Eu sou a Rainha

A chegada ao reino

Enfim, África!
Um país lindo com contrastes sociais por todos os lugares.
De um lado, belezas e riquezas, do outro, a fome e a pobreza extrema.
O reino de Zuri, ficava em uma parte mais afastada da África, onde as desigualdades sociais eram conbatidas pela rainha todos os dias.

- Pronto, cheguei em Zuri, agora vou ao seu encontro, quero te fazer uma surpresa.

Tayra sempre percorria o reino à cavalo, gostava de manter contato com os seus súditos, era uma rainha popular e amada.
Conversava com todos e sempre ia às feiras livres comprar frutas fresquinhas para a sua mãe. Nem parecia rainha, era uma menina como as outras.

- A rainha de Zuri, muito prazer, sou Endy Richardy, lembra de mim?

Quando Tayra ouviu aquela voz, seu coração acelerou tão forte, que mal conseguiu se controlar ao ver quem tanto amava.

- Endy, você aqui?

- Aqui, e vou esperar todas as suas explicações, você tem dez minutos para isso.

Os dois se olharam fixamente sem que palavra alguma saísse de suas bocas. A vontade de se beijarem era grande, mas como rainha, não ficaria bem.

- Vamos para outro lugar, Endy.

Eles saíram dali e foram para um lugar afastado.

- Tayra, eu só queria saber o por quê?

- Eu não podia te contar, queria que gostasse da Tayra publicitária e não por ser princesa. Eu nunca quis ser princesa e nem rainha.

- Pouco me importa que você seja rainha, princesa ou publicitária, eu gostei de você, do que era para mim.

- Mas agora eu preciso ficar aqui e cuidar do meu reino e você precisa cuidar da sua empresa.

- E o que isso importa? O amor não é maior que qualquer coisa?

Tayra calou-se e se rendeu ao amor. Caiu nos braços de Endy e se beijaram como antes. Os dois se amavam de uma forma intensa, ele era o mesmo, perfeito e apaixonado.
Mas estavam em Zuri, o que iria mudar?

- Vamos, quero que conheça a minha mãe e todo o reino, vou te mostrar tudo.

- Você me ama, Tayra?

- Muito, meu amor, não sabe o quanto sofri. Sinto falta da produtora e daquela correria gostosa.

- Eu sinto falta de você ao meu lado, preciso de você comigo.

Os dois entraram no reino, sob os olhares de todos, afinal de contas, ninguém ali sabia o que viveram em Nova York.

- Por que todos nos olham?

- Porque aqui és diferente, e são todos negros.

- Sou visto como diferente?

- Sim, mas é muito bem vindo.

- Mamãe, esse aqui é o Endy, ele veio de Nova York nos visitar.

- Seja bem vindo à Zuri, é uma honra recebê-lo.

- O prazer é meu, rainha Angelus, é uma felicidade imensa conhecer a Vossa Majestade.

- Mamãe, ele é aquele que te falei.

- Sei, aquele por quem chorava?

- Você chorava por mim?

- Sim, Endy, ela chorava todas as noites.

A rainha era uma mãe maravilhosa e sempre quis ver a filha feliz.

- Vocês tem a minha benção, desejo que sejam felizes, e mostrem ao nosso povo que vocês se amam, que independente de seus mundos e cores, o que deverá prevalecer é o desejo de serem um só.

Tayra nem acreditava que estava com o seu amor em seus braços. Esperou tanto tempo e enfim esse dia chegou.
Passaram a noite juntos, a paixão falou mais alto, se amaram de uma forma linda, quanto desejo sentiam, o calor dos braços de Endy aqueciam os seus corpos, era muita paixão envolvida.

- Eu te amo, não me deixa!

- Nunca mais!

No dia seguinte, foram dar uma volta pelo reino, queriam ver as atitudes do seu povo em relação ao seu amado.
Olhares de espanto eram lançados aos dois, enquanto passeavam de mãos dadas.

- De onde a rainha tirou esse branquelo? O que ele quer aqui entre nós?

- Soube que namoraram, desde que ela foi morar em Nova York.

- Achei que ela fosse namorar com uma pessoa da nossa raça.

- Pois é, o preconceito pelos negros começa da nossa rainha, que escolheu um branco de outro país.

- Eu achei ele lindo, bando de invejosos! O nosso falecido rei sempre nos ensinou que cor é apenas um diferencial, devemos nos amar independente de raça, religião ou qualquer que sejam as diferenças.

- Rainha Tayra, nos apresente seu namorado.

- Olá, esse é o Endy, ele mora em Nova York.

- Achei que a Vossa Majestade iria escolher um africano para se casar.

- Eu não escolhi um país ou uma raça, eu apenas amei, isso não me faz uma pessoa errada.

- Aqui temos negros lindos, como foi o seu pai. Por que mudar a história, rainha?

- Cada um tem a sua história e essa será a minha.

Todos se calaram e os dois seguiram o passeio.

- Nossa, Tayra, quanto preconceito com a minha cor!

- Sofri dessa mesma forma quando cheguei à sua empresa, parece que negros e brancos não podem se misturar. Por que negro tem que namorar outro negro e branco outro da sua cor?

- O amor não é uma cor. Ele é um sentimento, gostei de você desde sempre, pelo que és, minha Tayra.

- Não estou com você por cor, mas por amor.

- Quando as pessoas irão entender o óbvio?

- Talvez nunca! Somos os que servem e vocês os que impõem ordens, foi assim desde os primórdios. Quantos reis, rainhas, príncipes e princesas africanas foram escravizados? O meu povo, a minha cor, sofremos consequências até hoje.

- Verdade! Isso vem de séculos passados. A escravidão marcou a vida de muitos.

- O ódio por uma cor nos diminui, nos machuca, somos todos iguais.

- Eu te amo dessa forma, desse jeito, dessa cor. Você é minha princesa, minha rainha, minha Tayra.

- E você é o meu amor, o meu branquelo. Não existe cor, existe amor.