Capítulo 15

2.2K 191 168
                                    

Alane mordeu os lábios enquanto os segundos passavam se arrastando na sala de aula.

Fernanda estava mais intimidadora do que jamais estivera, seu olhar atravessava cada aluno daquela sala. Era quase possível sentir o cheiro do pânico pela sala de aula, tamanho era a surpresa e o choque de terem a professora de volta inesperadamente. A senhorita Brunet arrumou a postura e respirou fundo.

— Muito bem, bom dia a todos. Como perceberam, a senhorita Bande retornou hoje para o cumprimento do horário e das normas da escola. A pedido da mesma, toda e qualquer matéria dada pelo professor substituto deve ser esquecida e apagada do caderno. Ela irá recomeçar de onde parou.

Yasmin disse secamente, fez uma reverência, deu as costas e saiu. Alane, Vanessa e Beatriz se entreolharam. Todas haviam notado algo estranho em ambas. Fernanda deixou a pasta sobre a mesa e caminhou pela sala devagar, observando cada detalhe de cada aluno. Os olhos frios da professora pousaram em um pobre coitado e ela se inclinou na mesa dele, que se encolheu apavorado.

— Nizam, não é? — o menino assentiu. — Onde está o trabalho que passei na aula de matemática?

— N-na minha mochila, s-senhora.

— E está esperando o que para me entregar? Todos vocês, andem!

O garoto imediatamente começou a procurar, de forma atrapalhada, o tal trabalho que a professora havia ordenado. Alane pegou o dela com pena, observando o restante de sua turma. Fernanda parou em cada mesa para julgar todos. Nenhum estava bom o suficiente, nada era bom o suficiente para o diabo de Niterói.

Vanessa entregou seu trabalho sem olhar para a professora, que ergueu as sobrancelhas, mas não falou nada. Ela sequer olhou o de Beatriz, revirando os olhos, mas é claro que com Alane, alguma coisa iria acontecer. A menina de cabelos escuros ergueu os olhos, um tanto temerosa, quando a mão da professora se estendeu a sua frente. Receosa, entregou as 28 folhas de trabalho que conseguiu produzir com muito esforço e pesquisas. Para sua grande surpresa, Fernanda leu tudo em silêncio, parada a sua frente. E por fim, lhe encarou nos olhos.

— Quais são as fontes do trabalho, senhorita Dias?

— Estão escritas na folha, senhora.

Fernanda virou a contracapa, não parecendo muito impressionada enquanto lia.

— Não diria que está uma porcaria, mas também está longe de ser bom.

— Me desculpe senhora, eu-

— Não quero ouvir desculpas Dias, está na hora de ter responsabilidade.

— Ela teria se a senhora também tivesse.

Fernanda parou onde estava. A sala inteira explodiu em cochichos quando Vanessa soltou aquela frase bombástica. Beatriz fazia diversos gestos desesperada, mas a garota não lhe deu os olhos enquanto encarava a feição calma até demais de Fernanda.

— O que disse, senhorita? — perguntou enquanto se aproximava lentamente da mesa desta, que se intimidou um pouco, mas não recuou.

— Eu disse-

— Nada! Ela não disse nada, por favor! Falaremos com a senhora Brunet para ver o que podemos fazer, me desculpe.

Alane falou depressa, fazendo com que as duas mulheres olhassem para ela. Vanessa franziu o cenho, Fernanda ainda estava cética e séria. Por fim, assentiu.

— Perderam 5 pontos na minha matéria, e isso inclui a senhorita Reis, que parece ter sérios problemas de se manter quieta.

Beatriz fez uma cara de ofendida, cruzou os braços e se emburrou. Vanessa ignorou esse detalhe para encarar Alane sem entender.

teacher's pet • alane﹠fernandaWhere stories live. Discover now