31. Cicatrizes internas

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— Eu não sei de mais nada, majestade... Só sei sobre os planos de fuga.

— Um dedo — Seokjin disse, deixando a garota confusa. Ela não respondeu, o que o fez soltar uma risada cínica e continuar falando. — Um dedo de Nari é o que cortarei a cada mentira que você contar.

Não, por favor — ela suplicou, sufocando um grito de desespero. Suas mãos tremiam sem parar, e ela já não sabia se era pela fome ou pela angústia. — Me perdoe, majestade. Eu irei lhe contar tudo, eu juro. Eu prometo. Contarei cada mínimo detalhe.

— Agora é a sua última chance, Dayoung. Comece.

Dayoung lutava para conter seu choro exaltado, os soluços sacudindo seu corpo enquanto gaguejava as palavras que tentava articular. Seu coração batia forte, a angústia se espalhando por cada fibra de seu ser enquanto despejava os segredos que guardara com tanto zelo. Contar tudo aquilo ao rei a fazia sentir-se o pior ser humano do mundo, uma pessoa desleal que traía a confiança daqueles que mais amava. No entanto, Dayoung sabia que não havia alternativa. Ela faria qualquer coisa para proteger Nari, mesmo que isso significasse sacrificar sua própria integridade.

Entre soluços e respirações entrecortadas, Dayoung descreveu em detalhes os planos da rainha e de Hyunwoo para fugir. Ela delineou cada passo do trajeto que pretendiam seguir, cada estratégia elaborada para escapar dos olhos atentos do rei. Cada palavra que escapava de seus lábios carregava o peso de uma traição, mas Dayoung não vacilou em revelar a verdade ao monarca.

Seokjin escutou em silêncio, seu rosto impassível escondendo as ondas de raiva e desconfiança que agitavam seu interior. Por mais que desejasse negar a realidade, ele reconhecia a gravidade da situação. A fuga de Hyunwoo e da rainha representava uma ameaça direta à sua autoridade e à estabilidade do reino, e ele não podia permitir que isso acontecesse.

Seokjin lançou um olhar frio para Dayoung, o desdém fervendo em seus olhos. Ele pegou um pedaço de pão velho de uma bandeja próxima e o atirou para ela sem cerimônia, como se estivesse alimentando um animal de rua. Era um gesto cruel, mas Seokjin não possuía disposição para demonstrar compaixão pela traidora.

Com um aceno de cabeça, ele deixou a sala, sua mente já trabalhando de maneira frenética para elaborar um plano para lidar com a traição que acabara de ser revelada. Enquanto caminhava pelos corredores do castelo, ele mantinha a calma exterior, mas por dentro sua mente era tomada por possibilidades do que poderia fazer para resolver essa situação.

***

Com movimentos circulares, Hyunwoo fazia massagem nos hematomas espalhados por todo o seu peito. Era dolorido, mas ele havia notado que fazer isso ajudava um pouco a diminuí-los, aumentando o fluxo sanguíneo no local.

Ele colocou sua camisa em cima de um móvel, observando o próprio corpo em um espelho. As marcas já estavam começando a se desfazer, após semanas em que elas o relembravam de tudo que havia acontecido. Estava ansioso para o momento em que se visse livre desses hematomas. Todos os dias, Hyunwoo acordava e pensava: "até sumirem todos, meu pai já estará morto".

Sem batidas para avisá-lo, a porta se abriu de repente, assustando-o. Ele se virou rapidamente para descobrir quem havia entrado em seu quarto, e logo sua expressão relaxou, permitindo-o soltar um suspiro de alívio.

— Ah, me desculpe — Kihyun murmurou, cobrindo os olhos com as mãos e virando o rosto para a parede. — Eu deveria ter batido antes de entrar, mas fiquei com medo de alguém me ver parado em frente a sua porta...

— Tudo bem — Hyunwoo respondeu, divertindo-se um pouco com o constrangimento do mais novo.

O príncipe se aproximou, segurando as mãos de Kihyun entre as suas e puxando seu corpo de maneira gentil para que se virasse para ele. O criado encarou-o com um brilho de curiosidade no olhar, se esforçando para não permitir que o olhar não descesse.

O Segredo do Príncipe | ShowkiWhere stories live. Discover now