XXIII

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Voltei à sala de espera e logo vejo a enfermeira com quem tinha falado.

- Venha.  Ele já foi para o quarto.   Ainda está muito sonolento,  mas está bem.  O médico que o viu está bem optimista.  Não o deixe falar muito.  Agora é só repouso.

Entrei e fui-me colocar junto à cabeceira dele.  Segurei-lhe na mão e dei-lhe um selinho de leve.

- Não me pregues mais sustos destes.

- Eu não queria ...

- Xiiii!  Não fales.  A enfermeira diz que não te deves cansar.

- Ficas comigo?

- Fico.  Só saio daqui quando tu vieres comigo.

- Eu tenho tanto sono!

- Então dorme.   Quando acordares, eu ainda vou estar aqui.

Rodolffo logo adormeceu e eu aproveitei para ligar à Bela a contar tudo incluindo da morte de jararaca.

- Não vale a pena virem agora.  Quando ele estiver mais desperto eu ligo.

Voltei para o quarto e sentei-me na poltrona junto dele velando o seu sono.

Estava tão cansada que acabei por adormecer também.   Acordei com alguém cutucando o meu braço.

Abri os olhos e era o médico mais a enfermeira que estavam junto a mim.

- Desculpe acordá-la.

- Eu é que peço desculpa.  Como está ele, doutor?

- O homem é rijo.  Vai sair desta logo.  É só preciso paciência e repouso.

- Doutor, e não ficarão sequelas?

- Não, mas deverá ter cuidado e manter uma vigilância regular.  No mais, ele é jovem, saudável e com uma longa vida pela frente.

- Obrigada doutor.  Eu prometo que ele  vai-se portar bem.

Quando eles saíram eu respirei mais aliviada.  Comecei a conversar baixinho com ele, mesmo sem ele me ouvir.

Contei os meus planos de casamento, dos nossos filhos, da sua festa de formatura, das nossas viagens, do quanto ainda tínhamos que nos amar, das escapadinhas que eu queria fazer, dos passeios na praia.
Falei, falei, falei, com a cabeça deitada sobre a sua mão.

- Tudo isso, comigo?  Ouvi uma voz fraca perguntar.

- Amor!  Estavas a ouvir e não abriste os olhos?  Isso não vale.

- Estava a gostar do discurso.   Eu também quero isso tudo contigo.

- Como te sentes?  Tens dores?  Queres que chame alguém?

- Não.  Estou bem.  Melhor contigo aqui.

- Vou mandar uma mensagem à Bela.  Eles estão aflitos.

O resto da da família veio ao final da tarde  vê-lo, mas não ficaram muito tempo.  Rodolffo foi transferido para um outro quarto que comportava mais uma cama para que eu pudesse passar ali a noite.  Bela veio trazer-me roupa e uma refeição que a mãe preparou.

Após o jantar, Rodolffo foi medicado e logo adormeceu.  A enfermeira disse que ele devia dormir a noite toda.   Eu aproveitei para tomar um banho e deitei-me também.   Apaguei quase de imediato.

Fuga DuplaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang