Quando Peter bateu na porta e esperou que alguém atendesse, demorou mais do que o esperado. Ele precisou bater uma segunda vez, ouvindo as vozes altas e pequenas coisas sendo empurradas. Eles estavam de mudança?

O pânico invadiu o peito de Peter e ele considerou ele mesmo abrir a porta quando ouviu o som dela sendo destrancada. Pierre abriu, não parecendo surpreso em encontrar Peter na frente da porta do apartamento.

- Oi, Peter. - Pierre cumprimentou, olheiras cobrindo seus olhos e roupas amassadas fazendo aparentar que ele dormiu em uma lata ao invés de uma cama. - Eu perguntaria o motivo de você estar aqui, mas... - Um prato voou, sendo lançado com tanta força que Pierre dobrou os joelhos e se agachou a tempo de escapar de ser atingido. O prato estilhaçou contra a parede. Pierre levantou-se, olhando para Peter como se não tivesse quase sido atingido por um prato - Mas acredito que você esteja aqui por Viper, não é?

- O que está acontecendo? - Peter perguntou, olhando por cima do ombro a tempo de ver a prima dos irmãos Martin escapando de um copo voador. - Porque as coisas estão voando?

Pierre olhou para trás, observando o caos se alastrar pelo apartamento como fogo em uma floresta. Ele levou a mão à cabeça e passou os dedos pelas mechas do cabelo ruivo, como se considerasse contar a verdade ou não.

- Aparentemente é algum tipo de maldição, sei lá. Viper disse que é comum isso em Asgard. Alguma coisa mágica. - Pierre parecia cansado, como se estivesse convivendo com pratos e copos voadores há dias. - Uma brincadeira infeliz, devo admitir. Alguém que não gosta de Loki achou que seria legal mandar um objeto mágico para cá.

- E como para isso?

- Eu não sei. - Pierre deu de ombros. - Viper não está falando muito. Ele prefere ficar na cama, deixando as coisas do seu quarto se lançarem pelos ares até acertar a parede mais próxima. Desconfio que só reste seus livros para voarem, mas não sei ao certo. Não quis arriscar entrar lá dentro.

Era estranho pensar em Viper não falando muito, pois ele sempre estava falando. Ele não gostava de ficar em silêncio, havia uma necessidade atrelada dentro dele que o obrigava a falar sobre todos os assuntos que viessem a sua mente durante o dia.

Peter olhou cuidadosamente para dentro, a tempo de ver Jean jogar um garfo dourado e reluzente pela janela. O som do garfo caindo contra uma caçamba foi alto o suficiente para fazer Peter querer se encolher, mas deteve-se ao ver os pratos que restaram no ar caindo no chão. Winter, que estava agachada desde que fugiu de um copo, se lançou para frente e salvou um único prato enquanto os outros se estilhaçaram no chão.

Pierre voltou novamente sua atenção para o apartamento, observando Jean colocar as mãos no quadril e soltar a respiração lentamente.

- Regra nova. - Jean anunciou. - Ninguém mantém um garfo de ouro no apartamento.

- Entendido. - Pierre acenou e voltou-se para Peter. - Problema resolvido. Quer entrar?

Peter observou Jean encará-lo, aquele sentimento ocultado escondido em seus olhos o que fazia Peter perguntar se ele tinha mais coisas para falar a respeito de Viper. Ele não entendia o motivo de Jean ser do jeito que era, mas supôs que não fosse seu problema.

Pierre deu um passo para o lado para que Peter pudesse entrar, evitando pisar nos cacos de vidro que se espalharam pelo carpete como um tapete.

- Olha, eu não sei o que aconteceu entre vocês. - Pierre disse uma vez que fechou a porta e passou o braço ao redor dos ombros de Peter, o levando para corredor. - Mas você precisa pedir desculpas e acabar logo com isso. - Quando entraram no quarto de Pierre, ele trancou a porta. - Loki esteve aqui há dois dias. Viper não quis me contar sobre o que eles conversaram. Ele também não me falou o que aconteceu entre você e ele.

A mentira está em meu sangue - Peter ParkerWhere stories live. Discover now