Capítulo III - A conversa

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"A vantagem de brincar com fogo é que se
aprende a não queimar-se."

MASKY POV'

           Eu sabia que Timothy não seria capaz de cumprir essa missão. Como sempre. Ele é sempre muito fraco, sempre muito sentimental e ignorante. Ele não entende como esse jogo funciona. Tudo será mais fácil desde que eu esteja no controle, e ele não vai lembrar de nada que acontecer aqui. Não se sentirá culpado se ela não conseguir sair ilesa. Mas com certeza ele não irá gostar.

           E eu quero é que ele se foda. Esse corpo é tão meu quanto dele, e eu tomo as rédeas da situação quando eu bem entender. Ele gostando ou não. Pensar em como Timothy lidaria com essa situação, já não era mais problema meu.

           Caminhei tranquilamente pelo corredor escuro, como se soubesse exatamente onde ir. E sabia. A casa era pequena, no máximo tinha quatro cômodos e eu podia ser guiado facilmente pelo assobio da chaleira, que não se encaixava com a sintonia da chuva que finalmente estava dando uma trégua.

           Passou-se um bom tempo desde que chegamos aqui. Agora já posso ver os pequenos vestígios do dia amanhecendo.

           Não demorei para encontrar a porta da cozinha, e ao alcancá-la, eu me escorei no batente da porta. Sentindo uma certa tontura. Maldito Timothy, precisava mesmo ter entrado em outra briga com o filho da puta do Jeffrey. Desgraçados. Meu corpo ainda estava um pouco fraco.

         Talvez eu não tivesse tanta força para arrastá-la contra sua vontade. Ainda não. Então me certificaria de ganhar algum tempo, afinal ela deve estar cansada.

         Ainda apoiado na porta, observava Maya que estava distraída demais para notar minha presença. Movendo-se com graça pela cozinha, enquanto terminava de organizá-la e de preparar o chá. Era camomila, eu odeio camomila.

           Ela dançava pela cozinha, eu tinha certeza que ela estava apenas caminhando, mas aos meus olhos ela parecia dançar suavemente. Seus cabelos balançavam para lá e para cá, e era adorável. Eu poderia facilmente me aproximar. Ela não notaria. Eu poderia agarrá-la pelos cabelos, bater sua cabeça contra a bancada de pedra da cozinha e esperar que ela ficasse inconsciente.

         Talvez eu pudesse sufocá-la até ela desmaiar, mas seu pescoço parecia tão frágil que eu tinha medo de quebrá-lo. Mas seria ótimo ver minhas mãos marcadas no seu pescoço fino. Minhas mãos são grandes o suficiente para contornar toda sua garganta. E a sua pele é tão pálida que eu tenho vontade de ver como ficaria com qualquer marca minha.

— Você está bem? Parece preocupado. — Maya me tirou das minhas distrações. Quando foi que ela me percebeu ali?

         Ela já havia servido o chá, e inclusive se sentado na pequena mesa de jantar. Ela olhou para mim com um sorriso gentil. Caminhei até ela em passos lentos, ponderando minhas próprias decisões, e em um piscar de olhos já estava sentado também, de frente para ela.

— Você quer açúcar no seu chá?

— Não, obrigado, Maya. Está perfeito assim. — O gosto seria péssimo de qualquer jeito.

         Ela logo me entregou a xícara de chá e eu tomei um gole cuidadoso, sentindo-o descer queimando minha garganta. Evitei demonstrar o desgosto em meu rosto. Odeio chá. Odeio camomila. Merda.

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⏰ Last updated: May 09 ⏰

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Caos - As duas faces do diaboWhere stories live. Discover now