Prólogo

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As luzes amarelas da cidade refletem no capô da Mercedes-Benz SLK, o vento cortante e os xingamentos são as únicas coisas audíveis dentro da máquina. Perseguindo o veículo as 3 sirenes das viaturas entorpecem o ar da cidade de Hayastan e indicam com a aceleração furiosa atrás do que quer que esteja dentro dessa velharia de carro.

–Isso, engole poeira aí verme, cola em mim, ou vocês tão com medinho?–Enquanto essa voz jovial saia de dentro da Mercedes, o dono da provocação colocou seu rosto para fora da janela, tirou uma das mãos do volante e mostrou o dedo do meio para os policiais. A iluminação fraca da Lua desfalcada e as luzes neon da rua não ajudam na visualização do rosto do meliante, mas o reflexo lunar revela algo de conhecimento geral da população hastayense, essas características, elas são inesquecíveis. Um cabelo longo esvoaçado e um único olho de raposa, sem dúvida alguma era o animal da noite, Vulpius.

Mantendo a velocidade e costurando pelas ruas da cidadela o criminoso torna seu corpo de volta ao veículo.

–Foi legal né?– O rosto do homem agora pode ser visto perfeitamente, um jovem rapaz de traços finos, cabelos longos e escuros como o céu noturno vira seus olhos lilás vibrante para o banco do passageiro com um sorriso inocente e me questiona. Eu concordo. O garoto está tão feliz, como poderia contrariá-lo.

Esse momento extasiante poderia muito bem durar para sempre, porém, o mundo não é tão belo assim. No momento de sua comemoração Vulpius perde, por um segundo, o controle da direção fazendo o carro derrapar. Uma reação incomum escapa do garoto, um riso contagiante ecoa. As sirenes douradas se aproximam cada vez mais, e dessa vez o animal não tem chance de escapar.

Entre risadas e o olhar semelhante ao de uma criança que acabara de fazer uma estripulia, o garoto tenta recuperar o controle, e falha miseravelmente. A distância entre o carro e o muro da viela diminui consideravelmente, hoje é o dia que o maior procurado da cidade é pego, o caçador se torna a caça por um momento, o destino quer a cabeça dele, mas algo difere a raposa roxa de suas presas, a inexistência de desespero em sua mente, ele está bem feliz na verdade, a diversão nesse lugar é infindável.

Quase como um até breve, trocamos olhares, não de medo, mas de excitação e esperança. O som da batida é notório, todos os barulhos que antes entorpeciam nosso entorno cessam e a única coisa audível é uma gargalhada. Vulpius foi pego.

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