O Poder de um Desejo

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Darya acordou em meio a um amontoado de neve, e para sua surpresa, penas.

Uma pequena ave se encolhia em meio a seu vestido e seus braços. A sua coloração era tão dourada quanto o sol da Corte Diurna.

O pequeno bixinho se encolhia em suas mãos, tremendo com o frio. Parecia não se encaixar na paisagem gélida, e grotesca.

_ Ei pequenino. - sussurrei para o animalzinho que se encolheu - Está com frio... - afirmei, me achando uma estúpida por falar com um ser sem a menor chance de conseguir me responder

O enfiei no espaçoso bolso do vestido velho. Tentando ao máximo não deixá-lo, ou deixa-la, desconfortável. A ave era do tamanho de uma escova de cabelo, seu bico preto como gracha, ficando para fora da abertura do tecido.

_ Fique aí, até eu achar minha... - "casa" era o que eu iria dizer, mas aquela não era minha casa, eu não havia casa a muito tempo - ao lugar em que trabalho. - disse simples, olhado em minha volta, não achando de onde eu havia chegado ontem a tarde

Talvez devesse seguir um caminho aleatório e ver onde vou chegar...

E foi isso que fiz. Peguei um caminho qualquer e segui meu instinto. Com um único pensamento em mente.

Que eu não seja devorada hoje.

Nem nunca.

Não havia como me localizar, o dia nublado, e a neve fina caia por toda parte, eu achei estar andando em círculos. Até ouvir alguns murmurinhos.

Segui até onde escutei os sons abafados. Foram 57 passos. Eu havia contado por algum motivo bobo. A cena a minha frente, me fez sentir o que não sentia a 5 anos.

Um frio na barriga inebriante, e um bile querendo a todo custo subir pela garganta- mesmo eu não tendo comido nada quase um dia.

Machos loiros, de porte e roupas chiques. Arrancavam as asas de duas feericas.

Não apenas duas feericas comuns.

As asas de Nyxis, e Adele.

Eu devo ter feito algum barulho com a boca. Ou pisei em algo. Ou talvez meu coração estivesse batendo rápido demais.
Mas os feericos olharam para mim. Se assustando com minha presença, mas logo colocando um sorriso no rosto.
Um sorriso de pura maldade e malícia.

O mais alto- por milímetros- começou a falar. Uma voz que me irritou e fez meus ouvidos sangrarem. Uma voz que eu lembraria pro resto de minha vida.

_ O que será que temos aqui... - ele farejou o ar, arqueando as sombrancelhas finas logo após - Solária? - ele murmurou para irmão, que o olhou em descrença

Eu não entendi o que ele havia mencionado, mas nao me parecia ser coisa boa.

_ Darya... - o sussurro de Dele me fez fraquejar

Eu precisava fazer algo.
Precisava.
Ao menos uma vez.
Precisava lutar.

Meus olhos queimaram. Como labaredas de fogo. Como um fogueira. Como o próprio sol.

Andei decidida até eles. Sentindo puro poder percorrer minhas veias.

Pela primeira vez. Me sentindo forte.

Tudo foi como um flash. Eu me senti ser guiada por algo até o de cabelos curtos, a minha direta. Ergui as mãos que foram puxadas por alguma presença anormal no ar.

Ondulações douradas o acertaram em cheio, o fazendo voar longe, atravessando um galho de Pinheiro. O macho foi feito de espeto.

O outro macho virou sua atencao para mim, em completo choque, descrente e irado. Raivoso e rosnando, tal qual um lobo olha para sua preza.

Eu não tive tempo de raciocinar o que aconteceu depois. Apenas senti meu rosto todo doer. Gritos ao fundo. E a neve novamente por todo meu corpo.

O pássaro em meu bolso cantou. As fêmeas a minha frente gritaram. E eu cai.
Novamente. Fraca. Eu era uma fraca.

Minha última visão foi a cabeça das duas fêmeas caindo aos meus pés.
E minha consciência se foi... junto as minhas únicas referências de mulheres fortes.

°

Eu sentia todo o meu corpo em completa agonia, incessante. Como se me fincassem com farpas de freixo. Todo o meu corpo não me respondia, mas senti um vento forte bater em meu rosto.

_ Ele acha que foi ela. - disse uma voz grave ao fundo

Um macho.

As ondulações e o balançar do meu corpo, eu devia estar sendo carregada. Pelo... ar ?

Estava voando ?!

_ Eu sei que não foi. Ela não poderia... - um voz chorosa, embargada de choro

Eu não me lembrava de muito. Não sabia onde estava. Nem com quem estava. Meus olhos e corpo não me respondiam, mesmo eu implorando pelo contrário.

_ Poderia ? - a mesma melodia chorosa perguntou

Estavam falando de mim ? Será que me conheciam ? Eu não reconhecia se quer uma voz das que escutei.

Eu me lembrava de neve. Do frio e fome que eu sentia. Me lembrava de sangue, e de clamar a mãe e as estrelas que ele derramasse.

Mas que sangue ? Por quê aqueles pensamentos sórdidos me rodeavam a todo custo?
Por que estará sentido o vento em meus rosto?
E por que parecia que uma culpa imensurável me esmagava aos poucos ?

_ Ela está exalando um sentimento dilacerante Rhys... - um terceiro macho, com a voz baixa e sussurrante, entrou na conversa - Não acho que ela faria isso, mas, em contra mão, ela faria qualquer coisa pra afetar seu pai. - um suspiro me foi ouvido, um suspiro de pura tristeza

A mesma que eu conseguia sentir no peito. Me afundando mais em uma água fria e completamente escura.

O que eu fiz...

_ Ela tem que sair da Corte. Ir pra qualquer lugar. Menos aqui. Menos na minha Corte. - uma sentença de puro poder me foi feita, batimentos rápido me chegou aos ouvidos, mas não eram os meus, eram da pessoa que me carregava

Uma mistura cítrica e amentolada.

_ Tem uma Balsa. Saindo par Hybern agora. - o mesmo macho com a voz sussurrante falou

Aquela foi a última coisa na qual me lembro ter escutado e sentido. Depois disso todo meu corpo se desligou.

°

(Imagem criada por I

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(Imagem criada por I.A)
Nossa querida ave de penas douradas

Corte de Danças e SonsTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang