Capítulo 7 (REVISADO)

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- Oliver, a purpurina subiu ao seu cérebro? - Pergunto.
- Aí gente, é só pra dar uma animada. É só um beijo. Vocês falam, como se a sua língua - Aponta pra mim -, nunca tivesse entrado na boca dela. - Diz apontando para Jullie.
- Tá, mas é diferente, Oliver - Jullie se pronuncia.
- Amores, não fazia nem uma hora que a Sophie havia chego e vocês já haviam se beijado, agora pelo menos já tem uma certa... "Intimidade". - Oliver, fala fazendo aspas com os dedos. - Vamos logo, é só um jogo.

Jullie e eu nos olhamos. Como ela esta ao meu lado, nos aproximamos um pouco até podermos sentir a respiração uma da outra. Jullie, leva uma mão há minha bochecha, que logo escorrega para minha nuca. Faço o mesmo com a minha mão, a levando a bochecha dela e lá deixando delicadas carícias. Ela fecha os olhos com essa sensação, com toda coragem reunida, em apenas um ato, colo nossas bocas. Sentia falta daqueles lábios macios juntos ao meu. Ju, com toda delicadeza possível passa a acariciar minha língua com a sua. Sinto sua mão, que antes estava livre, tocar minha cintura levemente nua. Seu toque me arrepiou e pude sentir o pequeno choque de seus dedos em minhas costas. Logo o ar se fez preciso, muito contrariada terminei o beijo com um selinho demorado e quando íamos finalmente nos separar Jullie deu uma leve mordiscada em meu lábio inferior.
- Nossa, vocês até que estão animadinhas para quem não queria beijar em! - Diz Tony.
Depois de eu e Jullie nos beijamos, achei que ficaria um clima estranho, mas estava ridiculamente errada, estava tudo como sempre: zoações, piadas, malícias e todas as bobagens que sempre falávamos.
Depois de eu ter que dançar o Ragatanga, Jullie imitar uma Hiena no cío e Tony ter que beber meia garrafa de vodka no peito de Oliver, eu e Jullie fomos para o nosso quarto.
- Então.... - Jullie começou - O que achou da tarde?
- Ótima... E você, o que achou?
- Foi tudo... Cor de rosa.

Rimos.

- Pronta pra amanhã? As aulas irão começar.
- Estou em um misto de medo e ansiedade.
- Mas por que o medo? - Ela pergunta sentando na cama.
- É que... Bem, nunca é bom ser a "novata" - Digo, já me acomodando ao seu lado.
- Não se preocupe, os alunos daqui não são os melhores, mas não são do tipo que destratam a novata no primeiro dia. E acima de tudo, eu estou aqui com você, nada vai acontecer.

Sorrio de lado e a abraço. Sinto aquele mesmo choque percorrer minha espinha quando suas mãos entram em contato com a minha pele e meus pelos se arrepiam de um jeito delicioso. Jullie, se afasta um pouco e gruda nossas testas.

- É... Eu posso? - Pergunta.
- Fique a vontade.
Sem esperar mais nenhum minuto, juntamos nossos labios. Nunca irei me cansar do modo como Jullie acaricia minha língua com a sua. É mágico. Por instinto, minha mão foi parar em sua nuca, dando leves puxões em seus fios. Ela com uma mão em minha cintura, apertando o local e a outra em minha bochecha. Logo, o beijo tomou mais força, apenas puro desejo.
- É... Bom... Isso foi... - Ju, tentou dizer ofegante.
- Isso foi ótimo.- Completo.
- Isso foi maravilhoso.
- Isso foi mágico.
- Isso foi perfeito. - Ela diz por fim. Ficamos um dez segundos caladas e logo depois começamos a rir.
- Que... Diferente. - Digo
- Como assim diferente?
- Tipo, se isso acontecesse com outras pessoas, digo, do sexo oposto, normalmente depois do beijo ficaria aquele ar de constrangimento. Mas, com você, tudo flui de uma maneira diferente.
- Mas isso é bom ou ruim?
- Como você mesmo disse: "Isso é maravilhoso"
- Sabe - Ela diz corando -, eu gosto de você.
- Ju, eu também gosto de você.
- Não, não desse jeito. Eu quero dizer que eu gosto tipo, mesmo de você.

Não sei o que fazer. Estou tremendo e minhas bochechas devem estar fortemente coradas. Minha única solução, foi voltar a beija - lá. Eu também gosto dela, apesar de te-la conhecido a pouco tempo, eu gosto do seu jeito e seria apenas questão de tempo para me apaixonar.

- Eu... Eu também gosto de você, tipo mesmo.
- Mas... Já que eu gosto de você e você gosta de mim, o que feremos?
- Não sei, apenas gosto da sua companhia, de estar com você, você me faz bem.
- Tá, preste atenção: já que eu gosto de você e você gosta de mim, podíamos tipo, nos dar um tempo para nos conhecermos melhor, e talvez desse "gostar", possa nascer uma paixão, então poderíamos ficar juntas. O que acha?
- Bom, por mim tudo bem, gosto de você, e para mim, é isso que importa.

Ficamos ali, nos beijando, por mais alguns minutos, até eu perceber que já havia se passado horas desde que saímos do quarto de Oliver.
- Ju, amanhã temos aula, temos que tomar banho e dormir.
- Tá, tudo bem, pode ir primeiro.
Fui até minha gaveta, de lá retirei minhas meias três quartos, um blusão rosa e uma lingerie verde agua. Levei tudo para o banheiro e lá me banhei. Saí já vestida, Ju estava terminando de ler seu livro.
- Deu, pode ir tomar seu banho - Digo
- Nossa! Você tá linda.
- Obrigado. - Assim que termino de agradecer, um trovão invade os céus e eu dou um pulinho.
- Calma, baixinha - Jullie, ri.
- Se acalme Sophie, é só um trovão, não vai te machucar - Sussurro a mim mesma.
- Espera, você tem medo de raios?
- Eu? Medo? - Disse dando uma risada falsa, que mais pareceu um gemido. - Eu não tenho medo!
- Sophie, você sabe que pode me contar tudo não sabe? Sabe que pode ser você mesma comigo.
- Tá bom, eu tenho medo de raios, na verdade é um trauma, mas eu não tô preparada para contar isso, não agora. - Digo com a voz abatida.
- Okay, sem problema. Bom, eu vou tomar banho, fica bem aí e não surta.

Jullie, entrou no banheiro e eu me deitei. Coloquei um dos fones no volume máximo e tentei deixar a música me envolver enquanto meu cantores favoritos declamam suas obras ao meu corpo. Meus olhos estavam ficando pesados, por conta do sono que já se aproximava, até que um trovão de maior proporção invade os céus e cai em um lugar próximo ao prédio da escola.
Logo me veio a lembrança que mais tento esquecer, mas que nunca irá se apagar de minha memória. A lembrança que fica na parte mais obscura e profunda da minha alma. Minha cabeça doí, meu olhos ardem pelas lágrimas que me recuso a deixar rolar.
- Sophie, para! - Ouço Jullie gritar.
Apenas neste momento percebo o meu estado: estava sentada na cama, rosto vermelho pelas lágrimas e meus braços sangrando devido as minhas unhas compridas que o arranharam.
- Sophie, por que? - Ela pergunta sentando na cama.
- Era uma noite como essa: trovões, raios e chuva. - Comecei já com água nos olhos. - Minha mãe, havia se separado do meu pai então ela levava seus namorados pra me conhecer. Bom, como sempre, ela fazia um jantar para nos apresentar, mas depois, por causa da chuva, ele ficou para dormir com ela. Eu era apenas uma criança, tinha apenas dez anos, de madrugada ele entrou no meu quarto dizendo para mim ficar quieta que iria ficar tudo bem, então ele... ele me estuprou - Disse por fim, deixando as lágrimas rolarem.
- Sophie... Eu... Eu não sei o que dizer. Vem, me abraça - Jullie diz, com os olhos marejados.
- Eu nunca disse isso pra ninguém. Parece que eu sou suja. Minha mãe nunca soube disso, quando ela finalmente terminou com aquele monstro, se casou com o meu padrasto. Tinha medo que ele fizesse o mesmo que o outro, mas não, ele é um homem maravilhoso.
- Desculpa. Eu não fazia idéia. Eu nunca faço idéia. Mas... o seu braço, ele não merece seu sangue, não merece seu sofrimento, ele é um monstro.
- Desculpa ter mentido pra você quando me perguntou se eu era virgem.
- Sophie, cala boca, você acha mesmo que eu iria ficar braba com você? Naquele momento eu era um desconhecida.
- Okay.
- Tá, mas agora esquece isso. Ele nunca mais vai encostar em você. Vem, vamos limpar esses cortes.

Ju, levantou e pegou a caixinha de primeiros socorros e trouxe até mim.

- Dói? - Ela perguntou pagando meu braço e passando uma gaze molhada com algum remédio.
- Não. Jullie... Você, não fica com nojo de mim por isso?
- Claro que não! Não foi culpa sua. Você é uma das muitas vítimas de estupro pelo mundo todo.
- Mas e pelos cortes?
- Sophie, eu tenho uma irmã, o nome dela é Cloe, hoje ela tem dezoito anos. Ela também se cortava, mas não pelos mesmos motivos que você, mas por algum que nem eu mesma sei até hoje. Bom, não tenho nojo, sei que você não faz por que quer e sei que não se orgulha disso. Apesar de tudo isso, Sophie, por favor, quando sentir vontade de se cortar me chame, conte até cem, vá dar uma caminhada mas por favor tente se controlar em relação a isso. Eu te adoro e não quero que nada de ruim te aconteça.
- Obrigado, por tudo. Você é muito importante para mim.
- Você também, por isso que não quero que nada de ruim te aconteça - A chuva aumenta e com ela chegam mais raios - Shh, calma vai ficar tudo bem, nada vai te acontecer.
- Okay, é apenas chuva - sussurro.
- Deu. - Jullie coloca um curativo e deita comigo em minha cama - Posso ficar?
- Claro - Digo. Jullie aproxima seu rosto do meu e cela nossos labios. Adorava sentir sua boca macia com a minha. Em momentos, parecia que beijava uma nuvem. Sua língua dançava um ritmo sensual em minha boca. Quando o beijo cessou, Ju me da um selinho - Boa noite.
- Boa noite - Digo me acomodando na cama. Coloco minha cabeça perto de seu pescoço e ela me abraça. Durmo inalando seu perfume suave enquanto sinto sua pele colada com a minha e seus dedos brincando com meus fios de cabelo.

Oie meus amores! Eu particularmente adorei esse capítulo, desculpa se tiver algum erro, revisei rápido demais e pode ter passado alguma coisa. Deixem comentários, likes, adicionem na biblioteca e quem gostar compartilha com o mundo. Beijos.

Por você (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now