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You On

Eu me encostei no batente da porta, encarando-o. Meu olhar passeou pelos fios, ainda tão escuros quanto da última vez que nos vimos, indicando que tinha feito pouca ou nenhuma mudança na coloração, repartidos no meio, quase na altura dos olhos. A armação redonda que ele não usava sempre era prateada, diferente da que usava em nosso último encontro.

― Oi Mark, há quanto tempo.― Sorri.

Quando meus pais foram transferidos do Brasil para o Canadá, nós fomos para Toronto, a cidade onde Mark nasceu. Por conta da pouca diferença entre Minho e Mark, eles se conheceram ainda na escola.

Por algum motivo que eu desconheço, Mark voltou para o Canadá há uns tempos. Eu tinha esquecido disso, assumo, e só me me lembrei com as mensagens do meu irmão pela manhã. Com isso, me lembrei dele dizendo que não sabia se voltaria.

Não posso não ficar feliz por ele ter voltado.

― Uau, sua irmã ficou muito mais bonita nesses tempos.― Com uma mão, jogou o cabelo para trás e me olhou de cima a baixo e sorriu. Minho deu um tapa nele e os dois começaram a rir.

― Não olha assim 'pra minha irmã não, ela não é para você.― Revirei os olhos e ri também.

― Olha Minho, eu vou 'pro meu quarto, estou morrendo de cansaço. POR FAVOR, não faz barulho de madrugada que eu tenho aula amanhã. Ou então eu te empurro da escada.

― Ah, como eu senti falta de ver as implicâncias de vocês.― Mark riu e eu saí do quarto, indo para o meu.

Tranquei a porta como sempre faço e antes de ir para o banheiro, guardei os brincos. Tomei banho e vesti um pijama preto, com bolinhas brancas. Me joguei na cama e mandei mensagem para Chaery enquanto colocava meus fones.

[Eu]
Você ainda vai me explicar a história do Chenle
E eu só gostaria de dizer que estou desesperada porque o Mark voltou do Canadá

Logo pensei em algo que me tranquilizou um pouco: estando fora de Seul, talvez Mark não tenha recebido a carta, certo?

Bufei, frustrada. Eu mal conseguia me alegrar por rever uma pessoa presente na minha vida por culpa dessas cartas.

Maldita hora que eu decidi endereçar elas!

Eu tentei me ocupar com os fones e remexendo umas coisas no quarto; aproveitei para colocar o desenho que ganhei de Renjun no meu quadro de fotos, logo acima da cama e o origami da cerejeira sobre o peitoril da janela, a frente da escrivaninha. Entretanto, não era o bastante para me ocupar por muito tempo e eu caí na cama, com o celular e os fones ao lado.

Eu deveria estar cansada. Esse dia era uma montanha-russa; Johnny, Jaehyun, Kun e Chenle. Agora Mark. Eu não conseguia descansar sabendo que ele estava no quarto no fim do corredor, depois de um bom tempo sem o ver.

O celular tocou algumas vezes, aparecendo o nome de Chaeryeong e eu me levantei, inquieta demais para responder mensagens ou para ficar lá, sem fazer nada. Me dirigi até a porta do quarto, destranquei a mesma e desci as escadas. Fui até a cozinha e peguei um dos maiores copos e enchi de água. Me encostei no balcão e comecei a beber, com calma.

Eu ouvi passos na escada; a madeira sempre denunciava, não importava se estava descalço ou se pisava com a leveza de uma pena. Depois, eu ouvi os passos se aproximando

― Achei que você ia dormir.― Ouvi a voz de Mark atrás de mim e eu apertei meus olhos, tentando não surtar. Eu vim beber água para esquecer esse problema, só para o encontrar. Olha só.

― Ah, me deu sede.― Sorri fraco para disfarçar meu surto interno e ele também sorriu. Se aproximou e apoiou os cotovelos no balcão.― Como foi no Canadá? Não sabia que ia voltar.

To All the Twenty Guys I've Loved Before - NCT OT20Where stories live. Discover now