I - Minha doce aranha

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(Capítulo revisado)

O cheiro de queimado invadiu o apartamento e se alastrou pelos cômodos antes mesmo da fumaça se espremer por debaixo da fresta da porta, serpenteando o quarto de Viper como sua cobra, Basilisco, faz quando não está escondida embaixo de sua cama. Para defesa de quem quer que tenha estragado uma excelente panela, ninguém que morava naquele apartamento era apto a esbanjar habilidades culinárias admiráveis.

A melhor refeição que Viper teve morando ali foi um prato exotico com carne – supostamente de boi – e puré de batata, mas que poderia facilmente se passar por alguma gororoba encontrada no fundo de uma caçamba de lixo. Inesperadamente, apesar da aparência nem um pouco convidativa, a comida estava saborosa o suficiente para cada pessoa do apartamento repetir – o que nunca havia acontecido antes.

Acostumado com a falta de experiência culinária dos moradores, Viper voltou sua atenção para o livro de algebra aberto em sua mesa e tentou não querer pular da janela. Às vezes, Viper precisava se lembrar que não podia manipular o professor para fazê-lo dar A para ele em todas as provas, independente do resultado. Não era justo, mas, sinceramente, ele era filho de Loki, ninguém poderia julgá-lo por não ser justo. Tão pouco desonesto.

Thor dizia que esperava que Viper não seguisse os passos de Loki, como se de alguma forma Viper pudesse ser uma pessoa boa somente pela força de vontade de seu tio. Ele escolheu não informar, mas era muito difícil que ele seguisse um caminho diferente de seu pai considerando o poder que tem em mãos. Quando se pode manipular as pessoas, é difícil não acabar se vendo inclinado a fazer.

A porta do quarto abriu com violência e Viper não conseguiu evitar lançar o copo de lápis, que estava sobre a sua escrivaninha, em direção ao invasor. O copo foi envolvido pela magia verde, brilhante e perigosa, que obrigou o jovem Pierre a abaixar para evitar ser atingido.

O copo se partiu contra a parede do corredor, os lápis se espalharam pelo chão, mas Pierre permaneceu agachado, olhando primeiro para trás e em seguida para Viper.

– Está tentando matar alguém?

– Não sei, pergunte a quem está tentando colocar fogo no prédio. – Viper relaxou na cadeira ao perceber que não seria naquele momento que ele precisaria fugir.

Olhando rapidamente para debaixo da cama, Viper percebeu Basilisco voltando a se aconchegar ao ver que não havia nenhuma ameaça aparente. Embora Pierre não pudesse ser desqualificado como uma ameaça, ele provavelmente era o adolescente mais propenso a colocar fogo na casa. Era surpreendente que a fumaça que invadia o quarto de Viper não fosse culpa de Pierre.

– Você precisa ir acalmar os vizinhos do lado. – Não parecia uma simples sugestão, era como se Pierre estivesse mostrando presas que não tinha.

Era interessante, na verdade.

Poucas pessoas fariam Viper ficar intrigado quando tentam mandar nele e, para sorte de Pierre, ele era uma dessas pessoas. Alguém tão pequeno e magro tentando mandar em Viper Laufeyson? Somente Pierre poderia fazer isso e sair impune.

Viper arqueou uma sobrancelha em dúvida.

– Eu preciso?

– Eles vão ligar para a ambulância, Viper. – Pierre se desesperou, gesticulando para a fumaça que se reunia em seus pés. – E se a ambulância vier, nós estaremos ferrados. Somos quatro adolescentes morando em um apartamento, o aluguel está atrasado há mais de dois meses e estamos quase sendo despejados. Se chamarmos atenção, seremos definitivamente jogados para fora.

Era verdade, exceto que Viper não sabia porque isso era problema dele.

Sua parte do aluguel foi devidamente paga nos dois meses que ficaram devendo e ele não tinha problemas em encontrar um novo apartamento para morar. Talvez ele levasse Pierre com ele caso admitisse que o via como amigo, mas isso era sentimental demais para ele assumir. No entanto, ele desconfiava que Pierro não abandonaria seu irmãos mais velho idiota e imprudente, então Viper não queria sair daquele apartamento a menos que fosse definitivamente obrigado a fazer isso.

A mentira está em meu sangue - Peter ParkerWhere stories live. Discover now