Capitulo 4

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Sexta-feira
12:40

Acordei super feliz, hoje o dia começou perfeito. De manhã recebi uma ligação de uma senhora chamada Flor, pois pelo visto, ela é governanta da casa na qual (se tudo der certo e eu não for desastrada como sempre), vou trabalhar.

Recebi o endereço e horário por e-mail, o que achei super estranho pois hoje em dia ninguém mais usava isso para contato. Bom... talvez eles apenas sejam pessoas bem tradicionais.

No email dizia que ela me encontraria hoje às 14:00 da tarde, pois a família Goldman chegaria logo de viagem e tudo teria de estar resolvido e no seu devido lugar.

Termino de me arrumar e me olho no espelho dando uma checada se estava tudo certo, pois queria causar uma boa primeira impressão.

Você ainda não foi contratada.

Eu sei, eu sei, mas ainda sim, queria estar ao menos apresentável. Jasmin disse que a família é uma das mais ricas de toda a Nova Iorque, entre outras várias cidades por aí, então eu tinha que estar à altura para ser escolhida. Eu sei que nunca conseguiria esse emprego sem Jasmin, meu currículo não era lá grandes coisas pois nunca trabalhei em lugares tão chiques e refinados antes, e talvez seja isso que eles procurem.

Também sei que não precisava disso para ser boa, eu era uma pessoa extremante esforçada e sempre procurava ser excelente em tudo que fazia.

Aliso minha calça branca colada, que desenhava as curvas do meu corpo e meu suéter também branco. Uma conselho importante sobre a vida, se vocês querem parecer pessoas sérias, vistam branco.

Ok, talvez seja um conselho apenas meu...

Mas ainda assim, tinha lógica.

Ainda era fevereiro, mas hoje o tempo quis ser bom comigo e decidiu trazer ventos um pouco frios e clima dublado. Sinceramente, eu preferia o verão, mas só esse clima para me fazer vestir calça e suéter.

Meu cabelo loiro, estava solto, ele batia um pouco acima da minha cintura e era ondulado nas pontas. Não havia passado maquiagem, então minha pequena pinta marrom na bochecha direita, um pouco abaixo do olho, estava presente. Também não sou tão alta, tenho 1,65. Meu corpo...bom, sinceramente eu sempre me senti bem comigo mesma.

Ainda que eu ama macarrão e outros tipos de massa, sempre tive o costume de sair pra correr e ir malhar. Tenho as coxas um pouco grossas, minha bunda é arrebitada, resultado de muito agachamento na academia. Tenho a cintura um pouco fina e os peitos nem muito pequenos mas nem grandes também. Me sinto muito bem como sou.

Bom...

Tirando aquilo.

Aquela infeliz cicatriz em minhas costas, na qual não conseguia me livrar, pois toda vez que a olhava, lembranças insistiam em renascer. Elas me assombravam, como um fantasma. Como uma sombra. Me obrigando a voltar no tempo e vivenciar a semelhante sensação de quando a ganhei.

Suspiro.

Me viro de costa para o espelho, levando minhas mãos até a barra da blusa e levantando a mesma até a altura do peito, dando de cara com o que eu menos queria.

Ela não era grande, não era feia, não doía mais.

Físicamente.

Pois por dentro, ela deixou um estrago maior do que o esperado, deixou tudo feio, em pedaços. E ainda...ainda doía como o inferno.

A cicatriz era vertical, do meio das minhas costas até um pouco acima do meu quadril. A pele queimada já não era da mesma cor das outras e sim mais rosada. A textura, quando passava a mão, ainda conseguia sentir um relevo.

Esqueça as Chamas e a Tempestade (Livro 1 da série: Herdeiros) Onde histórias criam vida. Descubra agora