𝐅𝐢𝐯𝐞; 𝐝𝐞𝐚𝐝𝐥𝐲 𝐠𝐚𝐦𝐞.

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"Você conseguiu ouvir meu narcisismo encoberto
E um pouco disfarçado de altruísmo
Como se fosse um congressista?"

Anti-Hero - Taylor Swift

Anti-Hero - Taylor Swift

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8 de setembro
Las Vegas

— Bom dia, mãe! — exclamo enquanto desço as escadas, em direção à cozinha.

A casa estava estranhamente vazia e solitária. Ainda não me acostumei a acordar e ver a casa em que passei minha infância em vez do meu apartamento em Toronto. Sempre que percebo que estou aqui e não lá, percebo que nunca superei. Sinto falta das músicas animadas que meu pai colocava toda manhã para dançar com minha mãe. Sinto falta de nós três fazendo pizza no meio da noite. E, acima de tudo, sinto falta da mãe que eu tinha antes de tudo acontecer.

— Bom dia! — ela coloca a cabeça para fora do vão da porta da cozinha, me dando um sorriso radiante, mas que parecia demasiado fraco.

Coloco minha mochila ao lado da porta e adentro o cômodo, lhe dando um curto abraço. Minha mãe está com um short jeans branco e uma blusa masculina minha, seus cabelos estão presos em um coque despojado e seus óculos levemente caídos no rosto. Ela tem miopia; meu pai também tinha, o que acabou contribuindo para que eu também tivesse. Raramente uso meus óculos, já que fico extremamente feio usando aquela merda, então sempre estou com lentes de contato.

— Pode me ajudar fazendo as panquecas, mon chéri (meu querido)? Estou quase terminando o suco de laranja e estou sem disposição para cozinhar — ela sorri, e eu murmuro algo em concordância, ainda tentando me manter acordado.

Quando eu era pequeno, mamãe me colocou em um curso de francês, já que, segundo ela, precisava de alguém para conversar no seu idioma nativo, para não perder o costume. Papai até tentou aprender por um certo período de tempo, mas acabou desistindo, já que passava a maior parte do tempo trabalhando. Mesmo assim, ele aprendeu o básico. Depois que aprendi o idioma, mamãe nunca mais parou. Sempre que estávamos sozinhos, o francês se destacava na nossa conversa. O dela, com uma pronúncia digna de uma francesa; o meu, com uma pronúncia muito americana e um sotaque tão ruim quanto a pronúncia. Aos poucos, vendo mamãe falar, aprendi a ter uma boa pronúncia e um ótimo sotaque. Depois que nos mudamos para Toronto, ela parou completamente com as conversas em francês. Mesmo que eu tentasse conversar, ela sempre me respondia em inglês, o que me deixava desesperado e querendo saber o que se passava na sua cabeça. Mas isso não a impediu de continuar com os apelidos.

Só então notei a bagunça em que a cozinha se encontrava. Havia muito caldo de laranja pelo chão, cascas espalhadas pelo balcão, açúcar mascavo derramado na pia e uma tábua com gotas de sangue. Minha mãe é péssima na cozinha. Tive a quem puxar.

— Hm... maman (mamãe)? — ela me olha, as sobrancelhas arqueadas. — Evite cozinhar sem a companhia de um adulto responsável.

— Eu sou a adulta responsável! — ela exclama, parecendo genuinamente ofendida.

EnemiesWhere stories live. Discover now