Nos olhos mortos daquele que perdeu a capacidade de se impressionar
Lancei uma semente tão leve
Que apenas encostou e voou pelas firmes raízes que já o preenchiam
Uma árvore morta, mas inabalávelToda aquela rigidez expelindo o resto da seiva que um dia a sustentou
Tento ao máximo cobrir os cortes
Mas meus esforços são uma ajuda indiferente
Talvez aquele castor fosse mais eficiente
Acabaria logo ou faria contenção?
Conheço a resposta, mas aparentemente é mais fácil acreditar em algo paradoxalCegos olhos negros
Vagam por tantos lugares
Procuram tudo aquilo que falta
Mas mesmo que logo a frente
Não percebem que prestes a perder as pétalas
Uma tímida dália clama por ser vistaNada novo vai despertar do transe
Nem mesmo leveza e preocupação
Um sonho abstrato pode se materializar
E fazer o inexplicável fazer algum sentido
Mas nem isso vai impressionar os olhos negros mortos por uma explosão de vazioEspero que daquela semente possa brotar uma nova dália.