XXI

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Decidi passar o Rúben para uma outra sala.  A princípio ele não ficou muito satisfeito, mas eu não queria que o meu amor se estressasse sempre que o via no mesmo espaço comigo e eu não estava à vontade sempre que Rodolffo chegava.

Na pequena sala dele eu coloquei um sofá, uma secretária e um computador.  Seria a sala de estudo de  Rodolffo sempre que ele quisesse vir ficar perto de mim.

Ele gostou muito da ideia, mas tive que o alertar que não podia atrapalhar o meu trabalho com safadeza.  Ou isso ou nada.

Confesso que não era fácil estar no mesmo local com ele sem agarramento,  mas somos responsáveis e daremos conta.

A nossa casinha está pronta.  Vamos mudar no final de semana.
Os pais de Rodolffo estão muito contentes por nós. Confesso que queria uns pais assim, mas paciência.  Nem tudo é como desejamos.

Qualquer dia sai a Bela porque o romance com o médico vai muito bem e depois ficam sós.  

Combinámos que Domingo seria sempre o almoço de família em qualquer uma das casas,  salvo se alguém estiver a viajar.

Rodolffo disse logo pela manhã que hoje ia ao escritório,  mas já passa muito da hora e ele ainda não chegou.  Liguei e não atendeu.

Comecei a ficar preocupada.  Senti um nó formar-se na garganta e a ficar com a respiração ofegante.

Saí e fui procurar a Bela.

- Amiga, estou com um mau pressentimento com o teu irmão.

Bela ligou para os pais e perguntou pelo irmão.

- Saiu.  A Carla veio aqui fazer novo escândalo e ele saiu para conversar com ela.

- Saiu de carro?

- Não.   O carro está aqui.

Enquanto falava com os pais Bela ouviu ao longe o barulho de uma sirene que logo ficou mais nítido.

- Que é que se passa?  Que barulho de sirene é esse?

- Não sei, respondeu a mãe, mas é aqui perto.

Bela não quis ouvir mais.  Saiu com Juliette e pediram ao motorista que as levasse a casa dos pais.

Um carro de polícia bloqueava o acesso à rua.  Juliette e Bela desceram e perguntaram o que tinha acontecido.

- Um jovem foi baleado ali à frente.

- Nós precisamos ir ver.  Moramos ali e pode ser alguém da nossa família.

Um dos policiais acompanhou-nos e chegámos a tempo de ver Rodolffo,  inconsciente a entrar na ambulância.

- E o meu irmão!  O que aconteceu com ele?  Ele vai morrer?

- Calma.  Vamos agora para o hospital.

- Eu quero ir com ele, diz Juliette.

- Só pode ir uma pessoa.

- Vai tu, Juliette.   Eu vou ver como estão os meus pais e vou lá ter.

Juliette entrou e sentou-se do lado de Rodolffo.  Segurou na mão dele e começou a rezar mentalmente.

Queria gritar para ele acordar, mas não saía nada da sua garganta.

Chegaram rápido ao hospital, levaram-no para uma sala onde ela não podia entrar.

Ficou na sala de espera a andar de um lado para o outro enquanto as lágrimas caíam pelo seu rosto.

Fuga DuplaKde žijí příběhy. Začni objevovat