MILES GREMS
O bar já estava silencioso, e Diego tinha saído há alguns minutos. Eu estava sozinho na sala de prática, ajustando as cadeiras e afinando a minha guitarra elétrica. O silêncio era confortável, mas a minha mente estava ocupada. Pensei em Lunna - na forma como ela parecia tão ansiosa na primeira aula, mas ao mesmo tempo tão determinada. Era intrigante.
Enquanto ajustava o som do amplificador, ouvi passos leves. Olhei para a porta e lá estava ela, com o seu casaco preto e cabelo vermelho escuro caindo pelos ombros. Lunna parecia menos tensa hoje, com um sorriso tímido no rosto.
- Pronta para a segunda aula? - perguntei, tentando esconder o quanto a sua presença parecia iluminar o ambiente.
- Pronta - respondeu ela, entrando na sala e colocando a mochila num canto.
A aula começou e, para minha surpresa, ela estava bem mais solta. Lunna pegou na guitarra com mais confiança, seguindo as minhas instruções sem hesitar tanto. Até fez uma piada quando errou um acorde, rindo de si mesma. A sua risada era baixa e contida, mas tinha algo nela que me fazia querer ouvi-la de novo.
Depois de terminarmos a prática, sentei-me ao lado dela, apoiando a guitarra no suporte. "Acho que estás a melhorar," disse com sinceridade.
Ela sorriu, ajeitando uma mecha de cabelo.
- Acho que estou a ficar menos nervosa contigo a olhar para mim o tempo todo.
Dei uma risada.
- Não tens de ficar nervosa. Estou aqui para te ajudar.
- Eu sei - respondeu ela, baixando os olhos por um momento. Depois, olhou para mim e perguntou - Como foi o teu dia?"
Foi inesperado, mas genuíno. Contei-lhe sobre o ginásio, sobre Diego e o quanto ele parecia ser uma boa adição ao bar. Ela ouviu tudo com atenção, fazendo perguntas ocasionais. Em troca, contou-me sobre as aulas na universidade e sobre como tinha conhecido uma rapariga nova, Mary, que também era gótica e tocava piano.
A conversa fluiu com uma facilidade surpreendente. Não era algo que eu estava habituado - partilhar partes do meu dia com alguém assim. Quando a aula terminou e ela se levantou para ir embora, senti uma pontada de desapontamento.
- Até à próxima aula - disse ela, acenando antes de sair pela porta.
Assim que Lunna se levantou para ir embora, algo em mim reagiu impulsivamente. Eu não queria que a noite terminasse tão rápido.
- Lunna - chamei antes que ela alcançasse a porta. Ela virou-se, os olhos curiosos, como se não esperasse que eu dissesse mais nada.
- Sim? - perguntou, com o casaco já na mão.
Hesitei por alguns momentos. Eu não era exatamente bom com este tipo de coisa.
- Estava a pensar... queres ficar mais um pouco?"
Ela arqueou uma sobrancelha, confusa. - Por quê?
Dei de ombros, tentando parecer casual.
- A conversa estava boa. E talvez... fosse mais fácil marcarmos as próximas aulas se eu tiver o teu número.
Ela ficou em silêncio por um momento, como se processasse a ideia. Depois, um pequeno sorriso apareceu no canto dos lábios.
- Claro.
Tirei o telemóvel do bolso e entreguei-lho.
Assim que a Lunna digitou o número no meu telemóvel e o devolveu, senti-me inesperadamente leve. Foi estranho - eu não era o tipo de pessoa que pedia números ou prolongava conversas, mas com ela parecia natural.
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Strings of Connection
Romance(Eu ainda estou a editar, então haverão diversas mudanças) Lunna mudou-se de Portugal para a Califórnia em busca dos seus sonhos de se tornar escritora e explorar a sua paixão pelo canto. Contudo, o peso da solidão de uma nova vida faz-se sentir, se...
