Percebi o momento em que os olhos penosos de minha irmã caíram sobre mim, e o tanto que ela me alertou para não deixar que meu coração fosse exposto. Ela sabe das minhas obrigações, do fardo que é ser um Jung.
Pelas regras do Cortejo, eu não posso cogitar escolher qualquer pessoa que não esteja entre as listadas para a festividade, menos ainda, se essa pessoa não possuir um título que preceda o seu nome.

E eu, em pura loucura, me encantei por um servente. Um matador cujo as mãos sujas de sangue, sujavam também o seu destino; segundo os anciãos, qualquer um que não carregasse no sangue o cintilar azul, jamais teria cacife para suspender uma coroa na sua cabeça.
A sentença para um amante do Rei, por vezes, resultava em morte. Malditos aqueles que ditaram as regras.

ㅡ Eu te avisei! Disse que não deveria se aproximar demais, irmão...sabe que se desconfiarem, ele amanhecerá prometido a forca! Nem mesmo Jimin poderá impedir isso, então apenas pare de se martirizar tanto.

ㅡ Eu sei, mas é uma merda carregar esse lixo na cabeça e sequer ter o direito de decidir o que faço com a minha vida! ㅡ  grunhi baixo, assim, pude evitar que os demais reparassem em nosso diálogo.

ㅡ Então mude isso, Hoseok! Seja o rei. E faça esses bando de velhos, engolirem suas ideias retrógradas! Eu estou apoiando você.

Não necessitei de mais nada, somente aquela breve conversa foi o suficiente para que eu levantasse do meu trono e percebesse todo o salão congelar, meu manto vermelho como sangue foi posto lateralizado ao meu corpo, a roupa que me cobria era feita a mão. Uma calça preta colada, um colete em fios de ouro e uma bota tão lustrada quanto o piso que a recebia. Em silêncio, assim como todos os presentes, desci as escadas que separavam meu trono do salão e caminhei até que estivesse em frente ao general. Os olhos afiados encaravam-me neutros, sequer conseguia lê-lo, e perceber isso me fez desistir de toda a loucura que estava prestes a cometer.

Pensei em cancelar o cortejo ali, avisar que agora meu coração estava sendo tomado de forma gentil e que nenhum território estava em jogo, apenas duas pessoas comuns conhecendo seus limites. Mas não tive coragem, então sorri, e me preparei para sair daquele espaço sufocante.

ㅡ Aí está ele. ㅡ comentou baixo como se desejasse ser ouvido apenas por mim.ㅡ O sorriso mais bonito do mundo.

ㅡ O mundo é um lugar muito grande. ㅡ tornei a encará-lo, e ele permanecia ainda, irritantemente impassível.

ㅡ Já estive em cada parte dele. ㅡ as pessoas ainda nos observavam, e eu pude sentir os velhos emissários, vizires e duques, queimando minhas costas. ㅡ E ninguém é como você.

ㅡ Não diga isso...ㅡ podia jurar que minhas bochechas haviam tomado uma coloração mais rosada, e me xinguei por isso. ㅡ As pessoas ainda nos olham, não é?

ㅡ Estão com inveja de mim.ㅡ disse simples, afastando-se da coluna e parando rente à mim, o suficiente para lentamente curvar-se, braços em pura harmonia. O esquerdo tomando espaço em suas costas, enquanto o direito pairava sobre o próprio peito; uma mesura digna de um Rei. Um mero General não teria aquela postura. ㅡ Afinal, estou com você.

ㅡ Queria que a sua cabeça não se tornasse um prêmio, JeonGguk. Se dançar comigo agora, estará aceitando que a morte é uma opção...um rei não deve decepcionar seu povo, muito menos se casar com alguém de uma casta inferior.

ㅡ Não me importa o que Reis fazem, Hoseok. O que você quer?

ㅡ Eu quero você. Mas e a forca...

ㅡ  Me querer é o suficiente, esqueça o resto e foque em mim.

E enquanto os músicos tocavam melodias que remetiam ao amor, pude sem medo, me deixar levar a medida que nossos corpos moviam-se pelo salão. Abrindo espaço entre nobres enojados e princesas de ego ferido. Mas não importava mais, porquê ele também me quis.

Quando a música teve o seu fim, não tive coragem de largá-lo, meu destino em seus braços parecia certo demais. Mas diante de todos os comentários maldosos que eram feitos na nossa direção, senti que deveria por mim e para proteger o meu caminho, calar todos os que ousavam cochichar ao meu respeito. Mas Dawon foi mais rápida, e o baque do seu cetro - um grande item de valor, passado a ela pela nossa mãe, e totalmente revestido de prata e diamantes -, fez com que os músicos desistissem de iniciar a nova música, e os demais calassem o falatório.

ㅡ Silêncio! ㅡ esbravejou irritada.ㅡ Curvem-se diante do seu rei, agora!

E surpreendentemente, vi todos a obedecerem.

ㅡ Ele governa vocês, e também a sua própria vida! E qualquer um que tentar contra a coroa, morrerá. Porque eu não admito traidores debaixo do nosso teto, então se alguém aqui não está satisfeito com o par de dança que o Rei escolheu, manifeste seu descontentamento, e ganhe de presente uma corda no pescoço!

ㅡ Gosto da sua irmã. ㅡ comentou próximo ao meu ouvido.

ㅡ Você não parece gostar muito de ninguém.ㅡ  acusei.

ㅡ Não seja tão duro comigo, Majestade. Eu gosto de você.

Sob os olhos do Rei. जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें