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PRÓLOGO

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     Hanne não tinha que fazer aquilo, mas estava fazendo mesmo assim. Ela tinha certeza de que estava quebrando quase todas as regras do livro de ética de Shu-han, mas aquele nunca foi o tipo de coisa que era capaz de pará-la quando ela colocava uma coisa na cabeça. E considerando a gravidade das ações que Hanne estava tomando agora, regras eram a sua menor preocupação.

   Seus passos eram tão silenciosos sobre o piso de mármore que sua presença quase se tornava fantasma. Os olhos prateados estavam fixos nos corredores e os ouvidos estavam atentos à qualquer coisa que pudesse atrapalhar sua fuga. Hanne se sentia uma espiã. Ela não podia acreditar que estava deixando para trás seu posto de General para aceitar um cargo qualquer na nação do fogo. Mas no fundo ela sabia que era mais do que isso. Ela estava deixando sua terra e sua família para trás para mantê-los à salvo, e se sua liberdade era o preço a se pagar, então que seja.
   Veja bem, não é como se Shu-han realmente corresse algum risco, eles tinham guerreiros e poder militar suficiente para derrubar reinos inteiros. Mas depois da primeira Guerra Cinzenta, Shu-han se declarou uma nação pacífica, fazendo um juramento de que mais nenhuma batalha seria travada sobre o solo das Ilhas Perdidas. E esse juramento incluía ceder aos caprichos da Nação do Fogo se isso significava manter a "paz".

Covardes.

  Era isso o que eles eram. Covardes por se esconder enquanto a dinastia de Ozai agia como uma praga nas Quatro Terras.

  Mas Hanne não era como eles.

  Ela não era covarde, tinha sido treinada a vida toda para lutar, e por isso ela soube exatamente o que devia fazer no momento que Shu-han recebeu o pedido do Senhor do Fogo.      
  Ele queria um soldado, mas não um qualquer. O melhor que Shu-han tivesse para oferecer, que priorizasse honra e lealdade acima de tudo.

Soldado? check.
A melhor? check.
Lealdade e Honra? check.

Afinal, a carta nunca disse que a lealdade deveria ser à Nação do Fogo.
Hanne sempre seria leal as suas origens, mas Ozai não precisava saber disso. E nem iria.
Ela esperava que sua presença fosse o suficiente para contentar o Senhor do Fogo. Se tudo corresse como planejado, os navios zarpariam ao nascer do sol, rumo à Ilha Ember. E ela estaria lá.

  Os punhos de Hanne se cerraram num momento de hesitação quando se deixou olhar para trás. Sua casa, suas irmãs, seus amigos, tudo não passaria de uma lembrança no momento em que ela decidisse dar aquele salto. Devia ter no mínimo uma distância de quatro andares da sacada onde Hanne estava até o chão, mas a sensação daquele pulo nem se comparava ao peso da incerteza. Nada podia dar errado, porque isso significaria ter sacrificado tudo que ela amava a troco de nada. E isso ela jamais aceitaria.
   Hanne ajeitou alguns cachos rebeldes que insistiam em sair do capuz, apertou mais firme os cadarços da bota, tirou um minuto para conferir sua bagagem e subiu o lenço vermelho até a altura do nariz. Então, saltou da sacada para o telhado da casa mais próxima. E foi assim até por os pés no porto principal.

Agora não tinha mais volta.

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"Ao menos a vista é bonita

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"Ao menos a vista é bonita."

Era o que ela vinha dizendo para si mesma desde que colocara os pés no navio da Nação do Fogo.

Restavam mais alguns bons dias de viagem até o Palácio. Hanne não tinha certeza de quanto tempo havia passado no mar, mas já era mais do que o suficiente para querer voltar. As Ilhas Perdidas eram o arquipélago mais afastado do resto do mundo, a neblina espessa tornava difícil a navegação e por isso era quase impossível chegar e sair de lá. Mas como sempre, Ozai tinha encontrado um jeito. O Senhor do Fogo tinha uma habilidade impressionante de encontrar formas para espalhar sua desgraça pelo mundo, isso Hanne tinha que admitir.

Estar naquela viagem pareceu uma espera eterna, mas ao menos ela teria algumas semanas para se preparar para os próximos anos infernais da sua vida. Nos primeiros dias, ela leu tudo o que podia sobre a Nação do Fogo duas ou três vezes. Decorou todas as rotas dos mapas, linguagens que já não eram mais usadas, e treinou sozinha no tempo que lhe restava. Quando cansava-se da sua própria companhia, subia até o convés para ver as gaivotas que vez ou outra pousavam na proa do navio.
Em algum momento da viagem ela tinha virado amiga dos outros soldados, eles eram estranhamente sociáveis. O capitão gostava de fazer perguntas sobre Shu-han e de contar quais as melhores rotas para cada lugar, Hanne sentiu que seria útil tomar nota daquelas informações.

O trajeto foi bem mais agradável do que ela tinha imaginado inicialmente. Era menos um fardo para lidar.

No dia da chegada, pesadelos impediram que Hanne dormisse por mais do que duas horas, ela aproveitou seu despertar para polir suas facas e espadas ─ vinte e seis no total, uma coleção impressionante ─ .
Decidiu assistir o sol nascer no convés, a ilha distante ficando cada vez mais perto. E pensar que ela achava que jamais sairia de Shu-han.
Mesmo de longe, Hanne pôde ver uma escolta esperando no porto, mas o que chamou a atenção dela foi a vila. Pessoas normais, pessoas como as dela. Mesmo com o peso e a crueldade que a Nação do Fogo carregava, a maior parte era composta de pessoas comuns, civis.

E em breve, ela seria parte daquilo.

A despedida da tripulação não foi muito emocionante, foram gentis mas ela pôde sentir uma pontada de pena por trás dos olhos de quase todos.

Mas nada faria ela recuar, não importava o que esperava por ela no Palácio. Hanne tinha vivido experiências piores, aquilo era só mais um item para acrescentar à sua lista.

─ Bem vinda à Nação do Fogo, General Kovashai.

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NOTAS DA AUTORA

Olá corações !

Esse capítulo foi tão delicinha de escrever, e espero que esteja bom de ler também.

Sei que o prólogo é sempre chatinho mas esse aqui é muito importante para dar contexto de muita coisa ao longo dos capítulos.

Enfim, me digam o que acharam! curtam e comentem para motivar essa autora carente.

Um beijo queridos, boa leitura.

𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄𝐍𝐃𝐄𝐑 - ZukoWhere stories live. Discover now