Capítulo 24

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Caminhar com seu pai ainda tinha a mesma alegria de quando era criança.

Quando menor, sempre que vinha para o parque, chorava por algodão-doce azul, era seu favorito. E mesmo agora, tendo mais de 30 anos, seu pai comprava um algodão-doce azul para ela toda vez que eles vinham. E um para Ethan se estivessem com eles, como está hoje.

Emily sente vontade de chorar toda vez que ele faz isso. Acontece com tudo que ela gosta. Como há um mês, ele foi visitá-la e comprou salgadinho com um sabor que ele ainda não tinha visto. Emily achou uma delícia e na semana seguinte ele chegou lá com uma dúzia deles.

Ele é seu papaizinho e ela a sua caçula. Emily o ama muito e não sabe o que vai fazer se um dia ele inventar que é mortal.

— Pai?

— O que foi? — Emily olhou para ele e pensou "como ele podia ser o melhor homem do mundo?".

Como sua mãe deu tanta sorte?

— Eu te amo tanto. Promete que nunca vai morrer? — Suas palavras foram tão repentinas que ele só pôde meio que rir e ficar muito confuso.

— De onde isso está vindo, Caçula?

— Acho que só estou muito emotiva essa semana.

Ele segurou seu ombro a fazendo parar, Ethan que segurava a outra mão dele também parou. Seu pai a olhava como se a entendesse por completo.

E talvez entendesse mesmo.

— Eu reparei. Você me liga toda manhã para me lembrar de tomar apenas uma xícara de café, com bastante leite. No máximo duas. E praticamente implora para não comer qualquer coisa gordurosa.

— Só estou cuidadando de você.

— Eu sei, amor. Mas você e sua mãe vão acabar me deixando louco. O médico apenas disse que preciso tomar cuidado por causa da idade, que meu coração não é mais tão jovem.

Ele fez carinho no seu cabelo e mais uma vez Emily se sentiu como a menina dos olhos dele, uma garotinha magrela de 6 anos com cabelo ondulado e cheio de frizz.

— Você não pode me deixar em um mundo sozinha com a mamãe, iríamos nos matar.

Ele revirou os olhos e começou a rir.

— Eu não vou morrer.

— Promete? — É, estava mesmo bastante emotiva.

— Prometo.

Mas ele não poderia fazer isso. Não podia prometer. E isso fazia o coração de Emily doer.

— Mentiroso.

Emily estava tão imersa no momento que não viu o que se aproximava, só sentiu o baque contra si que quase a fez cair de bunda.

Logo percebeu que não foi nenhum adolescente que corria sem olhar para onde. Era um cachorro. Um bem feliz em vê-la. Ficava latindo como se falasse "Oi, fala comigo. Oi, eu estou bem aqui na sua frente".

Mesmo não sendo a maior apreciadora de cachorros, Emily reconheceu esse latido mimadinho por atenção.

— Oi, Laica. O que está aprontando, garota?

Ethan também a reconheceu, logo se aproximou para brincar com seu pelo.

Emily olhou ao redor e não encontrou nenhum sinal de Aaron. Será que fugiu dele aqui no parque ou estava perdida mais tempo que isso? Ou podia está com outra pessoa, talvez um passador de cães que Aaron contratou para cuidar dela.

— De quem é esse cachorro? — seu pai perguntou.

Emily não respondeu, apenas pegou o celular e discou o número de Aaron, era só um pouco assustador que sabia o número dele de cor.

A linha tênue entre o amor e o ódioWhere stories live. Discover now