XVII

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18 de agosto de 1917

Pequeno Heath, Birmingham

"Ada! Abra a porta!"  Polly gritou.

"Estou ocupado!"

"Eu também! Dando a porra do banho no seu irmão!"  Polly olhou furiosa para Finn.  Ele encolheu-se sob o olhar dela, tinta escorrendo pelo rosto e pescoço e manchando sua pele.

"Desculpe, tia Pol", disse ele timidamente.  "Não sei se era permanente."

"É tintura de cabelo, Finn," Polly revirou os olhos.  "Porque é permanente. De quem foi a ideia brilhante, hein? Isaiah? Peta? Ou foi de Gilly?"

Finn manteve a boca firmemente fechada, sabendo que você não delata seus amigos, mesmo que isso significasse fazer a coisa certa.  Os Shelby eram leais àqueles que significavam algo para eles.  Seus amigos significavam alguma coisa, eles eram seus irmãos em todos os sentidos que contavam, sem compartilhar sangue.  Embora Finn também nunca admitisse que os quatro tinham um pacto de sangue para sempre protegerem um ao outro.  Mesmo que isso significasse que um deles aceitou o fim bruto por alguma ideia boba.

"Meu dinheiro está em Peta", Polly despejou mais água oxigenada em uma tigela com bicarbonato de sódio.  "Vendo como foi tolice pintar o cabelo. Você parece um Shelby na cara, não há necessidade de tentar se parecer com o Tommy também."

"Foi ideia minha."

"Isso é mentira e você sabe disso."

A batida na porta voltou e Polly se virou.  "Abra a porra da porta, Ada!"

"Eu disse que estou ocupado!"

"Ocupado com o quê!"

"Masturbando-se!"

Polly fechou os olhos, inalando.  "Jesus Cristo!"  ela se levantou, saiu furiosa do quarto e bateu a porta de Ada.  A fumaça deixava entrar o ar e um longo cachimbo estava colocado na lateral.

"Pol!"  Ada tentou encobrir, mas foi mais rápida.

"Pensei ter te contado que não tinha mais ópio", disse Polly, arrancando o cachimbo e o saco de pasta.

"É só para mim, nervosismo!"

"Que nervosismo? Você quase não faz nada do jeito que está! Você não conseguia nem passar mais de uma hora no curso de enfermagem sem sair porque estava entediado! Abra a porra da porta, Ada. AGORA!"

"Deus!"  Ada chorou enquanto saía do quarto e descia o corredor.  "Você é sempre tão duro!"

"Você tem sorte de eu não ser como sua mãe, senão eu teria batido na sua boca há muito tempo!"  Polly bateu a porta e voltou para Finn.

Ele tinha sido um bom menino, obviamente percebendo que também estava do lado ruim dela, fazendo-os gastar dinheiro que não precisavam para consertar a bagunça monstruosa de seu cabelo.  Ele já havia aplicado a pasta na cabeça para ela.

“Deixe até secar”, disse Polly.

"Puta merda!"  Ada gritou.  "POLLY! POLLY VENHA AQUI! SÃO A ESPOSA E O BEBÊ DE TOMMY!"

Polly se viu descendo as escadas correndo e entrando no corredor, deslizando no chão de madeira com suas meias de lã.  Ada estava certa.

Ali, parada na porta da Water Lane número seis, estava uma linda jovem, alguém poderia pensar que ela era muito mais jovem se não fossem as curvas femininas de seu corpo por ter um bebê, um bebê que estava amarrado a uma tipoia contra seu peito,  um olhar antigo em seus olhos por ter visto demais.  Cachos rebeldes e escuros como um céu sem estrelas, olhos cortantes como aço forjado e um rosto angelical de pele de alabastro.  As fotos não lhe faziam justiça, ela era muito mais encantadora pessoalmente.

Cigarette DaydreamsWhere stories live. Discover now