Capítulo 2

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Janeiro de 2009

Clara Bennet

Chegaram às férias de inverno, fim do primeiro trimestre e o começo de um mês de descanso. Os primeiros três meses foram praticamente uma tortura psicológica. Muitas aulas, muita atividade extracurricular e eu ainda não estava conseguindo me adaptar. Talvez por falta dos meus amigos antigos e principalmente das loucuras da Laurel.

Ainda bem que acabei criando uma boa amizade com Jenna, realmente nos damos super bem e isso tem me ajudado a superar a falta que Laurel me faz. Conheci muita gente interessante no colégio e uma delas foi o Daniel. Conversamos sobre o incidente no primeiro dia de aula e acabamos nos tornando grandes amigos. Ele diz que não se lembra de mim na festa de agosto, talvez fosse melhor assim. Foi um começo bem curioso, até que às vezes lembro-me do dia da festa e ele insiste em fazer piadinhas sobre isso.

É a última semana de junho, último dia de aula. Desci rapidamente as escadas rumo ao pátio onde vou encontrar com Jenna, passei correndo pela sala do terceiro ano e nesse exato momento alguém abriu a porta esbarrando no meu ombro. Foi uma loucura. Tropecei na porta e acabei estatelada no chão. Poucos segundos depois senti mãos grandes me levantarem pelo braço, olhei para pessoa totalmente sem graça e logo minha cara se fechou.

— Tudo bem que você vive esbarrando em mim, mas tenta me dar um espaço, Clara. Esse seu amor está me sufocando. — Daniel falou rindo e tirando uma gargalhada de Tyler que estava logo atrás dele. Dei um meio sorriso envergonhada.

— Você que sempre se mete no meu caminho. Dá um tempo, seu ogro. — Dei um tapa em seu ombro e ele fez uma careta fingindo dor. — Pra onde você vai com essa pressa toda? — Ele perguntou.

— Jenna está me esperando, vou dar uma carona pra ela e ainda vou passar na casa da minha amiga Laurel, combinamos de... — Dei uns tapinhas na minha blusa que sujou quando cai e vejo que Daniel nem está prestando atenção no que eu estava falando. Dei um tapa em seu ombro desaprovando a desatenção dele.

— Ah, entendi... — Daniel fala totalmente distraído olhando pra o corredor. Acompanhei seus olhos e dei de cara com a Nicole sorrindo descaradamente. Apressei meus passos passando por ela, não era obrigada a ver essa cena ridícula de acasalamento pelo olhar em pleno corredor. Simplesmente não consigo entender esses garotos. Parece que quanto mais vadia a menina for, mas interessante ela se torna. É o cúmulo da safadeza e Daniel não tem limites quando se trata de rabo de saia. Não estou dizendo que ele é sem escrúpulo igual ao Tyler, mas também não vou parabenizá-lo por ser santo, coisa que definitivamente ele não é.

Tenho certeza que todas já passaram por suas mãos ou pelo menos boa parte delas. E porque eu estou tão incomodada com isso? O problema não é meu e eu não tenho nada a ver com esse garoto. Pelo amor de Deus, Clara, mantenha o foco. Respirei fundo ao sair do colégio. Vi Jenna encostada no portão.

— Graças a Deus. Estava pensando em te buscar e te trazer arrastada. — Ela falou com a cara emburrada. Dei uma risada alta caminhando com ela até meu carro.

Deixei Jenna em sua casa e rumei para a casa de Laurel. Ainda bem que não perdemos nosso contato, mas já tinha notado uma certa distância entre nós desde o teatro do colégio, mesmo depois de pedir um milhão de desculpas.


Flashback
Novembro de 2008

— Você precisa se envolver com alguma coisa, Clara. Seja o que for, mas você precisa de alguma atividade extra. - Jenna falava pela décima vez. Eu não queria fazer parte de comitê ou de qualquer grupo que fosse, queria só estudar e ponto final.

Aqueles OlhosWhere stories live. Discover now