(Especial 100k) Extra: versão de Seth

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Leah esteve inquieta durante todo o tempo em que Sam falava com ela pelo telefone. Desde que se transformou, ela odiou ter que passar mais tempo com ele, como se já não bastasse tudo o que havia acontecido entre eles e Emily, e o fato de poder ouvir seus pensamentos.

Tentei ouvir o que falavam pelo aparelho fixo de casa, mas os ruídos raivosos da minha irmã me forçaram a desistir da tentativa de espionagem, então decidi por ignorar antes que minha própria raiva se inflamasse com o comportamento dela.

Leah não era uma pessoa fácil, então eu tinha certeza de que qualquer coisa que estivesse em seus nervos também estaria testando os limites de Sam.

Desviei minha atenção para o caderno à minha frente; as anotações que eu tinha tomado emprestadas de Will depois da aula eram um garrancho confuso, mas eram algo. Eu estava tentando equilibrar a escola e os turnos; não queria que minha mãe pensasse que seu filho era um problema, mesmo que estivesse cada vez mais difícil acompanhar as aulas depois de passar a noite inteira fazendo rondas.

Sam aliviava o máximo que podia, mas todos tinham suas responsabilidades; eventualmente, eu também teria que ceder.

Peguei o lápis, na esperança de conseguir progredir sem cair no sono, mas meu cérebro não cooperava. Esfreguei as mãos no rosto com força, na tentativa de encontrar um pouco de motivação ou pelo menos um senso de responsabilidade que parecia ter fugido com a capacidade de concentração, mas minha mente já estava longe dali.

Bufei, deixando o lápis cair na mesa quando outro grunhido raivoso atravessou as paredes finas do meu quarto. Aquilo não ia funcionar.

— Leah, quer calar a boca?! — berrei. Às vezes, parecia que ela estava fazendo de propósito só para me irritar.

Meus pés quase se moveram por conta própria para arrastar a cadeira para trás, como se meu corpo soubesse que permanecer sentado ali por mais tempo não faria diferença. Inclinei-me, apoiando os braços cruzados na mesa sobre a pilha de papéis bagunçados. A maioria era composta por desenhos, uma manifestação do tédio acumulado nos últimos dois dias enquanto tentava revisar a matéria de química, mas acabava sempre na mesma situação.

Se continuasse assim, minha mãe me mataria e Sam não hesitaria em chutar meu traseiro para fora da matilha antes mesmo que eu tivesse a chance de me explicar.

Dei uma boa olhada nos desenhos. Não eram tão ruins, mas definitivamente podiam ser melhores. Sempre que rabiscava, a imagem de uma garota surgia na minha mente, geralmente apenas contornos, algo entre uma sombra e um esboço incompleto. Por algum motivo, eu nunca conseguia chegar ao rosto dela.

— Acredita que Sam quer que você fale com a sanguessuga que invadiu nossas terras hoje? — Leah irrompeu pela porta do meu quarto como um furacão, sua expressão usualmente azeda parecendo ainda mais desgostosa. — O que ele pensa que está fazendo?!

Ela grasnou, antes de se virar outra vez para sair feito um raio. Me levantei depressa, indo atrás dela.

— Do que você tá falando, Leah? — perguntei, confuso. Poucos segundos e sua mão já estava na maçaneta, abrindo a porta para a rua. — Que sanguessuga? O que...? Leah! Mas que droga!

Fechei a porta atrás de mim e corri para alcançá-la, imaginando pelo escasso conteúdo da "conversa" que ela provavelmente seguiria em direção à casa do alfa. As passadas de Leah eram tão vigorosas que não duvidei que uma hora ela acabaria abrindo um buraco no chão com os pés.

Sequer tentei questiona-la outra vez, conhecia minha irmã o suficiente para perceber que ela estava deliberadamente me mantendo no escuro. Era uma mania irritante, agindo como se eu ainda fosse uma criança e ela minha babá.

❛CHOICES ── Crepúsculo ❥ [Seth C.]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora