Capítulo três.

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— Eu abriria mão de vasos sanitários com descarga por um homem desses.

Tiro o olho do celular para olhar para a imagem na TV que minha vovó Smith está apontando ou, mais especificamente, para o cara superlindo usando um kilt ao qual ela se refere.

É meu terceiro dia no apartamento da vovó Smith, comendo biscoitos SnackWell’s e vendo um seriado chamado Os mares do tempo, sobre uma mulher que viaja no tempo e se apaixona por um highlander gato.

Fiquei viciada no ano passado, durante a minha Febre Escocesa, e trouxe os DVDs para cá como apoio moral. O final do namoro da vovó Smith (com Sky, o atendente do bar), a abalou pesado e, por isso, estamos assistindo a esse seriado sexy de viagem no tempo enquanto comemos biscoitos.

Franzindo a testa, eu observo o cara na tela.

— Gosto muito do Callum — digo, finalmente. — Especialmente do cabelo dele. Mas sinto que gosto mais de vasos sanitários com descarga. Talvez?

Do seu lugar no sofá, vovó Smith dá um suspiro.

Ela tomou banho hoje, o que já é alguma coisa, pelo menos, e seu cabelo preto está preso num coque bagunçado.

— Você não tem noção alguma de romance, Applejack — ela diz e, mais uma vez, resisto à vontade de olhar para o celular.

Já faz duas semanas desde que vi Rara pela última vez, duas semanas desde que estávamos nos beijando na barraca em meu quintal, e ela já deveria ter voltado da casa da avó há três dias.

Estou esperando por uma mensagem, mas, até agora, nada. É difícil não fazer uma conexão entre o retorno de sua ex-namorada e esse silêncio repentino, mas acredite quando digo que esses são dois pontos que eu estou realmente tentando não conectar, não importa o que Parker disse.

Eu sei o que tenho com Rara e não é apenas “uma distração”, ou seja lá o que for. É um nós, como ela disse…

O celular apoiado na mesa vibra, me inclino para pegá-lo e me acomodo de volta na desconfortável, porém-extremamente-estilosa, cadeira de couro branco da vovó Smith.

É uma mensagem, mas é da Rainbow, me perguntando se Rara já deu sinal de vida.

Não, eu digito de volta, tendo gaitas de fole e respiração pesada como música de fundo. Mas ela ainda está na casa na casa da avó?

Outra vibração e recebo uma série de :( :( :(

Obrigada pelas vibes positivas, respondo, franzindo a testa.

O celular vibra mais uma vez, mas eu ignoro e me concentro no seriado, no qual Callum e Helena estão deitados e cobertos, ainda bem.

— Tudo bem, menina? — vovó Smith pergunta, e eu balanço a cabeça indicando que sim e forçando um sorriso.

— Uhum, só… você sabe, preocupada com Callum e Helena. Logo, logo, aquele cara inglês, lorde Harley, deve aparecer, e ele não é coisa boa.

Vovó Smith me olha com uma cara estranha enquanto arruma uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Ela tem 51 anos de idade, e deu a luz ao meu pai com 19. Mas, as vezes eu a vejo como uma irmã mais velha e não como a minha vó.

Mas, de vez em quando, ela também tenta fazer Coisas de Mãe só para variar, e percebo que isso está prestes a acontecer.

— Você não parece bem — ela diz, se virando no sofá para me encarar.

— É o colégio?

— Estamos nas férias de verão, vovó Smith, lembra? Mas, sim, em geral, está tudo bem no colégio. Está sempre tudo bem no colégio pra mim, você sabe disso.

Sua alteza real - Rarijack (AU)Where stories live. Discover now