Capítulo 16

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Acordo com raios de sol nos olhos, levo minha mão até o outro lado da cama a procura de Jullie. Seu lado da cama estava frio, abro meus olhos lentamente e vejo que ela não está no quarto. Ligo meu celular e vejo que já era de tarde, ou seja: Me atrasei, ferrou!
- Que ótimo - Sussurro
Faço minha higiene rapidamente tiro meu pijama de jujubas e coloco uma calsa jeans, moletom cinza e meu all star preto. Saio do quarto e ando até o refeitório.
- Jullie, ''ce" ta ai? - Digo ao entrar
- Aqui - Diz ela de dentro da dispensa
- Jullie o que você tá fazendo aí?
- Bom dia amor, eu ia fazer um café da manhã surpresa pra você. Ei, você estragou a surpresa, volta pra cama e finja ficar surpresa quando eu voltar Okay? - Ela pergunta chegando mais perto e acariciando minha bochecha
- Tudo bem mas antes... - Colo nossas testas - Quero um beijo daqueles que só você sabe dar
Jullie me beija como se fosse o último, com aquele toque envolvente, sexy e delicado.
- Tá, agora vai logo.
- Okay, não demora.
Subo novamente e espero mais ou menos dez minutos até Jullie entrar com uma bandeja cheia de comida.
- Surpresa! - Ju fala toda animada entrando no quarto
- O meu Deus, um café da manhã surpresa - Falo em tom de ironia - Vem senta, vamos comer, estou com fome.
Ju senta ao meu lado com a bandeja e comemos conversando.
- Ei, por que não descemos para escola hoje?
- Ah, eu acordei as nove e depois das oito e meia os professores não deixam mais entrar, aí eu fui na área de lazer, li um pouco sentada na borda da piscina, aí quando voltei você ainda tava dormindo, fiquei com pena de te acordar, "ce" tava tão fofa dormindo de pijama de jujuba que eu não quis te acordar. Quando eu desci pra preparar o café você acordou.
- Ah, a tarde podemos ir naquela praça com lago.
- Sim, por que você não leva seu violão e toca alguma coisa pra mim?
- Como você sabe que eu tenho um violão?
- Sophie, no segundo final de semana "ce" trouxe. Você acha mesmo que conseguiria esconder um violão de mim?
- Eu ia tocar nos nossos cinco meses de namoro, mas aí não rolou...
- Pois é, rolaram outras coisas não é mesmo Sophie...? - Ju diz olhando se chocolate quente
- Jullie! - Falo mais alto ficando corada
- Sophie, sério que você ainda tem vergonha de falar sobre isso? Sexo é uma coisa normal que todo mundo faz, aliás se não fosse ele o mundo não girava e nós já fizemos isso, mais de uma vez, espero que venham mais, muitas e muitas...
- Jullie!
- Fala sério, na hora de fazer você não tem vergonha.
- Eu não acredito que você disse isso! - Digo fazendo cara de brava
- Desculpa, mas é verdade.
- Jullie só fizemos isso duas vezes e aliás, sim, eu tenho vergonha de falar sobre isso, ainda não me acostumei com a idéia de transar.
- Viu, você falou... Transamos.
- É mas... Escapou.
- Olha, que fofo, nossa primeira DR.
- É, pra dar uma agitada na relação.
- Verdade, tem vezes que parecemos aqueles casais irritantes que ficam falando com voz de criança e fazem um perfil juntos no facebook.
- Aí, não exagera, casal diabete não.
- Apesar de sermos fofas demais, eu adoro você do mesmo jeito.
Isso havia me feito pensar no ''delirio/talvez realidade" que tive antes de dormir. Será que ela tinha me dito as três palavras mágicas mesmo ou eu sonhei?
- Eu também te adoro - Digo com um pedaço de bolo na boca
- Ei, não fala de boca cheia - Ju diz franzindo a testa
- Foda-se - Respondo ainda com o bolo na boca
- Ah, já que é assim... - Fala e da um super, mega, ultra, blaster arroto
- Como... Eca - Falo embasbacada
- Foda-se - Responde sorrindo
Ficamos sérias por mais ou menos vinte segundos e depois rimos como se não houvesse amanhã.
- Vem, vamos levar essas coisas lá pra baixo - Falo assim que terminamos de comer
- Tá bem
Levamos o lixo para as lixeiras e a bandeja com as canecas do chocolate quente para o refeitório. Voltamos para o quarto, colocamos uma roupa mais leve com biquínis por baixo.
- Ju, deve tá frio lá fora...
- Tá nada, aqui dentro tem ar condicionado e fica ligado vinte e quatro horas por dia.
- Tá, mas eu vou com a mesma roupa que eu estava antes, só vou colocar o biquíni embaixo.
- Ta, vou fazer assim também, mas se eu passar calor vai ser culpa sua.
- Tá, chatinha
Descemos e fomos caminhando até o outro lado do campus onde ficava a praça com o lago.
- Sophie eu estou com calor...
- Jullie, já vamos chegar espere mais um pouquinho - Ela bufa continuamos andando - Não reclame, não é você que está carregando este troço gigante e pesado.
- Mas eu estou levando esse mochila que está pesada Okay? Ouvir você falando assim parece até que eu não fasso nada, que eu sou uma insig... - Confesso que estava me irritando com as reclamações de Jullie. Ela é uma ótima pessoa e companhia, mas caminhar e fazer exercícios físicos não eram seu forte. Para impedi-la de continuar a falar a beijo, um beijo que pela minha percepção de namorada, foi um daqueles de tirar o fôlego. Ela prontamente retribuiu na mesma intensidade - Sophie... - Diz assim que falta oxigênio em nossos pulmões e interrompemos o beijo - Ótimo jeito de me fazer calar a boca.
Rimos e continuamos a andar.
Ao chegarmos deixamos o violão encostado em uma arvore que ficava as margens do rio, tiramos nossas roupas e pulamos na agua. Ficamos na água por duas horas, até nossos dedos murcharem e o estômago de Jullie dar sinal de vida. Tiramos da mochila uma toalha de piquenique quadriculada e algumas comidas e bebidas como água, a latinha de Coca-Cola de Jullie, salgadinhos, uma maçã, biscoitos recheados, etc.
- Isso vai ser nojentamente foda, olha só... - Eu a olho atentamente e ela solta um arroto que como a mesma disse, foi " nojentamente foda ".
- Ah, isso não foi nada amorzinho, isso sim que é um arroto - Digo bebendo uma água com gás e arrotando tão alto quanto ela - Tá agora chega, isso tá ficando nojento demais - Digo rindo logo seguida por ela
- Você não está ficando com frio?
- Não - Minto. A verdade era: sim, eu estava congelando, um vento leve batia em meus braços desnudos me deixando arrepiada, mas frio queima a gordura e eu já havia comido demais no café da manhã/almoço. Desde os meus doze anos venho tomando banhos frios, apenas em caso de estrema necessidade aproveito a água quente.
- Seus lábios estão roxinhos, melhor você se vestir, aliás já está quase anoitecendo e não vamos mais entrar no lago - A preocupação que Jullie tinha por mim era magnífica. Nem minha mãe me cuidava como ela.
- Okay - Respondo já pegando minhas calças e as vestindo.
- Toca alguma coisa pra mim.
- Qual música?
- The A team, o que acha?
- Pode ser.
Sentia vergonha, nunca cantei e toquei para alguem, mas era Jullie, a pessoa que mais gosto no mundo inteiro.
- " White lips, pale face
Breathing in snowflakes
Burnt lungs, sour taste
Light's gone, day's end
Struggling to pay rent
Long nights, strange men

[...] And we're all under the upper hand
And go mad for a couple grams
And we don't want to go outside tonight
And in the pipe fly to the motherland
Or sell love to another man
It's too cold outside
For angels to fly
Angels to fly, fly, fly
For angels to fly, to fly, to fly
For angels to die - Termino
- Sophie, você toca e canta muito bem amor.
- Obrigada, eu nunca toquei ou contei pra ninguém...
Sorrimos e nos beijamos. Ficamos naquele clima romântico até as sete da noite, quando já estávamos cansadas e fomos para nosso quarto.
Entramos no quarto rindo por conta da piada idiota de Jullie. Abro a porta em um solavanco, o que vejo dentro de nosso dormitório é doentio: haviam algumas coisas quebradas, pelúcias em forma de coração espelhadas pelo lugar e na parede uma mensagem:

" Meu amor, agora não falta muito, logo estarei com você para sermos felizes. Desculpa, algumas coisas quebraram, mas eu só queria deixar a minha marca. Olhe em volta, deixei alguns presentes para você sempre se lembrar de mim. Eu te amo, logo estaremos juntos.
De seu amado: Storm"
- Oh meu Deus... - Jullie fala extasiada pelo que vê
- O que você acha de contarmos a diretora agora? - Perguntei
- É... Claro, acho que devemos levar as outras duas cartas. Você guardou não é?
- Óbvio - Obrigo minhas pernas a se moverem e pego as duas folhas que se encontravam dentro de um caderno. Corremos para a diretoria como se nossas vidas dependessem daquilo.
- Diretora- Falamos juntas
- Acalmem - se meninas - Diz a senhora de meia idade, magra e com um óculos de gatinha - Sentem - se é me expliquem o que aconteceu
Explico tudo a ela, desde a primeira carta até aquele momento.
- Posso ver as cartas? Elas estão aqui com você?
- Sim, aqui - Digo e lhe entrego
- Bem... - Diz lendo as cartas atentamente - É meninas boas não fazem isso? O que você fez Sophie? E... Namorada?
- Bem... É...
- Eu e a Sophie namoramos Sr. Lisa. No dia que recebemos a carta... Bem... Enfim, acho que a senhora entendeu.
- Sim, eu intendi - Disse mudando sua expressão doce e suave para uma completamente diferente: ela mostrava desdém e nojo - Desculpe não posso fazer nada sobre isso, se vocês já acabaram, por favor podem se retirar, tenham uma boa noite.
Jullie e eu nos olhamos claramente confusas com o acontecido e nos retirarmos da sala da diretora.
- Você viu ela mudou da água para o vinho, que estranho... Será que é algum tipo de transtorno de personalidade?
- Sophie você é muito ingênua, isso não é transtorno nenhum, é falta de cérebro, falta de evolução, isso é mais de um dos vários casos de homofobia. Essa mulher também não vai com a cara do Oliver só porque ele resolveu se assumir publicamente.
- Ah, mas tem certeza? Eu acho que não era isso...
- Sophie, deixa de ser ingênua!
- Tá mas o que vamos fazer? Voltar para o quarto como se nada tivesse acontecido? Chamar a polícia?
- Não sei se esse caso seria de polícia. Soph, estamos cansadas, vamos deixar isso para amanhã? Precisamos de um banho e cama.
- Tudo bem, mas precisamos tomar uma providência urgente.
- Okay amor, de amanhã não passa - Diz me dando um beijo castro nos lábios
- Tá, vamos.
Entramos no quarto, recolhemos as pelúcias, limpamos a parede e pegamos os cacos de vidro do chão.
- Acabo, ce quer ir primeiro no banho? - Jullie pergunta
- Pode ser, já volto
Tomo banho calmamente, desligo o chuveiro, quando estava me enrolando na toalha ouço um barulho, uma batida.
- Jullie - Grito do banheiro - O que houve? - Espero mais um pouco e não obtenho respostas - Jullie - Grito novamente.
Como ninguém havia me respondido me preocupei. Coloquei um camisetão do Batman com uma meia três quartos e saí do banheiro. Jullie está caída no chão desacordada. Me desesperei e fui ao seu encontro
- Jullie - Gritava - Jullie
A chamava diversas vezes sem obter respostas até que sinto um pano úmido em meu rosto, tento trancar a respiração mas já era tarde demais, vejo pontos pretos por todos os lados, até finalmente perder a consciência e meu corpo desmoronar sobre o de meu amor.

Olha quem aqui! Desculpa a demora para postar e muito, muito, muito obrigada por todos os novos votos. Estou tentando recompensar vocês com um capítulo grande, não sei se funcionou, rolou? Para nao dizerem que eu sou uma autora vaca que deixa seus leitores curiosos por uma semana ou mais, vou postar o capitulo 17 na sexta, ou mais tardar no sabado. Enfim, esse capítulo como puderam ver/ler precisou ser bem elaborado para que saísse como eu esperava, além de ser um capítulo essencial para o desenrolar da história. Bom, estou enrolando demais, leiam e se gostarem, votem, comentem muitoooooo, e adicionem a biblioteca. Beijos meus amores, até o próximo.

Por você (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now