vinte e seis

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Camily

Acordei no meio da noite com meu celular tocando, esfreguei o rosto e peguei no celular

Ligação on

- alô?

- Camily - era a voz da Bruna - onde que tu tava cara? Te liguei o dia todo

- tô em casa né porra, que foi?

- em casa? Bah tu sabia que a tua mulher tá no hospital? - levantei assustada

- como assim no hospital? Oque houve com a minha neguinha?

- é no hospital, tô tentando falar com você a tempos já, oque houve eu ainda não sei, mas vem pra cá agora

- tá bom, tô indo - desliguei a ligação

Ligação off

Sai da cama correndo e tomei um banho de gato rapidão, sai já me secando e coloquei qualquer roupa que vi pela frente, peguei minha carteira junto com a chave do carro e meus documentos, mandei mensagem pra Bruna perguntando se os documentos dela estavam lá e ela disse que sim então eu corri pro hospital, fui tão rápido que nem sei como não fui presa

Nem as caras no hospital eu podia tá botando, mas a minha mulher é muito mais importante

Cheguei lá e pra minha sorte os seguranças não estavam lá na frente então eu consegui passar direto, guiei pro balcão e perguntei sobre ela, a mulher me falou o quarto dela e eu fui

Cheguei na frente e nem bati na porta, já fui entrando logo e dei de cara com a mãe da Marya

Camily - nega, como tu tá? - ignorei a mulher que me encarava com olhar de morte e fui até a Marya

Marya - tô melhor agora, mas queria a sua ajuda quando eu precisei

Catiana - é né, a mãe dela teve que ir até aquela favelazinha cheia de gente mal educada pra poder trazer ela pro hospital, enquanto a irresponsável com quem eu deixei ela morar, estava de ressaca da farra

Marya - mãe, menos, bem menos - revirou os olhos

Catiana - menos nada Marya, falei pra você não namorar essa favelada, falei pra casar com o filho do meu pastor, mas não, você preferiu seguir o pecado e olha aqui agora, tá grávida de uma pescadora

Marya - MÃE, eu nem gosto de homen e outra eu sou feliz com a Camily, e não vivemos num pecado

Catiana - feliz com ela? E onde ela tava quando você passou mal e quase perdeu esse bebê? - só de ouvir essa palavra o meu peito apertou

Camily - tu quase perdeu o meu filho? - me aproximei dela

Catiana - sim, se você não estivesse tão drogada, que provavelmente era oque estava já que esse povo de favela só faz isso, você saberia

Camily - oh dona, cala a boca pô, e me dá licença que eu quero conversar com a minha mulher

Catiana - eu não vou sair de perto da minha filha

Camily - quer sair na moral, ou do meu jeito? - levantei um pouco da camisa amostrando a arma na minha cintura, ela gelou e saiu da sala junto com a Bruna

Marya - não precisa fazer isso preta

Camily - tu sabe que eu não tenho paciência com ela nega

Marya - mas não precisa tratar a minha mãe assim poxa - ficou de bico

Camily - desculpa nega, não faço mais pô - ela concordou com a cabeça - me conta oque houve contigo pô e o porque dela tá aqui

Marya - oque aconteceu comigo foi, que depois que a gente meio que brigou lá na sua casa, eu voltei pra minha e comecei a ter uma crise de ansiedade, aí a minha pressão caiu também e eu desmaiei, como eu tava sozinha, fiquei horas desacordada até a Bruna chegar, me trazer problemas hospital, aí eu acordei e minha mãe já tava aqui, segundo ela, ela tava buscando umas encomendas aqui no Rio pra loja dela e resolveu passar lá em casa, ela e a Bruna chegaram no mesmo instante, então ela me trouxe pra cá de carro

Camily - pô nega, desculpa papo reto mermo, vacilei legal contigo - esfreguei a mão na testa frustrada - e o neném? Como tá nosso bebê?

Marya - ele tá bem amor, mas se eu ficasse mais tempo desacordada em casa, eu provavelmente perderia ele - falou triste

Camily - graças a Deus isso não aconteceu, eu não aguentaria perder outro filho - bufei de alívio e ela me olhou torto

Marya - como assim outro? Esse não é seu primeiro filho? - "falei demais, puta que pariu"

Camily - então nega - cocei a nuca - tu tá ligada que eu tenho uma história com a Fernanda né, e quando nois tava junto, ela engravidou, ela tinha 16 anos só, mas nois tava felizona, principalmente eu, era um sonho se realizando papo reto, mas aí ela "perdeu" o bebê - fiz aspas com a mão

Marya - amor, porque não me falou isso antes? Isso é muito sério preta, e porque as aspas?

Camily - porque ela não perdeu o bebê, descobri ontem que foi a mãe dela que a obrigou a abortar o meu filho, por isso eu bebi e fumei pra caralho, queria esquecer disso e esfriar a mente

Marya - oh preta, tinha outros jeitos de resolver isso, ainda mais com uma coisa tão delicada assim pra tu

Camily - eu sei nega, desculpa pô - dei um selinho nela que retribuiu com outro selinho

Marya - acho que essa briga foi longe demais, volta pra casa preta, por favor

Camily - tu promete que vai confiar em mim pô?

Marya - eu confio preta, só tava cheia de coisa na cabeça e agi  sem pensar, mas agora não vou mais fazer isso, prometo

Camily - beleza então pô, vou levar tu pra casa e depois mando os muleque ir lá buscar minhas coisas

Marya - tá bom amor - dei um beijo nela - e a Fernanda?

Camily - agora tu quer saber dela né? - falei rindo e ela revirou os olhos rindo - ela tá bem pô, e o filho não é meeeeeu - ri e ela também - é de alguém lá, e a filha da puta da mãe dela quer controlar a porra da menina de novo e fazer ela abortar

Marya - credo que horror preta

Camily - sim, essa mulher é o próprio diabo na terra - bufei - queria ver contigo, se alguma amiga tua pode abrigar ela pô, não quero deixar ela sozinha, tenho medo da mãe dela fazer alguma coisa pro filho dela

Marya - eu vejo sim amor, tô morrendo de ciúmes mas é por uma causa maior - concordei com a cabeça

Ficamos nos resolvendo por maior cota, eu ia voltar pra casa finalmente

Quando ela levou alta eu saí com ela sem nem dar tchau pra Catiana, só chamei a Bruna e deixei ela em casa, depois guiamos pra nossa casa

"Nossa casa" amo falar isso

Tomamos um banho cheio de chamego e depois fomos dormir



Continua




O vagabundo e a damaWhere stories live. Discover now