Capítulo 5: A realidade é um jogo

16 1 35
                                    

— Ok, gente. Temos que pensar em uma música que não tenha linguagem imprópria e que não faça apologia a algum crime. — Bianca começa dizendo, após reunir todos no ginásio no horário de saída. — Carol, alguma sugestão?

— Rock nacional, normalmente tem letras muito boas. — Ela sugere e dá de ombros.

— Paulo?

— Se meu amorzinho disse, então está dito. Não é, meu neném? — Ele pergunta para Carol, e Bianca revira os olhos.

— Letícia? — Ela pergunta, mas sem olhar para a garota.

— Sei lá, tanto faz. — Leticia responde um pouco afastada de nós, sentada na arquibancada.

— Ajudou muito. — Bianca responde e olha para mim. — E você, Luna?

— Eu só conheço as músicas que ouvi no fone do Daniel.

— Tá, gente. Ninguém tem nenhuma ideia? — Bianca diz indignada, e todos ficam quietos.

— João e Maria, do Chico Buarque. — Daniel responde, e todos nós voltamos a atenção para ele.

— É, eu gostei. — Paulo diz. — Mas como vamos arrumar um cavalo que fala inglês?

— Você vai ser o cavalo. — Daniel responde e Paulo o encara confuso.

— Eu nem sei falar inglês.

— Gente, foco! — Bianca chama nossa atenção. — Todos de acordo?

— Sim. — Respondo, e Caroline também.

— Tá de boa. — Letícia responde e dá de ombros. — Agora preciso ir trabalhar porque eu nasci pobre, diferente de vocês. Exceto Daniel e Luna, claro. Montem um grupo no whatsapp e me adicionem.

— Tudo bem. Bom trabalho, Letícia! — Agradeço e me despeço, e ela apenas me dá um sorriso e sai.

— Vamos, antes que o almoço do instituto acabe. — Daniel segura meu ombro e nos despedimos dos outros, começando a caminhar para a rua.

Quando colocamos o pé para fora, a chuva forte começa a cair.

— E agora? — Pergunto olhando para Daniel.

— Como já dizia dona Lúcia, você é feita de açúcar, menina? Vamos para o ponto. — Daniel coloca a mochila na cabeça e começa a correr em direção ao ônibus já estacionado na entrada do colégio.

Assim que embarcamos, sinto meu corpo todo molhado e meu cabelo grudando no rosto. Alguns minutos depois, estávamos de volta ao instituto.

Corremos pelo quintal, pois a entrada era um pouco longe. Sem querer, escorrego e caio de jeito no chão, arranhando meu braço, meu joelho e provavelmente torcendo os pés.

— Eu ia rir, mas acho que você não tá bem. — Daniel para de correr e se abaixa, enquanto eu agonizo de dor. — Espero que não tenha quebrado.

— Está doendo demais! — Reclamo e começo a chorar involuntariamente, e minhas lágrimas se misturam com a chuva que caía sob nós.

— Calma. Vai ficar tudo bem. — Daniel me apoia no ombro dele e me segura no colo, começando a caminhar comigo para dentro do instituto.

— O que houve? — Lúcia se aproxima preocupada e Daniel me coloca em um sofá que havia na varanda. — Coitadinha. Vá chamar os enfermeiros!

• • •

— Amiga, fiquei muito preocupada com você. O Daniel falou o que aconteceu. — Bianca se apoia na cama da enfermaria do instituto. — Que bom que do torceu. Logo logo você ficará melhor.

O Despertar da Magia - O Enigma da RealidadeWhere stories live. Discover now