EVA
Manoel me conduziu a uma escada, me alertando para tomar cuidado com o primeiro degrau porque havia uma parte quebrada que já o fez cair várias vezes. No andar de cima, entramos em um corredor e paramos na frente da segunda porta.
Eu me perguntei se a primeira porta era um banheiro, o quarto de seus pais dele.
Manoel deu uma batida na porta.
- Gabi! Alguém aqui quer te ver.
- Se não for o Papai Noel com a fórmula mágica do emagrecimento eu não quero ver ninguém! - ela gritou.
Eu ri e Manoel me encarou.
- Ela fez cinco meses de gestação esses dias e a barriga nem tá tão grande assim, mas já está aparecendo. Aí, a roupa que ela comprou pra usar hoje não é larga o bastante pra esconder. Ela tá morrendo de vergonha que a vejam assim - explicou.
- Pra quem você tá falando sobre mim, irmão? - Gabi perguntou, a voz abafada.
- Abre a porta e você vai saber.
Momentos depois, ouvi o barulho dos trincos e a cabeleira escura dela despontou no corredor. Ela tentava esconder o corpo, porém seus olhos claros se arregalaram um pouco ao me ver.
Então, notei que Gabi era muito parecida com a mãe de rosto, exceto pelo cabelo. Mas também era óbvio que o cabelo da mulher não era de um loiro natural.
- Eva? Você veio! -Ela encarou Manoel. - Você me deve cem reais.
Ele apertou os lábios.
- Bom, eu trouxe uma garota pra ver se ela te entende. Agora fui.
Ele saiu, descendo as escadas apressadamente. Pouco depois, ouvi um som abafado seguido de um xingamento.
Gabi riu.
- Ele deve ter caído no último degrau da escada, de novo. Manoel sempre faz isso - explicou.
- Ah...
- Então, eu deixo você entrar se prometer que não vai rir de mim, porque estou obesa.
- Não se preocupe. Eu não vou rir.
Ela abriu mais a porta e eu entrei. O ar abafado veio de encontro à minha pele enquanto observava o ambiente caótico. Havia pilhas de roupas jogadas sobre a cama, sapatos e sandálias caídos nos chão, mais roupas e até bolsas penduradas numa cadeira.
- Tá, não repara muito nessa bagunça aqui. É meu mundinho particular. E se eu não estivesse precisando tanto de ajuda, nem te deixaria entrar. As únicas pessoas que vêm aqui são meus pais e Manoel. Mas hoje é exceção.
Então, eu a encarei.
Ela vestia um vestido dourado, cheio de glitter, que deixava os ombros à mostra. Seus pés estavam descalços e seus cabelos, revoltos. O vestido marcava um pouco sua barriga.
- Eva! Para de olhar pra mim! - Ela tentou cobrir o corpo com os braços.
Desviei o olhar.
- Desculpa.
- Cara, Manoel tem razão. Você fica encarando as pessoas. Isso é irritante.
- Peraí, ele disse que é irritante?
Gabi sorriu, as expressões em seu rosto suavizando. Caminhou até uma penteadeira, jogou umas roupas no chão e sentou. Essas roupas estão limpas ou sujas? Jesus...
O vestido estava aberto em suas costas, revelando uma parte de seu sutiã e um sinal de nascença.
Ela me encarou através do espelho da penteadeira.
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Entre o amor e a maçã | Livro 1 [CONCLUÍDO]
RomanceEva e Manoel não poderiam ter se conhecido de forma menos convencional. Ela numa festinha de fim de semestre da faculdade, ele surgindo, de repente, interrompendo uma conversa para lhe passar a cantada mais ridícula de todas. O que devia ser uma noi...