•PRÓLOGO•

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2014
São Petersburgo-Russia

Por minutos o som dos corpos dos meus pais colidindo contra o chão continuou a tocar em minha cabeça como a mais melancólica melodia que um dia, algum teatro já teve a honra de apresentar ao público.

Por minutos continuei em posição fetal olhando para os corpos dos meus pais, enquanto ambulância, e viaturas policiais adentraram o terreno de minha casa.

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Eu me sentia vazia e sozinha, sentada na maca de um hospital, esperando ser atendida.
O sangue que espirrou em mim quando meu pai foi baleado na cabeça, já estava seco e grudado em minha pele.

Já não sei a quanto tempo eu estava olhando fixamente para um bebê, que parecia bem assustado por sinal, não é para menos, eu parecia uma louca que acabou de fugir de um hospital psiquiátrico.
Dou a total razão a ele, ele deve estar tão apavorado quanto eu.

Hospital público é uma merda, não tem sala pra ser fornecida a todos os pacientes, pessoas moribundas deitadas em macas por todo o corredor, e eu, era só mais uma.

O ar desse lugar é gelado, muito provavelmente para caso alguma pessoa que esteja na fila de espera morra, não juntar mosca e nem começar a feder.
Enquanto pessoas imploram para ser atendidas, médicos tomam seu mais bem preparado café, dando a desculpa de que chegou atrasado e não conseguiu tomar café em casa, mentirosos de merda.

Sinto uma mão gelada tocar minha testa, tomando minha total atenção, fazendo-me voltar meu olhar para a enfermeira em minha frente

- Eu sinto muito, sei como você deve estar se sentindo - diz a enfermeira tentando me consolar, e não obtendo muito sucesso

Sem saber muito bem oque responder, apenas maneio com a cabeça em concordância, tentando agradecer.

- Seus pais ainda são vivos ?- Pergunto e ela me responde com um simples sim- Então com todo respeito, você não sabe como me sinto- respondo por fim

Eu realmente não quis soar rude ou desrespeitosa, apenas fui sincera.
As pessoas muita das vezes acham que tentar formular frases bonitas e motivacionais em momentos como esse pode ajudar, talvez gere algum conforto, mas um abraço poderia resolver tanta coisa.

-Você tem razão, não sei como se sente,mas tenho uma ideia.- Ela diz, enquanto limpa o sangue em meu rosto, com uma gaze e um produto, que acho ser algum tipo de antisséptico- Você deve estar se sentindo perdida e eu entendo, não é fácil passar por tudo que você está passando, ainda mais com essa idade. Perder seus pais, conserteza é uma dor inimaginável.

Apenas escuto tudo em silêncio, concordando minimamente com a cabeça, gerando um olhar penoso por parte da enfermeira.

[...]

Geralmente quando seus pais morrem, você é mandada para um orfanato, quando não tem ninguém de sua família para ficar com você.
No meu caso, estou sentada em uma range rover evoque preta, acompanhada de ate onde sei, um antigo amigo dos meus pais, que eu nem sequer lembrava da existência.

Ele está muito bem vestido, sério e em completo silêncio, me causando um medo absurdo.
Não sou de ter medo das pessoas, meus pais me ensinaram a não abaixar a cabeça para qualquer um, mas porra, ele me dá um certo medo.

Afundo-me no banco, me sentindo intimidada quando meus olhos se cruzam com o olhar do homem que estava dirigindo, através do retrovisor.

- Faz tempo que não nos vemos Eloá. Lembro-me muito bem quando peguei você no colo pela primeira vez. Você era tão pequena que quase escorregava pelos meus braços.- Diz o homem que aparenta ter uns 45 anos, com o cabelo e a barba bem feitas, praticamente tomadas pelos cabelos grisalhos.

Tomando minha total atenção, ele continua a contar o quão pequena é frágil eu era quando bebê, oque concerteza é normal.

-Me desculpe senhor, sendo sincera, não me lembro muito de você- digo sincera e totalmente nervosa, esperando a sua reação.

Ele solta uma respiração risonha, parecendo achar graça em minha fala

-Como eu disse, faz anos que não nos vemos, não é para menos. Me chamo Elizer Montaro, me chame apenas de Montaro, prefiro.

Montaro....Montaro, não me lembro de já ter o visto em minha casa antes.

Sendo sincera, não me lembro de ninguém ter posto o pé em minha casa, a não ser meus pais e eu.
Sempre me perguntei o porquê, vivíamos em uma casa um pouco distante das lojas, escolas,mercados, civilização em geral


Éramos uma família unida, e muito feliz, realmente muito feliz.....

[...]


O carro é estacionado em uma enorme garagem subterrânea, onde tinha diversos carros, dos mais comuns aos esportivos, e antigos, pra ser mais exata relíquias.
Era de se admirar, tamanha riqueza que se encontrava ali, praticamente um museu de carros antigos.

Enquanto observo alguns carros, Montaro de afasta, após seu celular começar a tocar.

Depois de alguns minutos, retorna a meu encontro, sem muito mistério, ele anuncia que precisava resolver algumas coisas de trabalho, relatando ser de extrema importância,
Certamente era, devido a sua expressão de raiva, o coitado parecia só querer uma boa noite de sono.

Dois homens aproximaram-se, me guiando para dentro da casa, extremamente bem arrumada, decorada, limpa e muito grande.
Não pude conter minha enorme fascinação a olhar ao redor.

Meu olhar foi quebrado por uma senhora, já de idade, que aproximando-se calmamente, me ofereceu um lindo sorriso, e ajudou-me a me instalar na casa.

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Oii
Isso é apenas o começo, digam oque estão achando!!

E me desculpe qualquer erro!
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