29. Tempo perdido

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Logo que esse diálogo terminou, Hyunwoo acordou de repente, apertando os olhos e tentando assimilar que havia sido apenas um sonho muito estranho. Ele encarou a parede e seu olhar lentamente passou dela para o vaso com delfínios azuis murchos em sua cômoda. Seu coração batia rápido dentro do peito, querendo escapar por sua boca.

Não sabia se tal informação sobre os delfínios serem tóxicos era verídica, afinal, o quanto poderia acreditar em algo que descobrira por meio de um sonho estranho? Mas parecia tão real, e Hyunwoo queria com todas as suas forças que aquilo fosse verdade.

Mesmo tendo sido contra a ideia de Kihyun de envenenar o rei, ele poderia pensar em um jeito diferente de fazer isso usando as flores e suas próprias mãos, sem precisar depender do criado, já que isso o colocaria em um imenso perigo.

Assim, ele só teria que executar o plano, sem precisar assistir à morte do pai ou criar coragem de dar o golpe final. Não iria gerar sangramentos, feridas visíveis, a carnificina seria feita apenas dentro do corpo de Seokjin e assim talvez até tivesse menos chances de conectarem sua morte a ele. Graças a visita de um desconhecido sem face em um sonho, Hyunwoo finalmente tinha uma boa opção para enfim fazer justiça e trazer a paz àquele reino.

Ele se levantou quase que em um salto, impulsionando o corpo em direção ao banheiro. Jogou água gelada em seu rosto, esfregando-o com vigor e acabando por sorrir por conta da esperança que seguia crescendo dentro de seu peito. Pela primeira vez em muito tempo, sentia que tudo tinha uma chance considerável de ficar realmente bem, de que os problemas fossem enfim extintos.

Com a morte do pai, ele se casaria com Nari e se tornariam rei e rainha, podendo consertar a economia, cessar a pobreza, diminuir os luxos desnecessários do castelo para que os impostos fossem reduzidos, trazer novas políticas para que seus súditos vivessem sem passar fome e trabalhando de maneira excessiva, falecendo de exaustão, doenças ou desnutrição.

Além disso, juntos, teriam a possibilidade de colaborar para manter seus relacionamentos com os criados, Dayoung e Kihyun. Como bons irmãos, mesmo que não de sangue, conviveriam muito bem, mantendo seu romance falso para não serem julgados pela população, mas entre quatro paredes, poderiam viver felizes com aqueles a quem realmente amavam de maneira romântica, e não fraternal.

Jooheon chegou em seu quarto para acordá-lo, mas encontrou-o no banheiro, já de pé. Ele colocou dentro das gavetas um monte de toalhas limpas e cumprimentou Hyunwoo, notando seu ânimo repentino assim que bateu os olhos em seu rosto contente.

— Acordou mais cedo e está animado? Gostei de ver — Jooheon comentou, sorrindo. Já fazia tempo que não via o amigo assim.

— Já era hora, não é? Não aguento mais esse marasmo.

— Tem algum motivo específico para isso? Foi tão de repente... não que isso seja ruim, continue assim, por favor! Só achei curioso — Jooheon explicou, fitando-o enquanto dobrava algumas roupas limpas que trouxera consigo.

— Tem alguns motivos, não foi tão súbito assim — respondeu, sentando-se na poltrona com um longo suspiro e um sorriso frouxo no rosto. Sentia-se tranquilo, o que vinha sendo muito raro nos últimos dias, semanas e talvez até mesmo anos, portanto estava determinado a aproveitar a sensação ao máximo.

Por alguns minutos, jogou conversa fora com Jooheon como fazia antes, rindo e falando bobagens com seu melhor amigo de tantos anos. Só pararam de papear quando Jooheon anunciou que ia buscar seu café da manhã, o que animou Hyunwoo no mesmo instante.

Ele voltou com a bandeja, tão bem feita quanto a que Hyunwoo recebera com a carta de Kihyun. Um sorriso invadiu seu rosto e ele pegou o café da manhã, começando a devorá-lo sem demora, oferecendo um dos pedaços de bolo para Jooheon, que o aceitou com uma comemoração em voz alta.

O Segredo do Príncipe | ShowkiWhere stories live. Discover now