- Larga dessa vadia sanguessuga antes que ela te mate – disse Holtz, agora Charlie tinha certeza de que era ele quem o levava, sentiu a temperatura do ambiente mudar de lugar conforme andavam.

- Mas ela é muito gostosa – respondeu Anthony.

- Isso é – concordou Holtz.

Sentiu quando eles o carregaram escada acima, não teve certeza se foram três ou quadro lances de escada. Ele se perguntou onde estaria, andaram por mais alguns passos até que Charlie foi jogado com força no chão, batendo com o ombro e novamente com a cabeça, soltando um grito abafado de dor.

- Pra esse saco de ossos até que tu é bem pesado – zombou Holtz.

Alguém segurou Charlie por debaixo do braço e o colocou sentado em uma cadeira. Charlie notou que o encosto estava quebrado, só havia metade. Ouviu passos de três pessoas na sala, nesse momento a ideia de estar em uma delegacia já fora totalmente descartada.

- O negócio é o seguinte, Charles... – disse uma voz grossa que ele ainda não tinha ouvido. – Vou te explicar apenas uma vez. Eu vou tirar a venda de seus olhos e depois a mordaça de sua boca, você não vai gritar, não vai chorar e nem falar nada sem que eu lhe de permissão. Vou te fazer uma série de perguntas e eu quero que você pense bem antes de responder, se por um acaso eu achar que você está mentindo ou tentando me fazer de bobo, as consequências para você não serão as melhores possíveis, estamos entendidos?

Charlie balançou a cabeça positivamente, é claro, acontece que no desespero e nervosismo da situação, Charlie nem percebeu que os dois homens em nenhuma hora mostraram um distintivo de identificação policial. Coisa que talvez qualquer outra pessoa teria notado, porém não ele.

O homem tirou a venda de seus olhos, ele encarou aquele homem. Era mais velho e careca, cerca de quarenta e poucos anos ou até quem sabe cinquenta. Usava um óculos aviador assim como o de Anthony, tinha um sorriso que exibia seus dentes amarelados, faltava um de seus dentes da frente, provavelmente por causa de alguma briga. Ele vestia uma jaqueta de couro marrom, usava luvas de látex pretas e segurava um canivete, cortou a mordaça de sua boca e Charlie respirou fundo. Sempre teve dificuldades de respirar apenas pelo nariz.

- Rapaz esperto – disse o homem. – Para que você não fique perdido, me chamam de Cobra, qualquer outra coisa sobre mim não lhe interessa, seu futuro dependerá dos de como você vai se comportar essa noite, e é melhor se comportar bem.

Charlie correu os olhos pelo lugar, parecia um edifício abandonado, algo como um depósito, era amplo, tinha vários barris e caixas de madeira quebradas. Logo a sua frente havia uma mesa onde Anthony usava seu celular e Holtz o observava, o teto tinha partes sem telha e o lugar inteiro cheirava a poeira e cocô de rato. Ele não estava mais amordaçado e quis gritar, porém uma força que ele não sabia de onde vinha o impediu. Se ele gritasse era capaz daquele homem enfiar o canivete na sua garganta, arrancar sua cabeça e chuta-la pela janela, ele nunca tinha visto aquele homem, porém estava mais que óbvio que ele não estava para brincadeira.

- O que você sabe sobre a sociedade do tempo? – perguntou o homem.

- Nada – foi Charlie proferir essas palavras que foi acertado em cheio no rosto pela mão fechada do Cobra. A sensação era de que ele tinha batido o carro a cem quilômetros por horas, o impacto foi tão grande que o fez cair para trás, a cadeira tombou e ele se viu no chão.

- Coloquem ele sentado – ordenou cobra, os dois homens se levantaram e ergueram Charlie novamente, colocando ele sentado na cadeira.

- Vou te dar mais uma chance – disse o Cobra. – O que você sabe sobre a sociedade do tempo?

 - Que merda – disse Charlie, cuspindo o sangue da sua boca. – Só fiquei sabendo que existia um hospício que eles administravam em Paris, ai eu fui e até e é isso, não descobri merda nenhuma.

- Claro – disse o Cobra. Andando de um lado para o outro. – Espero que esteja falando a verdade – ele pegou um alicate de uma maleta que estava no chão.

As Pontes InvisíveisWhere stories live. Discover now