Carente

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Não posso negar ela leva jeito pra isso, não é fácil alguma mulher me deixar excitado a última vez que aconteceu foi a mais de cinco anos e até hoje pra me aliviar tenho que imaginar ela. Mas Sky tem um jeito diferente, ela com certeza não é nada inocente mas ela tem alguma coisa.

Ela sabia bem o que estava fazendo, prestou atenção em cada detalhe dos que os caras falaram e soube atuar bem, me deixou duro pra caralho.

— Cara onde o Bruno conseguiu essa garota? Ela é ótima.

— Max você é gay.

— E daí? Eu sei reconhecer quando uma mulher é boa e ela é.

— Sabe de onde ela veio? Não parece ser da cidade.

— Não sei Ângelo, tudo que eu sei dela é que é órfã, tem um nome horrível e não sabe ler e escrever.

— Ela vai precisar aprender isso.

— Eu sei contratei uma professora, ela vai chegar amanhã.

Sky parece ser esperta, ela entende rápido as coisas e algo me diz que ela já sabia que Bruno não tinha um abrigo, mesmo assim ela veio sem se importar em ser sequestrada porque ela fez isso?

Subi até o quarto pra falar com ela mas quando cheguei lá ela estava dormindo parecia cansada e não sei a quanto tempo está acordada. Bruno a trouxe sem me dizer nada sobre ela, será que ele realmente a encontrou na rua do nada? Mas algo ainda me soava estranho ela não resistiu em nenhum momento, não resmungou ou questionou apenas aceitou toda essa loucura sem precisar ser ameaçada ou forçada.

Talvez não devesse fazer isso mas eu precisava saber com quem eu estava trabalhando, desci até a sala e Bruno felizmente ainda estava lá. Raramente nós conversamos o que é ótimo mas isso me atrapalha as vezes e é exatamente o que esta acontecendo agora.

— Onde achou ela?

— Já disse numa lanchonete.

— E porque ela aceitou vir com você?

Ele respirou fundo irritado pelas minhas perguntas mas que se foda eu preciso saber quem está perto de mim não posso arriscar ter alguém tão estranho na minha equipe quando é algo tão valioso que está em risco.

— Ela entrou carregando uma sacola de roupa na lanchonete, estava suja mas mesmo assim eu achei ela bonita. Ela pediu um café, eu ofereci pra pagar um hambúrguer e fiz a proposta de um abrigo.

— E ela aceitou? Do nada?

— A garota tava faminta Zayan, se eu tivesse proposto um boquete como forma de agradecimento ela teria aceitado.

— E sobre o orfanato? Ela disse que não sabe ler nem escrever, até onde eu sei nos orfanatos é obrigatório o ensino.

— Isso você vai ter que perguntar pra ela eu não faço ideia, agora pode me deixar em paz? Não consigo ler com você falando na minha cabeça.

Ainda sim tudo era bastante estranho, talvez ela seja só mais uma louca que faz qualquer coisa por um prato de comida mas tenho que garantir que isso não é uma ameaça.

Flashback on

5 anos atrás..

— Não pode fazer isso...

— Eu já fiz Zayan, aquele chip tinha tudo sabe disso? Tudo.

— Ele engoliu, Christopher engoliu seu chip a polícia estava atrás da gente a essa hora aquela merda nem deve mais existir.

— Isso é pior ainda, significa que nunca mais vou ter minhas informações de volta. O sistema do governo vai me cobrar e eu vou ter que refazer o esquema outra vez sabe quanto tempo me levou pra fazer? Nove anos Zayan.

— Porfavor só.... eu tô implorando... solta ela.... eu imploro é isso que você quer?!

Ele sorriu satisfeito por eu ter me rendido mas ao invés de me dar a resposta que eu esperava ele fez exatamente o contrário.

— Vai trabalhar pra mim, juntar meu dinheiro e quando eu estiver satisfeito eu solto ela.

— ... não, não, não... porra! Solta ela agora! Eu faço o que você quiser mas solta ela!

— É um trato Zayan, uma coisa valiosa pra mim por uma coisa valiosa pra você.

Flashback off

Quando já estava quase anoitecendo ela desceu outra vez, usava uma camisa grande e uma calça maior ainda mas parecia confortável dessa forma. Isso me ajudava a esquecer a imagem dela de vestido hoje mais cedo, ainda fico duro quando me lembro.

— Tem janta aqui?

— Na cozinha.

— E onde fica a cozinha?

— Antes que você vá eu preciso te fazer umas perguntas.

— Ah é sério cara? Eu tô morrendo de fome não pode ser depois?

— Senta aí.

Ela revirou os olhos e como um homem se sentou na cadeira da sala de jantar, sua pose me fazia perceber que talvez não estivesse mesmo acostumada a conviver com mulheres mas não faço ideia de como foi criada.

— Me fala do seu orfanato.

— O que quer saber?

— Tudo, quem era o supervisor, se tinha amigas, quais eram as regras.

— Tinham quatro supervisoras, eu não tinha amigos e quase não tinha regras.

— Você estava lá a quanto tempo?

— Desde o meu primeiro dia de vida.

— O que? Como assim? Nasceu lá?

— Me deixaram na porta, eu ainda estava com o cordão umbilical. Me levaram pro hospital e o médico disse que eu tinha só 4 horas de vida ou seja, eu nasci e minha mãe me levou pra lá.

Ela dizia com muita naturalidade parecia não doer nela ou talvez apenas estivesse fingindo ou anestesiada demais pra não sentir nada.

— Porque não sabe ler e escrever? Até onde sei é obrigatório nos orfanatos.

— Não tinha muitas regras como eu disse, era um orfanato do interior então a justiça educacional não vistoriava isso.

— Nunca se interessou em aprender?

— Pra que? Não me fez falta.

— Talvez ajudasse você a ser adotada, casais que vão até a adoção procuram por crianças inteligentes ou que saibam o mínimo.

— Claro... somos como cachorros... eles sempre querem os adestrados sei bem como é Zayan acredite estive lá por vinte e um anos e ninguém nunca quis a vira lata.

— Não foi isso que eu quis dizer.

— Mas essa é a verdade. Posso ir comer ou tem mais perguntas?

—....primeira porta a direita....

Eu finalmente entendi, ela não é louca como eu pensava apenas é carente. Sky procura por uma família ou pelo menos a um grupo a qual possa pertencer embora não admita.

Vi a dor nos olhos dela quando teve que admitir que nunca foi adotada, pelo jeito como disse parece que nem mesmo nunca foi uma opção. Crianças adotivas passam de lares em lares tentando adaptação mas Sky parece nunca ter sido uma opção, ninguém nunca escolheu ela e agora mesmo na rua ela foi "adotada".

Ela está criando a expectativa de que nós somos a família dela agora e isso me preocupa ainda mais.

CriminalWhere stories live. Discover now