Miss Brasil 2000

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Será que ela vai continuar uma tradição?

Será que ela quer modificar uma geração?

Lá vem ela!





— É o prédio mais boring da Paulista inteira. — pensei em voz alta.


— Você gosta de reclamar de barriga cheia, hein, Giovanna? – Samantha dizia, tirando os óculos escuros da cara, armação belíssima. Espero que ocorra o dia que eu, num lapso de cleptomania, furte esse belíssimo modelo no apê dela. - Sobe sem ataque de estrelismo, garota.


— Madonna e eu temos a mesma atitude, e adivinha quem é criticada? A latina com desvio de conduta. – disse, fazendo careta. – Sá, obrigada, tá.


— O mérito é seu, benhê. Eu só fiz a mediação com o Olavinho. – sorriu, me empurrando de leve. – Arrase e brilhe.


Arrase e brilhe, disse minha RP me empurrando para o estrelar prédio dos Estúdios Liberal.

Contexto pra ninguém ficar boiando: A Liberal é a rede de canais abertos e fechados plus sites de notícias que a Globo queria ser, só que made in SP. Líder a mais de 50 anos em todos os segmentos possíveis, ela vinha se consolidando de maneira bem firme com os novos públicos. O velho Olavo, um senhor de 60 e poucos anos, herdeiro de Francisco Matarazzo, fundador da empresa, era extremamente cabeça aberta no que condiz isso do setor do entretenimento, e por isso que a máquina girava tão bem dessa forma.


Ah, vamos falar sobre mim também né. Leonina, ascendente em peixes, recém alocada na casa dos 30, hoje residente e domiciliada em Higi — bairro das it girls, fala sério. Eu escrevo umas groselhas sobre histórias que escuto nessa cidade, prioritário e majoritariamente sobre sexo. O nome da coluna é Ponto G, afinal, qual seria um nome melhor? Ah, e eu não só escrevo sobre sexo, como também faço, tá? Que isso fique claro. Não sou lá uma kiss-and-tell, já que nunca escrevo sobre as minhas experiências, apenas falo, esporadicamente, depois de alguns drinks com os de fé. Eu tenho, ou melhor, tinha um podcast sobre isso, um livrinho que veio a estourar recentemente, mas as coisas mudaram para mim quando a minha crônica "Noviças do Vício: um conto de réveillon na cidade onde pular as 7 ondinhas é impraticável"  meio que bombou no sete, furou algumas bolhas, me deu um engajamento really good e me trouxeram até Olavo.


É lindo como tudo aconteceu. Nosso contato por email foi quase um websexo.


Uma proposta irrecusável para uma novata na cena: Estabilidade. E quem não quer estabilidade na vida? Começar uma carreira consolidada na maior rede de entretenimento do país é quase como ser nomeada num concurso público federal. Mamãe ficou bem orgulhosa.


Aunt Gio sobre ao prédio com seus saltos rubis, bolsa clássica Falabella da Stella McCartney (go, vegan!), loiros indomáveis e terno negro com detalhes em vermelho, do mesmo tom do salto, porque há dentro de mim um quê de metódica irreparável. E muitos foram os engravatados subindo e descendo os olhos no meu decote fixo


— Achei quem eu queria achar! – Exclamou uma gata. Ou melhor, A Gata.


Eu encontrei na porta da Liberal simplesmente a guia turística dos sonhos: Alessandra, ou melhor, a Alê do Alêgorias, o programa de TV que é o crème de la crème da relevância no meio.

Se você não senta no sofá curvo cor de creme da Alessandra, você não é ninguém. É necessário pôr os pés na mesa de centro e contar a história mais devassa que você tiver com o termo escolhido. Indo pra sua terceira temporal na Liberta, canal específico de Variedades e Cultura da Liberal. Temos o LiberNews, Libertadores (chutem qual o teor do canal), Rede Liberal, Liberta e TatáKids. O programa da Alessandra ganhou também a exibição master-blaster do horário das 23h na Rede Liberal às sextas, depois da exibição da novela. Ou seja: Ela é fodastica.


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