Ele me lança um olhar complacente.

— Não é trabalho de Deus fazer você se sentir confortável, Rigel — sua voz se torna mais paternal. — Mas acredite, embora os planos de Deus possam parecer árduos e nebulosos a princípio, o fim deles é feliz e bom.

— Ótimo. Por que não aproveita que são íntimos e pede a Ele pra ir direto para o fim, então?

Padre Cadence dá um tapinha no meu ombro.

— Até nisso você se parece com seu pai, embora na sua idade, ele fosse mais como eu.

Eu bufo.

— Não estou surpreso, aos quinze anos a maioria das pessoas acredita em qualquer coisa.

— Aos quinze anos a maioria das pessoas não acredita em nada, além de si mesmas, você é prova disso.

Antes que ele se prolongue, eu assinto, fingindo concordar, quem sabe assim ele não desista de tentar me converter. Apoiando a cabeça na parede, fecho os olhos, se ele voltar a falar sobre os desígnios de Deus e coisa e tal, vou fingir que estou dormindo.

Há algum tempo uma enfermeira carrancuda informou a Eliza Beene que o infame passa bem, seu quadro é estável

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Há algum tempo uma enfermeira carrancuda informou a Eliza Beene que o infame passa bem, seu quadro é estável. Quando o padre Cadence perguntou do meu pai, no entanto, ela veio com a ladainha de que não estava autorizada a dar informações e que o Dr. Karuma aguardava a chegada de um familiar adulto, fez questão de ressaltar, me olhando como se eu tivesse cinco anos e comesse caca.

Contrariando as expectativas do corpo médico, a mamãe só foi aparecer horas mais tarde, com a pior cara de ressaca que se possa conceber. Ela mal teve tempo de me dizer "oi", a enfermeira carrancuda se aproximou com a desculpa de leva-la até o Dr. Karuma.

Faz quase uma hora e nada dela retornar. Enquanto meus nervos são cozinhados em banho-maria, enfermeiras vêm e vão, passam por nós apressadas, cochichando entre si como se fossemos invisíveis.

Estou quase desistindo de esperar, quando a enfermeira carrancuda aparece para me acompanhar até a sala do médico, onde, segundo ela, minha mãe me aguarda.

Começo a tremer como se meu corpo inteiro fosse um composto gelatinoso ao ver médico e enfermeira desaparecem atrás da porta, me deixando a sós com a minha mãe. Ela levanta da poltrona alisando seu suéter e vem até mim, sem dizer uma única palavra, pega a minha mão entre as suas e abaixa a cabeça, desenhando círculos invisíveis na minha pele, como quando eu era pequeno e precisava ser acalmado.

Desta vez não vai funcionar, eu não tenho mais cinco anos, minha aflição não se deve a um bicho de pelúcia estragado ou a um machucado qualquer no joelho, mas ao meu pai, a pessoa mais importante para mim no mundo inteiro, mais importante até do que eu mesmo.

Afundo as mãos nos bolsos, a fim de evitar seu toque.

É tarde demais para bancar a mãe carinhosa e preocupada, eu passei a noite inteira sem pregar os olhos, aboletado em uma poltrona dura de hospital enquanto você dormia à sono solto em uma cama confortável, alheia ao ruir do mundo à minha volta, pra variar.

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⏰ Ultimo aggiornamento: Mar 14 ⏰

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