Capítulo 17: Cartas do Destino

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— Vamos demorar?

Pergunto em meio a risadas, enquanto meus olhos estavam cobertos de vendas. Eu subi diversas escadas, sem nem sequer saber onde estava indo.

Senti as mãos de Daniel me apoiando para que eu mantivesse o equilíbrio, até que enfim, chegamos ao nosso destino.

— 1... 2... 3... e... — Ele começa a fazer a contagem regressiva, até por fim, a venda sai dos meus olhos.

Estávamos no topo de uma montanha em Três Luas, onde ocorria o festival astronômico da cidade. Diversas pessoas estavam juntas, famílias unidas, pais e filhos, grupo de amigos. O céu mesclava sua tonalidade azul e preta, sem sequer uma nuvem que atrapalhasse a visão. A lua brilhava na sua fase cheia e repleta de esperança, enquanto diversas estrelas compunham a obra de arte logo acima de nós.

— Isso é tão incrível! — Comento deslumbrada, vendo um show de estrelas cadentes passar por diante dos meus olhos, desenhando seus caminhos junto às demais constelações.

— Faz um pedido. — Daniel diz ao meu lado, e a luz da lua iluminava seu rosto perfeitamente.

— Eu desejo que você fique comigo para sempre. — Respondo, apesar de ter sido o mais clichê possível.

Daniel se aproxima de mim, e por um momento, aquele momento é só nosso. Como se nada mais existisse, como se a única coisa que importasse fosse o agora.

— Nossos destinos se encontraram por alguma razão, e eu sou grato ao universo por isso. — Ele diz olhando nos meus olhos.

Seus olhos assumiam um brilho intenso e esverdeado, e eu jurei que consegui enxergar as estrelas refletindo no seu olhar. Daniel se aproxima ainda mais e toca meu rosto cuidadosamente, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.

— Promete que não vai embora? — Pergunto, certamente com medo.

— Eu não vou a lugar algum sem você.

Daniel toca levemente seus lábios na minha testa, em um gesto de cuidado e carinho. Eu me sentia acolhida e em casa ao lado dela, independente de onde estivéssemos. Ele era meu lar e meu coração pertencia apenas a ele.

— Destino? O destino de vocês nunca permitirá que fiquem juntos. No fundo você sabe disso, Luna.

De repente, Daniel e todas as outras pessoas que estavam naquele observatório somem, restando apenas eu e a mulher que me jogou na realidade em que fui parar, quando acordei no colégio.

— Você. — Observo sua feição, agora, dando para ver cada detalhe.

Ela usava um longo vestido preto, coberto de detalhes dourados e um enorme cordão com o pingente de um relógio de ponteiro pendurado no seu pescoço. Ela aparentava ter pelo menos entre trinta e trinta e cinco anos, seus cabelos eram curtos e ondulados de um jeito bagunçado, e ela usava uma maquiagem que realçou bastante seus olhos dourados.

— Que bom reencontrar você. Sabe, no final das contas eu estava certa. Você precisava disso mais do que imaginava, e tudo isso apenas faz parte da sua evolução. — Ela diz, e eu dei um passo para trás. — Admito que tenha sido estupidez minha deixar um objeto tão poderoso nas mãos de um adolescente traumatizado. Mas eu precisava de tempo para pôr o mundo da magia em ordem novamente.

— Eu não lembro do porquê e nem das suas motivações para fazer isso, mas tenho quase certeza de que você roubou algo muito precioso de mim. — Afirmo com determinação, encarando aquela mulher.

— Vai por mim, Luna. Você iria implorar para continuar sem lembrar sua verdadeira identidade. Você odiaria a si mesma se soubesse e daria tudo para ser apenas uma garota do ensino médio com sentimentos confusos.

O Despertar da Magia - O Enigma da RealidadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora