chapter 1

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Você nunca deve ter imaginado...

                     

Eu pensei que eu era uma pessoa rude, claro, tinha meus motivos para pensar isso.                     

Me chamo Fernanda, tenho 28 anos, e moro em New Jersey com meus amigos Matheus e Isabelle.
Desde que eu me entendo por gente, nunca tive muitas emoções...
Quando eu era pequena, eu ficava sentada nos degraus de uma pequena escada, de acesso para a varanda de minha casa, e observava as crianças da minha rua, brincando e se divertindo juntas, mas, eu nunca tive vontade de estar alí com elas.                   
Em todos os meus aniversários, eu vía as pessoas aproveitando, e curtindo minha festa, e eu só queria que elas todas fossem embora e me deixassem em paz.                    

Quando eu tinha 8 anos, meu pai resolveu me ensinar a andar de bicicleta.
Ele me levou para o parque, e lá estáva ela, meu pai havia comprado uma bicicleta de presente pra mim, e deixou ela sozinha no parque. As vezes parece que ele não tem noção do que faz.
Eu e meu pai ficamos por um bom tempo naquela praça, e o tempo todo que eu estava andando de bicicleta, meu pai estáva do meu lado, mas então ele disse que eu teria que tentar ir sozinha, sem ele por perto.
Eu estava indo muito bem sozinha, até melhor do que quando ele estáva comigo, mas por um descuido, eu passei com a bicicleta encima de uma pedra, e isso fez com que eu perdesse o equilíbrio, me fazendo cair.
Eu havia ralado um de meus joelhos e minhas duas mãos, também tive um leve corte no queixo, e meu tornozelo havia quebrado, nenhuma única lágrima sequer saiu de meus olhos. Meu pai rapidamente me levou para o hospital, quando percebeu que meu tornozelo estáva inchando. Os médicos não entenderam como uma criança de 8 anos, não choraria perante a uma situação dessas. 

[...]
                   
Meus amigos trabalham juntos, eles fazem parte de um grupo que vai nos hospitais, para alegrar os doentes.
Eles sempre insistiam para que eu fosse com eles, porém, eu não sou uma pessoa legal, nem engraçada, eu nem ao menos sorrio, mas mesmo assim, eu aceitava, porque eles gostavam quando eu ía junto.
Eles cantavam músicas para as crianças e adolescentes do hospital. Eu realmente não gostava de ficar lá, eu nem consigo interagir com as pessoas, eu fico lá, mas só fico olhando eles fazendo graça e cantando.
                     
/  /  /

Atualmente
                     

~Djavan - Eu te devoro nos fones de ouvido                   

Deitada do lado oposto da minha cama, só com os olhos fechados, e curtindo umas músicas.
Era bem cedo e hoje não teríamos faculdade, o que eu acho bom, não curto muito ir pra lá, nem é por causa de copiar matérias e ouvir professores tediosos falando o tempo todo na minha cabeça, mas sim, por causa dos alunos, eles estão sempre zuando, rindo, e conversando alto, resumindo, pra mim, são muito irritantes, e eu prefiro manter distância deles. Hoje é uma quarta-feira, então significa que eu não tenho literalmente nada pra fazer, ou seja, paz total.
Continuava a escutar minhas músicas, só aproveitando essa quarta-feira livre, pra ficar o dia inteiro em casa. Eu não costumo ouvir música alta quando estou de fones, então, foi bem fácil eu ouvir a porta do quarto sendo aberta. Abro os olhos e retiro os fones de ouvido, e vejo minha amiga adentrar meu quarto.
                     

- Bom dia, mana! Achei que você ainda não estivesse acordada. -ela diz enquanto se aproxima de mim.                  
- Como pode ver, estou. -digo.                    
- Amiga, sei que não gosta muito disso, mas eu acho muito importante, para as pessoas e pra você. -Ela diz enquanto passa a mão em meu cabelo. -Nanda, o hospital nos convidou para fazer uma visita surpresa para os pacientes, e isso irá ocorrer hoje, e eu e Matheus, queremos muito que você vá conosco. -ela completa.                     

-Minha presença lá nem faz diferença, eu só fico observando vocês.                    
- Então porquê não canta com a gente?  -ela questiona.                      

- Isa, as vezes parece que você nem me conhece.                    

-Por favor mana, gostamos tanto quando você vai. Faz isso por nós querida.                     

Não dou resposta alguma a ela, apenas olho para baixo, pensando se devo ir ou não, afinal essa era minha quarta-feira de "folga das pessoas".                  

- Bem, eu espero muito que você vá. -ela diz se levantando da minha cama. -Estaremos esperando por você lá em baixo, para o café da manhã. -ela diz depositando um beijo na minha testa, e saindo.                    

Assim, me encontro sozinha no meu quarto.
Ir para aquele hospital é totalmente contra a minha vontade, mas por outro lado, faría meus amigos felizes, sei o quanto eles se preocupam comigo, por eu ser tão anti-social.                    
Então me levanto da cama bagunçada, e vou em direção ao meu armário. Hoje o tempo estáva bem gelado, então me visto com, calças cinzas de moletom, uma blusa preta juntamente ao meu casaco de par com a calça.                     
Novamente me sento na cama e penso mais uma vez se vale a pena. Pra mim não vale, mas para meus únicos amigo, essa é uma das coisas mais importantes.
Então vou em direção a porta do meu quarto, que ao lado dela, havia meu Converse preto, calço os mesmos, e saio do quarto em direção a cozinha.                 
Isabelle estáva preparando ovos com bacon, tradicional, ela sempre faz isso, mas já está muito enjoativo pra mim, então vou até o armário e pego uma caixa de cereais de chocolate, e os coloco na tigela, e vou para a mesa, onde se encontra o meu amigo, que está lendo jornal e bebendo uma xícara de café. Encima da mesa, havia uma caixa de leite, eu adiciono o mesmo na minha tigela de cereais, e esse sería o meu café da manhã.                    
- Que cara é essa Nandão? Parece que não dorme a 2 dias. -diz Matheus                    

- Eu estou com olheiras? É isso que você quer dizer? -digo ainda com a boca cheia.                      

- Não Nanda haha, por incrível que pareça, não. Mas você está com uma cara de cansaço...                  

- Isso se chama desanimo Matheus.                  
Depois que disse isso a Matheus, o mesmo não se pronuncía novamente. Minha amiga também não disse nenhuma palavra. O silêncio pairava por aquela cozinha, que o máximo que eu podía ouvir, era o barulho da minha própria mastigação. Confesso que me senti bem com o silêncio do momento.                     

Passado-se alguns minutos, eu termino meu café da manhã, e vou até a sala de estar, e fico sentada no sofá, aguardando a hora de ir para o hospital.
Dentro de poucos minutos e logo Isabelle me chama, dizendo que estávam saindo.


















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O mais importante - FerlaneWhere stories live. Discover now