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Perdoe-me Sr. Robson, diretor do colégio em que me formei e que sempre dava uma palestra de motivação no início do ano letivo, mas a palestra do Darcy foi a melhor da minha vida!
Ele começou cumprimentando a plateia com um sorriso que denotava os dentes perfeitamente alinhados, fazendo-me questionar – a julgar pelo seu humor cotidiano – se havia se graduado em alguma escola de atuação. Então, apertou o botão do objeto que controlava o slide e iniciou a palestra.
Darcy era mestre em prender a atenção de todos.
Tudo bem que as duas mulheres ao meu lado suspiravam toda vez que ele se aproximava da plateia, mas a maioria estava tão centrada em seu discurso quanto eu. Talvez pelo modo apaixonado como se ele se referia á profissão ou talvez pelas piadas que volta e meia saiam da sua boca. Meu Deus! Aquele é meu chefe mesmo? Ou algum espírito de revolucionário latino americano havia se instaurado em seu corpo?
Enfim, foi desse modo que ele conduziu a palestra durante os sessenta minutos seguintes, arrancando palmas e gritos estridentes (das minhas colegas de profissão do lado) assim que terminou de agradecer a presença de todos.

Cerca de meia hora depois, eu me levantei e voltei ao camarim para encontra-lo. Darcy recebia os cumprimentos de três homens engravatados, que pareciam ter o dobro de sua idade. Esperei que eles saíssem para ir ao encontro do meu chefe, que notou minha presença segundos antes do último homem dar um tapinha em suas costas.
Então eu me aproximei e sorri amigavelmente.
— Senhor, se me permite dizer — coloquei a mão no coração suavemente e depois a tirei — Eu adorei a palestra.
Acho que o Darcy ficou satisfeito com minhas palavras, pois, embora não tenham sido nada profissionais e ele não tenha respondido: "poxa, obrigado Julia, seu elogio é muito importante para mim", ele deu um sorriso de apenas um canto da boca, sem mostrar os dentes. Um sorriso que não durou mais de dois segundos.
— Eles vão encerrar as apresentações da manhã agora — disse — Vamos aproveitar para almoçar.
Eu assenti.
Darcy tirou o celular do bolso e colocou-o no ouvido, pedindo que o motorista estacionasse o carro em frente o portão principal do hotel. Eu franzi a sobrancelha, pois imaginei que almoçaríamos no restaurante dali.

Como suportar Oliver Darcy - COMPLETAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora