- Obrigado - disse, guardando o telemóvel no bolso.

Fiquei na sala por mais alguns minutos, perdido nos meus próprios pensamentos. Era impossível não pensar em como os dias tinham mudado desde que a conheci. Cada conversa, cada pequeno detalhe parecia trazer algo novo à minha vida, algo que eu não sabia que estava a faltar.

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LUNNA REYES

Eu estava prestes a sair da sala quando olhei para trás e vi Miles. Ele parecia perdido nos pensamentos, com o olhar fixo em algum ponto distante. Havia algo nele que prendia a atenção. Não era apenas a sua presença calma, mas também o contraste entre o seu rosto focado e a energia que transmitia ao tocar guitarra.

Enquanto ele ajustava as mangas do casaco, vi mais claramente a tatuagem no seu braço - uma cobra negra intricada que se enrolava de forma elegante, quase ameaçadora, como se guardasse algum segredo. Fiquei fascinada. Não era só a tatuagem, era o conjunto: os músculos discretamente definidos, o jeito como ele movia os dedos, como se estivesse sempre em sintonia com alguma melodia interna.

Sem perceber, estava a reparar mais do que devia. Os traços do seu rosto eram marcantes, mas não exagerados - os olhos claros contrastando com o cabelo escuro e a linha forte da mandíbula que parecia tensa, mesmo quando relaxado. Havia uma intensidade nele que era difícil ignorar.

Balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Concentra-te, Lunna. Mas algo no jeito como ele parecia alheio ao mundo fez-me hesitar antes de sair. Será que ele estava a pensar em algo importante? Ou alguém?

Miles ainda estava distraído, os olhos castanhos fixos no vazio, quando o chamei sem pensar muito.

- Miles?

Ele virou-se para mim, intrigado, mas sem pressa, como se estivesse a sair de uma espécie de transe.

- Sim?

Eu hesitei por um segundo antes de perguntar:

- Queres ir a algum lugar? Estamos livres agora, não?

Ele pareceu surpreso com a pergunta, mas depois sorriu, um sorriso pequeno e calmo.

- Por que não? Deixa-me só fechar tudo aqui.

Observei enquanto ele apagava as luzes e trancava o bar. Arrumou a guitarra elétrica e pegou na guitarra acústica, colocando-a cuidadosamente numa mochila, e, juntos, saímos para as ruas iluminadas de Los Angeles.

A cidade tinha um brilho próprio à noite - uma mistura de luzes artificiais e o brilho suave da lua que espreitava entre os prédios. Caminhávamos sem um destino definido, apenas a conversar sobre coisas simples, como as ruas que ele conhecia de cor e as minhas primeiras impressões da cidade.

- Então, estás a gostar de viver aqui? - perguntou, olhando de lado enquanto mantinha o passo ao meu lado.

- Sim... É um pouco caótico, mas tem o seu encanto - respondi. - E tu? Sempre viveste aqui?

- Sim - disse ele, num tom mais reservado. - Mas às vezes pergunto-me como seria viver noutro lugar. Talvez mais calmo.

Continuámos a caminhar até que tropeçámos num pequeno lago, escondido entre as árvores de um parque. A água refletia a luz da lua, criando um cenário que parecia saído de um filme. Miles parou, olhando para o lago por um momento antes de se sentar numa das pedras próximas.

- Este lugar é bonito - murmurei, sentando-me ao lado dele.

- Sim - concordou ele, colocando a guitarra no colo, embora não a tocasse. - Venho aqui de vez em quando. É bom para pensar.

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⏰ Last updated: Nov 25, 2024 ⏰

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