Capítulo 4: Festival Música em Cena

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O tempo de hoje havia mudado bruscamente.

Ontem fazia sol e estava abafado, e hoje o céu estava coberto de nuvens carregadas e com ventanias extremamente frias.

— Você não vai dizer nada sobre ontem? — Questiono para Daniel, enquanto esperávamos o ônibus para a escola no ponto.

— Você vai? — Ele pergunta para mim e eu desvio o olhar.

— Eu não tenho certeza do que vi. Primeiro foi o pesadelo, era como se eu estivesse no passado de Três Luas presenciando a Inquisição. Lá na floresta só ouvi alguém me chamando e vi três mulheres mortas, e depois vi o momento que uma delas morreu, mas eu sei que não estava acontecendo naquele instante. E logo depois, vi umas criaturas correrem na minha direção, por isso eu saí correndo, e quando estava prestes a sair da floresta eu vi a figura de uma mulher carregando um símbolo de uma estrela de sete pontas. Eu sei que você a viu também. — Afirmo, me virando para encarar Daniel, mas ele se mantém estático por alguns segundos.

— É, é. Eu a vi também. — Ele admite. — Já faz tempo que eu presencio algumas coisas estranhas aqui em Três Luas, mas meu médico falou que era esquizofrenia.

— Esquizofrenia? E você pretendia me contar isso quando?

— Bom, eu sempre soube que não era dodói da cabeça. Três Luas é uma cidade meio estranha, em geral, há três anos aconteceram umas coisas bem bizarras. Umas mulheres sumiam e apareciam estranguladas, houve um caça às bruxas na cidade organizado pelo pastor, também teve uma série de doenças que se espalhou e matou muita gente do nada, como uma praga. O tempo mudava toda hora, e as pessoas sempre pareciam não perceber e sempre encobriam os fatos com mentiras ou histórias inventadas. — Ele diz, e a cada frase eu parecia saber bem do que ele estava falando. — Três Luas, a cidade da magia, como dizem, né?

— Cidade da magia? — Repito, e então olho para o chão. — Você acredita em magia?

— Eu não sei no que acredito. — Daniel suspira, e então o ônibus do colégio começa a se aproximar. — Mas agora sei que não sou o único que enxerga esse lado.

Subimos no ônibus e nos sentamos exatamente no mesmo lugar que ontem. Daniel tira o fone da mochila e me empresta um dos fios, logo colocando para tocar uma música chamada Passarinhos - Emicida.

• • •

Quando chegamos no colégio, vi André se aproximar de nós com um sorriso no rosto.

— Que bom que chegaram! Como você está, Luna? — Ele pergunta, olhando preocupado para mim.

— Estou bem. Eu só me perdi ontem e fiquei com medo, acho que minha mente delirou um pouco. — Minto, apenas para fugir logo daquele assunto. — Vamos para a aula?

Caminhamos até a sala, mas notei alguns detalhes estranhos no caminho. Paro de andar e deixo André e Daniel seguirem na frente, e me aproximo de um mural de avisos.

O Presidente do Grêmio Estudantil, André Pimentel, junto com o conselho de turmas, organizará o Festival Música em Cena no dia 23/11. Aos alunos interessados, as inscrições devem ser realizadas até o dia 08/11 na seção do aluno, na biblioteca. O Festival beneficiará os alunos com até 5 pontos em cada matéria referente ao 4° bimestre, além da isenção dos testes.”

— Você vai se inscrever? — Um rapaz pergunta ao meu lado, e eu levo um pequeno susto ao achar que estava sozinha.

Imediatamente lembrei do seu rosto. Antes ficava meio difícil de reconhecê-lo com a tinta verde no rosto e a roupa de camponês medieval. O garoto era alto, provavelmente tinha quase dois metros de altura, tinha os músculos bem fortes, mas de um jeito que não o tornasse maromba, e sim mais normal. Possuía uma forte camada de gordura pelo corpo, provavelmente pela sua estatura alta.

O Despertar da Magia - O Enigma da RealidadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora