II - Cobra de pelúcia

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(Capítulo não revisado)

Todos esperavam que Loki fosse ser um pai ruim.

Aos oito anos de idade, a mãe de Viper, Suzie, se ajoelhou na frente de Viper e colocou as mãos em seus ombros para fazê-lo prestar atenção nela. Ele lembrava-se dela olhar em seus olhos, lágrimas não derramadas brilhando em seus olhos castanhos idênticos aos de Viper, e a maneira que a dor refletia em seu olhar fez o estômago de Viper revirar.

Era seu aniversário de oito anos e em menos de uma hora seu dia favorito do ano terminaria. Seu pai não estava lá para comemorar.

– Não fique decepcionado, Viper. – Suzie disse, muito compreensiva para acobertar a raiva que queimava em algum canto escondido de seus olhos. Viper era jovem demais para entender, para distinguir onde a mentira começava e acabava. – As coisas serão assim com ele. Loki... Ele não será o meu melhor pai, mas você não precisa se preocupar, tudo bem? Você tem a mim.

Mas era evidente que Suzie sabia que não seria o suficiente, que não conseguiria cumprir com o papel de pai. Com o papel de Loki. E essa perspectiva a fez desmoronar aos pés de Viper, como uma muralha cheia de rachaduras e pedaços faltando que enfim caiu em ruínas.

Viper assistiu perplexo, incrédulo ao ver sua mãe chorar pela primeira vez à sua frente. Ele nunca havia presenciado tamanho sinal de fragilizada vindo de Suzie, ela era forte como uma fortaleza, firme e impressionantemente sorridente. Suzie chorar era como... Descobrir que contos de fadas não eram reais. Que histórias para dormir são somente isso, histórias. Era como ter uma memória boa e bela destruída em frente aos seus olhos e não havia nada que ele pudesse fazer para impedir.

Entretanto, as cortinas da janela da sala de estar farfalharam com força como se uma rajada de vento tivesse as atingido. Viper olhou para trás, sentindo as cortinas roçarem em seu rosto, fazendo cosquinha, e ele precisou fechar os olhos para impedir que o vento acertasse seus olhos.

A escuridão derramava-se no céu, mas não era tão escura quanto o cabelo de Loki que batia nos ombros. Os olhos dele eram sérios, Viper se lembrou, gélidos como o inverno, mas que ao olharem para Viper, se derreteram como chocolate. Havia um carinho inegável nos olhos de Loki que aqueceu o coração de Viper.

– Mamãe. – Viper chamou, a alegria surgindo em sua voz antes que pudesse reprimir. – Mamãe! – Viper foi mais insistente, balançando Suzie pelos ombros para fazê-la erguer a cabeça. – Papai chegou! Papai está aqui!

Viper pulou várias vezes, a alegria pulsando em suas veias como na vez em que foi pela primeira vez no parque de diversão e encontrou uma enorme cobra de pelúcia. Era muito caro e Suzie conscientizou Viper que eles não tinham dinheiro para comprá-lo. Foi o ano passado, mas a cobra estava ali, aos pés de Loki.

Antes que pudesse registrar o momento em que suas pernas se moveram, Viper já estava correndo em direção a Loki, que se ajoelhou a tempo de Viper se jogar em seus braços. O coração de Viper estava acelerado, aquecido pela felicidade que rugia em seu peito ao sentir Loki abraçá-lo.

– Feliz aniversário, Viper. – Loki disse, a mão descansando nas costas de Viper.

– É para mim? – Viper perguntou, afastando-se para olhar com os olhos arregalados para a cobra de pelúcia.

Loki sorriu carinhosamente e pegou a cobra para dar a Viper.

– Sua mãe disse que é seu animal favorito. – Loki falou e a maneira que ele olhava para Viper, como se ele valesse cada segundo de sua vida, fez com que Viper se sentisse importante.

– É o meu favorito!

– Bem, então é seu. – Loki permitiu que Viper pegasse e olhasse atentamente para a cobra. – Quando você for mais velho, eu te darei uma cobra de verdade. – sussurrou, como se fosse uma promessa que só ele e Viper compartilhariam.

A mentira está em meu sangue - Peter ParkerWhere stories live. Discover now