Tudo costumava ser mais encantador
Gostava de olhar a vista e me impressionar a cada momento
Novas descobertas e o entusiasmo da curiosidade
Achava que tinha um propósito e que chegaria onde meus olhos alcançavam no horizonte
Mas com o tempo tudo foi perdendo a cor
Preso nesses mesmos trilhos velhos
Me sufoco com a fumaça do carvão que sou forçado a queimar
Sempre o mesmo trajeto
Num desgastante rangido que abafa qualquer canto
Carregando todo esse peso
Não sobra muita energia para sonhar
E a imaginação já perdeu a capacidade de me arrancar de todo o ferro
Cada vez mais enferrujado
Cada vez mais desgastado
Cada vez mais agonizante
Me pergunto se algum dia vou poder me libertar dos trilhos que me colocaram
Se vou poder andar em lugares diferentes e conhecer coisas novas
O apito me lembra da realidade
Próxima estação: ferro-velho.
