XIV - Proteja a serpente

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(Capítulo não revisado)

Peter desconfiava que não suportaria mais um único segundo dentro da sala de reunião sem acabar surtando. Apesar de desejar ser um Vingador mais do que qualquer outra coisa em sua vida, Peter não se importava com a reunião nem com os Vingadores sentados na mesa, compartilhando as informações sobre a missão na tentativa de explicar como os russos caíram no mar. A explicação mais aceita era que eles se jogaram no mar para fugir, porém foi descartada depois de um tempo de discussão porque, segundo Stark, ninguém seria louco de enfrentar aquele mar naquelas condições. Ele estava certo, no entanto.

Viper não foi convidado para a reunião, mas em determinado momento ele se reuniu com eles após Natasha chamá-lo somente para estar ali, pois ele se arriscou e merecia se juntar a eles. O que era estranho, porque Natasha cedeu sua cadeira ao lado de Peter para Viper e contornou a mesa para se sentar do lado de Stark. Se mais alguém percebeu, ninguém comentou.

O silêncio era Viper no mínimo atípico, sem nenhuma piada a oferecer nem sorriso convencido. Parecia que ele sabia que os Vingadores não descansariam até descobrirem o que havia acontecido com os russos, o que implicava em se deparar com a realidade de que Peter Parker os matou.

Peter se convenceu de que não estava preocupado, que dificilmente eles iriam descobrir que os russos estavam mortos por causa de Peter. Ninguém ali chegaria a conclusão de que o culpado era Peter, a não ser que alguém contasse. E a única pessoa que sabia era Viper.

Pela visão periférica, Peter analisou Viper à procura de sinais que denunciassem que ele estava prestes a denunciá-lo. Viper não estava calmo, ele parecia perturbado por alguma coisa enquanto batia os dedos sem nenhum ritmo contra a mesa, olhando para um ponto da parede como se tivesse algo particularmente interessante na cor cinzenta. Seu rosto ainda estava machucado, com pontos na testa e a pele doentiamente pálida como se tivesse acabado de sair do mar. Desde que ele acordou, ele não falou muito depois de Peter ter confessado que matou os russos.

Era estranho ver Viper daquela forma, quieto e incomodado com algo que não estava ali, como se as memórias assombrassem sua mente e ninguém além de si mesmo pudesse salvá-lo.

– O que aconteceu depois que aquela coisa te arremessou para fora do navio? – Tony perguntou a Viper, o despertando de memórias perturbadoras que o fizeram arrastar lentamente seus olhos para Stark.

Ninguém deixou passar o tom acusador de Tony, as palavras afiadas como adagas.

Tony olhava para Viper como se esperasse por uma confissão, exigindo uma resposta pela qual não cabia Viper a ter. Peter ficou tenso, esperando Viper admitir o que realmente aconteceu, mas Viper não ofereceu um único olhar a Peter ao apoiar os braços em cima da mesa, fazendo uma careta com a dor em seu cotovelo.

– Eu caí, Stark. – Viper disse, a paciência não estava presente em sua voz, deixando uma indiferença quase cruel abraçar suas palavras. – Acredito que todos têm uma noção básica de física para saber o que acontece quando você é arremessado de um determinada altura.

– Resposta afiada para alguém que não se considera culpado.

– Oh, perdão, eu não sabia que estava sendo acusado de algo. – Viper estreitou os olhos e inclinou a cabeça para o lado, com uma expressão quase sombria em seu rosto. O que quer que estivesse passando por sua mente antes de Stark falar com ele, fez com que o humor de Viper piorasse. – Esclareça-me, por favor, do que estou sendo acusado exatamente? Matar os russos?

– Para começo de conversa, nem sabemos como você sobreviveu dentro daquele mar. – Tony disse, mas não tinha confiança em sua voz, parecia que ele estava somente arrumando um motivo para desconfiar de Viper.

A mentira está em meu sangue - Peter ParkerWhere stories live. Discover now