava tão ruim, que nem ao menos notou que aquilo era café. A quentura da bebida não a incomodou em nenhum momento. Em pouco tempo, a pequena garrafa já estava vazia.

- Vem. - Christopher a pegou no colo e a levou pro quarto. - Deita aqui e descansa.

- Não Christopher , eu quero beber mais.

- Você não tem querer algum. Dorme, que quando você acordar, beberei contigo. - ele a segurou, por via das dúvidas.

O esforço para segura-la e faze-la dormir, foi grande. Mas quando finalmente ela dormiu, ele não saiu do lado dela.

𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒃𝒍𝒊𝒏𝒅𝒂𝒅𝒐Where stories live. Discover now